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segunda-feira, 20 de agosto de 2012


A equação mais difícil
Mariana Cruz
Aquela história que nossos pais e avós cismam de repetir, de que “no meu tempo era diferente”, às vezes soa como puro saudosismo; outras vezes, serve para mostrar a mudança de costumes e valores de quando eram jovens para os dias de hoje. Muitos aproveitam para alfinetar: “como as coisas pioraram”.
Meu pai, quando lembra seus tempos de escola, foge um pouco da regra. Ele suprime parcialmente a memória afetiva e fala de certos absurdos vividos naquela época. Algumas passagens que hoje em dia seriam caso de polícia e que outrora eram vistas com naturalidade. Como o caso de um colega seu negro, e um dos mais baderneiros da turma. Quando ele exagerava na bagunça, a diretora, sem a menor cerimônia, passava-lhe um duro carão e o chamava de “negrinho”. Não bastasse isso, por vezes complementava a reprimenda dando, pasme cascudos na cabeça do arteiro. Ele, porém, não se sentia nada humilhado com tal agressão (afinal, naqueles tempos, tabefes nos infantes, sobretudo nos atentados, eram considerados corretivos eficazes): assim que a diretora se retirava do recinto, ele começava a praguejar, furioso: “tomara que um avião passe e jogue uma bomba nessa escola”. Era o tempo da Segunda Guerra.
Se a escola de outrora traz essas lastimáveis lembranças – assim como a palmatória, em tempos ainda mais remotos –, tinha também o lado bom: a alta qualidade do ensino e o respeito com que o professor era tratado pelos alunos e pela sociedade. Fico impressionada como meu pai lembra, ainda hoje, de diversos conteúdos aprendidos: de fórmulas matemáticas a acontecimentos históricos, passando por elementos da sintaxe da nossa língua e declinações latinas. Outra coisa que me chama a atenção sobre o alto nível da educação de antes se deve ao fato de meu pai ter sido um rapaz proveniente de família pobre, estudante de uma escola pública – que não era do nível de um Colégio Pedro II, e sim uma simples escola do subúrbio – e, mesmo trabalhando (como não tinha dinheiro, teve que trabalhar quando terminou o Ensino Médio), conseguiu passar no vestibular de Medicina para a então Faculdade Nacional de Medicina. Claro, não tiro o mérito do meu velho, que ainda hoje é muito estudioso e inteligente, mas ele mesmo divide a responsabilidade de seu êxito com a boa base que sua escola lhe deu.
Hoje em dia, vendo meus alunos e ouvindo o relato de meus colegas de trabalho, penso que, se não fossem as cotas para os estudantes de escola pública (não me refiro à meia dúzia de escolas públicas top de linha como o Pedro II, os colégios de Aplicação e as escolas técnicas, que estão entre as mais bem colocadas do Enem), muitos deles encontrariam sérias dificuldades para passar para uma universidade pública de medicina. Não penso que isso seja por incompetência deles – alguns, inclusive, são bastante inteligentes –, mas pelas lacunas deixadas pela educação que tiveram. Há uns dois ou três anos, por exemplo, dei aula para uma turma que ficou o ano inteiro sem aula de Química e meio ano sem aula de Biologia. Assim, por mais inteligentes que alguns possam ser, fica difícil passar em um vestibular concorrido, que tenha um grau de exigência maior em tais disciplinas.
Nestes anos de magistério presenciei muita coisa: carência de professores, salas sem porta e com as paredes riscadas, cadeiras quebradas, professores faltosos, alunos desinteressados com seus fones de ouvido com volume nas alturas, lousas pichadas, professor ofendendo aluno, aluno ofendendo professor, entre outros absurdos. Alega-se que, com a aprovação automática, muitos alunos não se esforçam nos estudos, pois sabem que vão passar de ano anyway; por outro lado, se não fosse esse sistema, muitos desistiriam na primeira repetência. Como resolver tal teorema? Dou aula para o Ensino Médio e, apesar de não ser professora de Português, não posso deixar de corrigir quando um aluno me entrega um texto com grafias como “derrepente”, “porisso”, “quiz”, “oque” Com falhas desse nível, fica difícil tirar uma nota realmente boa numa redação de vestibular.
No tempo do meu pai, as escolas não tinham ar-condicionado, nem sala de vídeo, nem computador. Acho bom que tenha tudo isso, mas é mais fundamental que as escolas tenham professores e que eles sejam mais valorizados. Antes, o professor era reverenciado: todos os alunos se levantavam quando ele adentrava a sala de aula e só se sentavam quando ele mandava. Os professores iam de terno e gravata e as mulheres de salto alto, vestiam-se como os executivos atuais. O professor não precisava implorar por silêncio, pedir repetidamente para o para o aluno sentar, tirar o boné. Por outro lado, eu, como professora, tento ter uma relação tranquila com os estudantes e entendo que os jovens de hoje são mais contestadores – o que é bom, não é como as ovelhinhas reprimidas de outrora. E faz parte desta fase da vida testar os próprios limites e o dos outros; além disso, muitos têm necessidade de se autoafirmar. Nesse afã de ser aceito, por vezes ultrapassam os limites: confunde liberdade com zoeira, amizade com intimidade – exageros de que nem mesmo os adultos estão livres. Difícil saber definir essa linha.
Se antes o salário de um professor era alto o suficiente para que ele não fosse obrigado a trabalhar em cinco escolas e, com isso, tivesse mais tempo para preparar aulas, pedir trabalhos mais elaborados e estudar, talvez muitos alunos de escolas públicas pudesse disputar em condições de igualdade o ingresso numa faculdade concorrida.
Escuto muitos professores dizendo que os alunos “não sabem nada”, sobretudo os docentes da área de exatas, cuja matéria é toda encadeada e necessita de uma base sólida para aprender os novos conteúdos. Vejo que essa falta de fundamento faz com que muitos alunos terminem o terceiro ano do Ensino Médio sem saber fazer sequer uma equação de segundo grau nem diferenciar advérbio de adjetivo. Da parte dos estudantes, escuto reclamações de que alguns professores não ensinam direito, faltam, chegam atrasados. Afinal, de quem é a culpa: dos jovens que colocam os pés em cima da mesa ou dos salários abaixo da média?
Tal descaso com a educação faz com que uma coisa puxe a outra: muitas vezes escutei alunos, reclamarem, principalmente nos últimos tempos de sexta-feira: “pô, professora, você não falta, que saco!”. É a cultura do “sair mais cedo”; mas foram eles que inventaram isso? Ou foram se adaptando à carência constante de professores? O jogo é tão confuso que professores e alunos, ora apontados como vilões são na realidade verdadeiros heróis: o que dizer do professor que dá aula em diversas escolas prepara as aulas com esmero, estuda, fica até de madrugada corrigindo trabalhos e preparando apostilas? E do aluno que acorda às cinco da manhã, pega o ônibus cheio – que muitas vezes nem para no ponto –, às sete da manhã já está dentro de sala mesmo cansado (muitos trabalham na parte da tarde), mas não deixam de ir, dia após dia, mesmo que tenham um ou dois tempos de aula?
Na situação em que a escola pública se encontra como resolver a equação?
Publicado em 14 de agosto de 2012

sábado, 11 de agosto de 2012




Música ao Longe - Érico Veríssimo


A história é construída do ponto de vista da jovem Clarissa, personagem de romance homônimo do autor. Seu diário delineia um mundo interior emocionado e inquieto, oposto à monotonia e à decadência no mundo exterior. Agora com 16 anos e professora em Jacarecanga, vive com a família que, de origem rica, está em declínio. Em meio à monotonia da cidadezinha do interior gaúcho e da tristeza pela dissolução de sua família, a jovem sonha com um acontecimento extraordinário. Este será através de sua aproximação crescente com o esquivo, agressivo e misterioso Vasco, que a desperta para o amor. Neste romance, que mereceu em 1935 o "Prêmio Machado de Assis", através de suas impressões vamos conhecendo as outras personagens: João de Deus, estancieiro arruinado; Jovino e Amâncio, ambos em dificuldades financeiras, dominados pelo vício; D. Zezé, uma velhinha que vive voltada para o passado; Cleonice e Pio, noivos há doze anos; Seu Leocádio, o velhote dos mistérios, dono do único telescópio que existe em Jacarecanga, charadista, poeta, músico e entendido em almanaques. Outras personagens desfilam, destacando-se entre elas Vasco, rapaz de aspecto selvagem, primo de Clarissa. O que vemos nessas páginas é a vida duma cidade do interior do Rio Grande desfilar em câmera lenta diante de nossos olhos. A história é escrita com simplicidade de linguagem e de construção. Faz parte da série de romances onde vemos Clarissa, Caminhos Cruzados e Um Lugar ao Sol. Música ao Longe ocupa um lugar definitivo na literatura brasileira e é uma dessas obras inteiramente realizadas, que tanto são lidas pelo seu valor intrínseco como pelo justo renome que possuem.
Fonte(s):

Música ao Longe – Érico Veríssimo É uma continuação do romance Clarissa. Clarissa tem medo da velhice diante da vida que passa e o seu mistério. As pessoas também vão passando, isto é morrendo. O casarão passa de mãos em mãos. Clarissa  é professora e quer segurar a sua juventude enquanto pensa também em seus alunos, que amanhã serão homens feitos. Nada é definitivo.
Os senhores de Jacarecanga, são substituídos, política e socialmente, por um grupo de imigrantes sem passado e sem tradição. O romance narra a decadência lenta e definitiva do antigo patriarcado social rio-grandense.
A vida de Clarissa em Jacarecanga é monótona. Em casa com os seus, as conversas são corriqueiras, falam do dia-a-dia e sobre até as pessoas que já morreram Sem que Clarissa saiba exatamente por que, seus olhos ao menor ruído se erguem de repente e se fixam na porta, como se estivessem esperando a entrada de alguém.
O serão se prolonga. Nada de interessante ou diferente acontece. Clarissa olha para as páginas da revista que tem nas mãos, olha, mas não enxerga. Só folheia à toa. Um ruído... E seus olhos se erguem para a porta. Fecha a revista, levanta-se, pede bênção aos pais, dá boa-noite aos outros e sobe para o quarto, calada, com medo até de pensar.
No quarto há um luar fresco de setembro, com perfume de madressilva e de junquilhos. Clarissa fecha a porta e vai até a janela, percebe a lua-cheia sobre Jacarecanga. A rua quieta. Uma corneta tocando longe, num quartel. A presença silenciosa das estrelas. Cachorros uivando. Galos cantando.

De família abastada que se arruinou, Érico Veríssimo era filho do farmacêutico Sebastião Veríssimo da Fonseca (1880-1935) e da dona de casa Abegahy Lopes (dita "dona Bega"). Tinha um irmão mais novo, Ênio (1907), e uma irmã adotiva, Maria. Quando tinha quatro anos de idade, Érico Veríssimo ficou gravemente doente e, após ser levado a vários médicos, foi finalmente diagnosticado com meningite complicada com broncopneumonia pelo médico Olinto de Oliveira, cujo tratamento salvou sua vida. Durante sua infância, estudou no Colégio Venâncio Aires, em Cruz Alta, onde foi um aluno comportado e quieto, frequentava o cinema e observava o pai trabalhando. Por volta de 1914, com quase dez anos, Érico criou uma "revista", Caricatura, na qual fazia desenhos e escrevia pequenas notas.
Aos treze anos, Érico já lia autores nacionais, como Aluísio Azevedo e Joaquim Manoel de Macedo, e estrangeiros, como Walter Scott, Émile Zola e Fiódor Dostoiévski. Em 1920, ele foi matriculado no extinto Colégio Cruzeiro do Sul (hoje Colégio IPA), um internato de orientação protestante de Porto Alegre, deixando sua namorada Vânia em Cruz Alta. No novo colégio, Veríssimo foi por muito tempo o primeiro de sua classe, embora tivesse aversão à matemática. Em seu último ano letivo, o jovem Érico chegou a sofrer de claustrofobia e de pesadelos.Em dezembro de 1922, terminados os estudos de Veríssimo, seus pais se separaram; as diferenças do casal eram notáveis: Sebastião era um homem gastador e mulherengo e dona Bega, uma mulher econômica e mais reclusa. Érico, sua mãe e seus irmãos passaram então a morar na casa dos avós maternos. Deprimido e endividado, o pai perdeu a propriedade da farmácia. No ano seguinte, Érico empregou-se como balconista no armazém do tio Américo Lopes e, depois, no Banco Nacional do Comércio. Durante esse tempo, transcrevia obras de Euclides da Cunha e de Machado de Assis, dentre outros escritores, e tomou gosto pela música lírica. Também aprofundou mais ainda a leitura de escritores nacionais e estrangeiros.Em 1924, para que o irmão Ênio pudesse frequentar o ginásio, a família mudou-se para a capital gaúcha, mas retornou a Cruz Alta após um ano de extrema dificuldade financeira. Em 1926, Érico se tornou sócio da Farmácia Central, junto com um amigo de seu pai, mas o novo empreendimento faliu em 1930, deixando uma dívida que só conseguiria liquidar dezessete anos depois. Além de farmacêutico, Érico também trabalhou como professor de literatura e língua inglesa à época.
Em 1927, Veríssimo conheceu sua futura esposa, Mafalda Halfen Volpe, então com quinze anos, e os dois ficaram noivos em 1929. Nesse mesmo ano, publicou-se o primeiro texto de Veríssimo: Chico: um Conto de Natal, na revista mensal "Cruz Alta em Revista". Em seguida, seu amigo Manuelito de Ornelas enviou os contos Ladrão de Gado e A Tragédia dum Homem Gordo à revista do Globo. E o jornal Correio do Povo publicou o conto A Lâmpada Mágica.[1]
[editar] Década de 1930
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Livraria e Editora Globo em Porto Alegre, onde Érico trabalhou e publicou suas obras.
Em uma manhã de outubro de 1930, Érico despediu-se de seu pai Sebastião, que, engajado na Revolução de 1930, resolveu mudar-se para Santa Catarina. Foi a última vez que se viram.
Desempregado após a falência de sua farmácia, Érico mudou-se novamente para Porto Alegre, em dezembro de 1930, disposto a viver de seus escritos. Mafalda, sua noiva, permaneceu em Cruz Alta. Veríssimo então foi contratado como secretário de redação da Revista do Globo e, em seu tempo livre, encontrava-se com intelectuais da época, como Mário Quintana e Augusto Meyer, no bar Antonello, no centro da capital.
Em 1931, Érico regressa a Cruz Alta, para se casar com Mafalda Volpe, e os dois passam a morar em Porto Alegre, onde Érico havia obtido certa estabilidade financeira. Eles tiveram dois filhos: Clarissa Verissimo (1935) e o também escritor Luis Fernando Verissimo (1936). O casamento deles foi bastante feliz, e Érico escreveu mais tarde que, sem a paciência e o bom-senso da esposa, sua carreira de escritor teria sido impossível.
Para complementar o orçamento da Revista do Globo, Veríssimo começou a traduzir livros do inglês para o português. A primeira tradução foi da obra O Sineiro (The Ringer), de Edgar Wallace. Além de traduzir, passou a colaborar para as edições dominicais dos jornais Diário de Notícias e Correio do Povo. Promovido a diretor da Revista do Globo em 1932, Érico começou a indicar mais livros estrangeiros para tradução e publicação. No mesmo ano, ele publica sua obra de estreia, Fantoches, uma coletânea de contos, em sua maioria na forma de pequenas peças de teatro. Contudo, as vendas do livro não foram boas, e um incêndio destruiu o local ondem estavam armazenados os exemplares restantes.
Em 1933, Érico Veríssimo traduziu o célebre livro Contraponto (Point Counter Point), de Aldous Huxley, e publicou seu primeiro romance: Clarissa, cujos sete mil exemplares foram vendidos em cinco anos. Seu segundo romance, Caminhos Cruzados, publicados em 1935, chegou a ser considerado subversivo pela Igreja Católica e pelo Departamento de Ordem Pública e Social, levando Érico a ser interrogado pela polícia a respeito de sua orientação política.
Em 1936, Érico publicou dois romances que foram continuações de Clarissa: Música ao Longe, pelo qual ganhou o Prêmio Machado de Assis, e Um Lugar ao Sol. Além disso, ele criou, na Rádio Farroupilha, um programa infantil, O Clube dos Três Porquinhos, que saiu do ar quando o Estado Novo estava prestes a submetê-lo ao departamento de censura.
Em 1938, Érico Veríssimo publicou sua primeira obra de repercussão nacional e internacional, Olhai os Lírios do Campo, que foi traduzido do inglês ao indonésio.
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Posso afirmar que só depois do aparecimento de Olhai os Lírios do Campo é que pude fazer profissão da literatura.
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Érico Veríssimo
Érico então assumiu a função de conselheiro literário da Editora do Globo, selecionando, ao lado de Henrique Bertaso, mais escritores estrangeiros (Thomas Mann, Virginia Woolf, Balzac, entre outros) para serem traduzidos e participando da criação as coleções Nobel e Biblioteca do Século, que foram grande sucesso.
[editar] Década de 1940
Em 1940, depois do sucesso Olhai os Lírios do Campo, Érico Veríssimo publicou Saga, considerado pelo próprio autor como seu pior romance.
Em 1941, Érico Veríssimo morou por três meses nos Estados Unidos da América para proferir conferências, em uma estada financiada pelo Departamento de Estado como parte da Política da Boa Vizinhança, do governo de Franklin Roosevelt. De volta ao Brasil, ele presenciou um incidente real que o inspirou a escrever seu livro seguinte: em um passeio pela Rua da Praia com seu irmão, Érico testemunhou a queda de uma mulher do alto de um prédio. Dois anos depois, publicou o romance O Resto É Silêncio, cuja ponte de partida é o suicídio de uma mulher que se atira de um edifício. O livro recebeu fortes críticas do clero.
Em 1943, ele se mudou com a família para os Estados Unidos novamente a convite do Departamento de Estado, desta vez para uma estada de dois anos, durante os quais ministrou aulas de Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia em Berkeley. Sobre essas viagens ao exterior, Érico escreveu dois livros: Gato preto em campo de neve (1941) e A volta do gato preto (1947). Érico também aceitara o convite de trabalhar nos Estados Unidos porque discordava das políticas da ditadura de Getúlio Vargas.
Foi a partir 1947 que Érico Veríssimo começou a escrever sua obra-prima, a trilogia O Tempo e o Vento. A ideia inicial do escritor era reunir duzentos anos da história do Rio Grande do Sul (1745 a 1945) em um único volume; todavia, no final, ele escreveu três volumes, totalizando 2,2 mil páginas. O primeiro volume, O Continente, foi publicado em 1949 e marca o momento mais importante da carreira de Veríssimo. De O Continente saíram alguns personagens primordiais e bastante populares entre seus leitores, como Ana Terra e o Capitão Rodrigo Cambará.
[editar] Década de 1950
Em 1950, na praia de Torres, Érico Veríssimo começou a escrever o segundo volume de O Tempo e o Vento, intitulado O Retrato, publicado no ano seguinte. Foi descrito por Érico como literariamente inferior ao O Continente. Em 1952, novamente em Torres, Érico tentou escrever o terceiro e último volume da trilogia, mas acaba publicando Noite em 1954, que faz mais sucesso no exterior. No mesmo ano, é agraciado com o prêmio Machado de Assis, pela Academia Brasileira de Letras.
Entre 1953 e 1956, Érico voltou a residir nos Estados Unidos, para assumir a direção do Departamento de Assuntos Culturais da Organização dos Estados Americanos, em Washington. Neste cargo, ele havia sucedido a Alceu Amoroso Lima. Nessa época, tentou de novo escrever a última parte de O Tempo e o Vento, sem sucesso. Antes de embarcar ao Brasil, Érico recebe a notícia de que sua filha está noiva de um americano, David Jaffe. Clarissa e David deram três netos a Veríssimo.
Em 1957, em Porto Alegre, Érico tenta mais uma vez escrever o último volume de O Tempo e o Vento, chamado O Arquipélago, mas acaba dando início a México, narrando sua viagem àquele país. Outra tentativa de finalizar O Arquipélago ocorre em janeiro de 1958, infrutífera. Em abril do mesmo ano, ele relata ter sentido algum problema no coração.
[editar] Década de 1960 e 1970
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Pôster de Érico Veríssimo em seus últimos anos.
Em 1961, Érico sofreu seu primeiro infarto do miocárdio. Após um repouso absoluto, volta a trabalhar no Arquipélago. Quando decide viajar à Grécia com a esposa em 1962, Érico entrega O Arquipélago pronto para ser publicado. No dia 12 de outubro de 1963, vítima de câncer de pulmão, faleceu a mãe de Érico, aos setenta e oito anos. No ano seguinte, Luis Fernando Veríssimo, inesperadamente, casou-se com Lúcia Helena Massa, e eles também deram três netos a Veríssimo.
Em 1965, Érico publicou o romance O Senhor Embaixador, no qual refletia sobre os descaminhos da América Latina. Ganhou então o Prêmio Jabuti, na categoria romance, da Câmara Brasileira de Livros. Publica sua autobiografia em 1966, O Escritor diante do Espelho, que é ampliada mais tarde.
No romance Incidente em Antares, de 1971, Érico traçou um apanhado da história do Brasil desde os primeiros tempos e enveredou pelo fantástico, com uma rebelião de cadáveres durante uma greve de coveiros na fictícia cidade de Antares. Em 1972, na comemoração dos quarenta anos de lançamento de seu primeiro livro, Érico relançou Fantoches, com desenhos e notas de sua autoria.
Em 1973, publica o primeiro volume de Solo de Clarineta, sua segunda e ampliada autobiografia. O enfarte que vitimou Veríssimo em novembro de 1975 impediu-o de completar o segundo volume de sua autobiografia, programada para ser uma trilogia, além de um romance que se chamaria A Hora do Sétimo Anjo. No ano seguinte, foi publicado postumamente o segundo volume de Solo de Clarineta, organizado por Flávio Loureiro Chaves.
Os Albuquerques orgulham-se de terem recepcionado o imperador D. Pedro II numa suposta visita do monarca ao município; de terem sido donos da maior estância das redondezas e de terem servido como benfeitores da população. Mas na década de 30, atolados em dívidas, lutam para não perder o último casarão familiar.
Produzido em apenas 20 dias, Música ao Longe foi um livro escrito especialmente para concorrer ao Prêmio Literário Machado de Assis, divulgado em 1934, e do qual a obra em questão foi tida vencedora. Apesar disso - ou talvez por isso mesmo - Erico Veríssimo diz no prefácio do livro que considera este um trabalho "medíocre". Não se trata de novidade: Veríssimo é conhecido pela curiosa e cômica característica de desprezar o próprio trabalho (nem o clássico Olhai os Lírios do Campo saiu ileso de sua impiedosa autocrítica). Para algumas pessoas, isso pode até soar como falsa modéstia por parte de Erico. Mas eu acredito que não seja. Ele não é desse tipo de gente. Suas autopunições são bem sinceras.