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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

 A História da Pedagogia, do curso de Pedagogia e da Educação no Brasil: a universalização da escola

 fonte:Unopar

O início do século XX assistiu a um movimento educacional intenso, fruto das influências da escola Nova que os educadores de visibilidade tiveram, tais como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e Lourenço Filho. Esse movimento foi parte de um contexto marcado pelo modernismo.

As críticas à escola tradicional se intensificavam e as manifestações por uma modernização dos conteúdos e métodos escolares culminaram na criação da Associação Brasileira de Educação – ABE (1924), formada por intelectuais da educação. Essa Associação teve papel importante na educação dos anos de 1920 e 1930, encabeçando a mobilização de educadores na escrita do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, enviado ao governo no ano de 1932, além de suas Conferências terem influenciado criação do Ministério da Educação e Saúde (1930), no início do Governo Provisório de Getúlio Vargas. Nesse período, tivemos a Reforma denominada Francisco Campos, centrada, principalmente, na expansão do Ensino Secundário.

Tratava-se de um período de abertura democrática, que fermentava o debate educacional, mas que foi interrompido em 1935, com a repressão do segundo governo de Getúlio Vargas, numa ditadura civil, que tentava bloquear qualquer possibilidade de algum tipo de revolução de base socialista. Tal governo reprimiu os educadores, fazendo o debate educacional esfriar.

Entretanto, mesmo em meio a um regime ditatorial:

Criam-se instituições como o INEP (1938), os serviços de rádio, cinema e TV (1937-38), o SENAI (1942) e o SESI (1943). É também o tempo dos decretos-lei que instituíram as Leis Orgânicas do ensino de nível médio: industrial, secundário e comercial (BUFFA e NOSELLA, 2001. p. 96).

As Leis Orgânicas foram fruto das Reformas promovidas por Gustavo Capanema, ministro da educação da época. Se de um lado o governo manteve uma postura centralizadora e ditatorial, por outro se preocupou em resolver a questão que relacionava educação e trabalho, buscando a profissionalização do ensino secundário, principalmente num contexto de industrialização. Observa-se um traço ainda de elitismo e exclusão, porque essa escola profissionalizante se destinava aos que não seriam os administradores do país, mas aos que seriam a mão-de-obra da indústria.

Com uma reabertura política após 1945 e uma nova Constituição Federal promulgada (1946), a educação ganhou força popular e uma ampla discussão acerca da elaboração da Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, que só seria sancionada em 1961. Trata-se de uma época em que a disputa entre católicos e defensores da laicidade lutavam pelo domínio educacional, além da disputa entre instituições educacionais públicas e privadas. Em outras palavras, muitos setores se envolveram na questão, desde os mais conservadores aos mais progressistas.

Além disso, já por volta das décadas de 1950 e 1960, outros movimentos sócio-educacionais vão surgindo “como, por exemplo, o Centro Popular de Cultura (CPC), o Movimento de Educação de Base (MEB), o Movimento de Cultura Popular (MCP)” (BUFFA e NOSELLA, 2001. p. 117). Dentre eles, pode-se destacar as iniciativas de Paulo Freire e a alfabetização de adultos na perspectiva do respeito aos conhecimentos do educando e o aprendizado por meio da conscientização dialogada.

Esse movimento foi freado com o chamado Golpe civil-militar do ano de 1964, quando o debate educacional é mais uma vez silenciado, assim como os próprios movimentos educacionais populares se findam. Entramos num período em que a educação passou a ser vista como um elemento que servia ao capital mundial, haja vista os acordos firmados com os Estados Unidos, chamados acordos MEC-USAID, os quais foram duramente questionados pelo Movimento Estudantil de oposição ao governo.

Vimos no período político militar que a educação passa por reformas, tais como a Reforma Universitária de 1968, a Reforma da LDB com a Lei 5.692 de 1971 (Ensinos de Primeiro e Segundo Graus) e o Mobral. Buscava-se a obrigatoriedade de 8 anos mínimos de estudos, o combate ao analfabetismo e a reorganização do ensino superior. Houve uma expansão quantitativa de educação de Primeiro Grau, mas com baixa qualidade e ensino totalmente tecnicista, o que manteve, inclusive, os índices de analfabetismo altos.

No final do regime político militar, observa-se uma crise inflacionária e de endividamento externo, além das taxas de crescimento econômico diminuir. A oposição cresce e os movimentos educacionais também se fortalecem novamente, por meio de associações e sindicatos.

Após 1985, com a efervescência da elaboração de uma nova Constituição Federal, que seria promulgada em 1988, fala-se também na ideia de se ter uma nova LDB, em meio a um contexto de fortalecimento das instituições democráticas e movimentos sociais e políticos. Essa nova LDB é promulgada em 1996, já a partir de um movimento influenciado pelo Banco Mundial e as politicas públicas globalizadas que se voltam aos mecanismos de avaliação internacional. Isso significa que, se de um lado a LDB traz uma conquista de renovação para novas diretrizes educacionais, por outro representa uma política que se define por índices que devem ser alcançados quantitativamente a qualquer custo. O século XX se encerra com os movimentos para várias diretrizes e parâmetros educacionais que começam a se preocupar com a questão da qualidade, ainda que atrelados ao próprio mercado mundial e que ganham força no século XXI.

Mas e a Pedagogia diante desses movimentos educacionais para a escolarização do século XX? Veja o quadro abaixo para compreender um pouco mais.

Quadro 1: A Pedagogia no Brasil do século XX

 

Retome o que foi estudado neste caminho de aprendizagem a partir da linha do tempo abaixo!

 

Linha do Tempo: A História da Educação Brasileira no século XX.

 

Leitura Complementar

 

Para saber mais sobre a educação do século XX no Brasil, acesse o artigo de Dermeval Saviani, “A escola pública brasileira no longo século XX”. Acesse o arquivo pelo link: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe3/Documentos/Coord/Eixo3/483.pdf

 

 

 

Resumo:

O início do século XX assistiu à criação da Associação Brasileira de Educação – ABE (1924) e à elaboração do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, enviado ao governo no ano de 1932. Tratava-se de um período de abertura democrática, em que fermentava o debate educacional. Viu, em seguida, a criação das Leis Orgânicas que foram fruto das Reformas promovidas por Gustavo Capanema, ministro da educação da época. Se de um lado o governo manteve uma postura centralizadora e ditatorial, por outro se preocupou em resolver a questão que relacionava educação e trabalho.

Com uma reabertura política após 1945 e uma nova Constituição Federal promulgada (1946), a educação ganhou força popular e uma ampla discussão acerca da elaboração da Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, que só seria sancionada em 1961.

Além disso, já por volta das décadas de 1950 e 1960, outros movimentos sócio-educacionais vão surgindo. Dentre eles, pode-se destacar as iniciativas de Paulo Freire e a alfabetização de adultos.

Vimos no período político militar que a educação passa por reformas, tais como a Reforma Universitária de 1968, a Reforma da LDB com a Lei 5.692 de 1971 (Ensinos de Primeiro e Segundo Graus) e o Mobral. Após 1985, com a efervescência da elaboração de uma nova Constituição Federal, que seria promulgada em 1988, fala-se também na ideia de se ter uma nova LDB (promulgada em 1996), em meio a um contexto de fortalecimento das instituições democráticas e movimentos sociais e políticos. O século XX se encerra com os movimentos para várias diretrizes e parâmetros educacionais que começam a se preocupar com a questão da qualidade.

 

Referências Bibliográficas

BUFFA, Ester e NOSELLA, Paolo. A educação negada: introdução ao estudo da educação contemporânea. 3 ed. São Paulo: Editora Cortez, 2001.

SAVIANI, Dermeval. A pedagogia no Brasil: História e Teoria. Campinas – SP: Editora Autores Associados, 2008.

__________. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. 2 ed. Campinas – SP: Editora Autores Associados, 2008.

ROMANELLI, Otaíza. História da Educação no Brasil (1930/1973). 19 ed. Petrópolis – RJ: Editora Vozes, 1997.