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domingo, 31 de agosto de 2014

The Adventures of Gulliver

As aventuras de Gulliver (The adventures of Gulliver no original, (em inglês)) é um desenho animado produzido pela Hanna-Barbera, criado em 1968. O desenho é baseado no romance As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift. Foram 17 episódios no total, fazendo parte do show dos Banana Splits.



História

Na busca pelo pai, Gary Gulliver e seu cão Tagg acabam naufragando em uma ilha. Nesta ilha existe o reino de Lilliput, onde seus habitantes tem uma altura diminuta, de apenas alguns centímetros. Gulliver e seu cão são aprisionados pelos Lilliputianos, logo após o naufrágio, mas logo acabam se tornando ótimos amigos. Com a ajuda do povo de Lilliput, Gulliver continua sua busca pelo pai e de um tesouro, usando um mapa que seu pai lhe deu. O tesouro também está sendo procurado pelo malvado Capitão Leech que, sempre tenta roubar o mapa de Gulliver.

Personagens

Gary Gulliver

·         Capitão Leech
·         Tagg (cachorro de Gulliver)
·         Thomas Gulliver (pai de Gulliver)
·         Rei de Lilliput
·         Egger
·         Bunko
·         Soturno (Glumm, no original)
·         Flirtácia

Episódios

1
"Dangerous Journey"
2
"The Valley Of Time"
3
"The Capture"
4
"The Tiny Viking"
5
"The Forbidden Pool"
6
"The Perils Of The Lilliputs"
7
"Exit Leech"
8
"Hurricane Island"
9
"Mysterious Forest"
10
"Little Man Of The Year"
11
"The Rescue"
12
"The Dark Sleep"
13
"The Runaway"
14
"The Masquerade"
15
"The Missing Crown"
16
"Gulliver's Challenge"
17
"The Hero"

Resumo do livro

Romance inglês com descrições muito verossímeis sobre os mais absurdos lugares. Tudo regado com muitas e muitas sátiras. Ao contrário do que muitos pensam, Lemuel Gulliver não viajou apenas para a terra dos pequenos, Liliput (onde há a famosa discussão com o povo de Blefuscu sobre qual é o lado mais fácil de quebrar um ovo), além de ser o lugar onde Gulliver torna-se o bombeiro mais não convecional do mundo. Tampouco viajou somente para a terra dos gigantes (Brobdingnag). Ele visitou diversos outros lugares imaginários ainda mais interessantes. 

Um desses lugares é Laputa. Laputa é uma ilha voadora cujo povo só se interessa pela matemática e pela música (acho que eu conheço um quase laputiano 
Depois Gulliver segue para a capital da ilha de Balnibarbi chamada de Lagado. Nessa cidade existe uma academia, no qual são pesquisadas as coisas mais loucas do mundo (como máquina que transforma dejetos humanos(A.K.A coco) em comida de novo!). Devido ao exagerado investimento em pesquisa, a população vive num estado de muita pobreza. (...)


Comentários:

O livro conta a incrível história de Lemuel Gulliver. Com o naufrágio de seu navio por uma tempestade, ele é arrastado a Lilliput, uma ilha cujos habitantes eram extremamente pequenos e estavam permanentemente em estado de guerra por absurdas futilidades. Os lilliputianos, para Swift, eram a mais pura representação da realidade inglesa e francesa à sua época.


 No segundo capítulo, em oposição a Liliput, Gulliver conhece Brobdingnag, uma terra de Gigantes. Nessa representação da sociedade inglesa, Swift critica a mediocridade da sociedade inglesa diante da sua pretensa "grandeza".


A VERDADEIRA HISTÓRIA POR TRÁS DO LIVRO AS VIAGENS DE GULLIVER


Uma das maiores mostras da prosa satírica, o clássico de Jonathan Swift revela um autor enfurecido com o homem e a sua maneira de se organizar em sociedade


Único sobrevivente de um naufrágio, o médico Lemuel Gulliver consegue alcançar uma praia desconhecida. Exausto, desaba e adormece. Ao acordar, se vê amarrado até os cabelos ao chão e é surpreendido por um homenzinho de menos de 16 cm que, do alto de seu queixo, empunha um arco e flecha. Logo, está na mira de dezenas, centenas de criaturinhas nervosas. O primeiro encontro entre o cirurgião aventureiro e os habitantes de Lilipute é mais do que conhecido. Mas suas viagens o levarão ainda a outras terras tão ou mais estranhas, numa saga que se tornou um texto essencial da literatura infanto-juvenil. Antes de seguir adiante, porém, é bom corrigir esse que é um dos maiores equívocos sobre o clássico do irlandês Jonathan Swift: rabugento convicto, dizia não suportar as crianças. Não queria, portanto, escrever para elas. Em carta ao amigo e poeta Alexander Pope, afirmou que pretendia com a obra agredir o mundo, e não diverti-lo.

 Tom fabulesco e prosa deliciosa garantem fãs de todas as idades e o sucesso desde a primeira edição (Imagem: Wikimedia Commons)

Ao publicar o livro, em 1726, sob o título Viagens em Diversos Países Remotos do Mundo em Quatro Partes, por Lemuel Gulliver, a Princípio Cirurgião e, Depois, Capitão de Vários Navios, queria, sim, por meio da sátira e ironia afiadas, criar um retrato da natureza humana e atacar sua mesquinhez. Na voz do médico (a quem faltavam pacientes e sobravam vontade de viajar e desânimo com a vida londrina), Swift faz uma dura crítica a formas de pensar e à organização de países, religiões e grupos sociais. O tom fabulesco e a prosa deliciosa, porém, garantiram fãs de todas as idades e o sucesso desde a primeira edição.



Na primeira escala em Lilipute (As Viagens se divide em quatro livros), o aventureiro compartilha suas impressões sobre o povo minúsculo e feroz, que se opõe em dois partidos e resolve suas divergências em disputas. A etapa seguinte leva Gulliver à terra de Brobdingnag, onde ele se vê na situação inversa, numa terra de gigantes 12 vezes maiores que ele. Vivem aparentemente em paz - governados por reis contrários à violência -, mas imersos na soberba. Na terceira parada, o médico alcança a ilha flutuante de Laputa, onde muito se pensa e pouco se realiza.

Sua última viagem o conduz ao país dos houyhnhnms (Estes, ao que parece, representam seus ideais iluministas da verdade e da razão. Swift, através de Gulliver e suas aventuras por lugares desconhecidos e mares nunca navegados, satiriza o homem, apontando vícios, deformações, propensões censuráveis e imperfeições imperdoáveis da raça humana.)- cavalos inteligentes e virtuosos que convivem com os rudes, grosseiros e desleixados yahoos, seres humanos usados como serviçais, na terra mais exemplar encontrada por Gulliver. A rota completa incluiu outros países de nomes estranhos (como Luggnagg e Glubbdubdrib) e até o Japão, onde o cirurgião explica aos habitantes e líderes locais como as coisas funcionam na Europa - sobretudo na Inglaterra.


A forma de contar esse enredo, cuja veracidade é sempre destacada pelo narrador, acaba por ser uma paródia ao estilo literário em alta na época: os relatos de viagem. O inglês Daniel Defoe publicara em 1719 Aventuras de Robinson Crusoé com grande sucesso. "A Inglaterra ainda vivia um processo de expansão marítima e novas descobertas. Destacava-se o exotismo, as diferenças entre os britânicos e os nativos dessas terras", diz Sandra Vasconcelos, professora de literatura da USP. "Swift usa esse aparato ficcional, então muito popular, para atingir outro objetivo: a sátira, que também tinha forte presença na literatura inglesa e nos trabalhos do autor".

Politicamente incorreto

Se Defoe (com a superação do náufrago Crusoé e outros textos) transborda otimismo, o colega irlandês é bem mais cético em relação às habilidades humanas. "Matem todas as crianças da Irlanda", sugeriu Swift no texto de 1729 Uma Modesta Proposta - Para Impedir que os Filhos das Pessoas Pobres da Irlanda Sejam um Fardo para os seus Progenitores ou para o País, e para Torná-los Proveitosos ao Interesse Público. Foi impulsionado, mais uma vez, pelo inconformismo em relação à "burrice" do homem civilizado, principalmente com a política inglesa, responsável pela colonização, que deixara irlandeses agora colhendo as consequências da miséria, falta de comida e trabalho, imigrando para os Estados Unidos. Fiel ao próprio estilo, o autor recomendava aos ingleses que garantissem a amamentação dos bebês até o primeiro ano de vida, de forma que, gordinhos, fossem servidos como aperitivo no jantar. Seria melhor opção do que deixar que "virassem ladrões" por falta de trabalho. Para impedir a extinção dos irlandeses, ele sugere que 20 mil crianças fossem reservadas para a procriação no futuro. Para o escritor francês André Breton, um dos fundadores do movimento surrealista, no século 20, Swift foi precursor do humor negro na literatura.

Jonathan Swift nasceu em Dublin, em 1667, filho de uma inglesa radicada na Irlanda que ficou viúva antes de dar à luz. Abigail Erick custeou os estudos do filho com a ajuda dos cunhados. Ele se formou bacharel em artes e foi morar em Londres, onde tornou-se secretário do diplomata sir William Temple, parente distante de sua mãe. Com o apoio dele, Swift fez o mestrado em Oxford e, ordenado padre em 1695, foi indicado cônego da igreja anglicana em Kilroot, Irlanda.

Em meados do século 17, a política inglesa estava dividida entre dois grandes grupos: os whigs (liberais, que resistiam à ascensão de um rei católico) e os tories (conservadores e defensores do direito divino ao trono). Em 1685, o católico James II foi coroado. Sob forte pressão, acaba destituído pouco depois pela filha protestante e pelo genro Guilherme III. Essa disputa divide também os intelectuais. Swift costumava ser identificado com os whigs, mas sob o governo da rainha Ana se aproxima dos tories. O autor começou escrevendo poemas. Só no início do século 18, dedica-se à prosa satírica, assinando suas obras, em geral, como Isaac Bickerstaff. Apesar de ser associado a um ou outro partido, ele se dizia contrário a várias características da prática política e se revelava cético sobre a sociedade setecentista. "No fim do século 17, o poder real deixa de ser absoluto na Inglaterra, que passa a ser uma monarquia constitucional de parlamento forte. Swift explora isso nas Viagens, mas não toma partido", diz Sandra.

Rato na toca

Ele acaba pagando um preço pelos textos irônicos. Em 1713, sob um governo tory, perde um importante cargo: em vez de conseguir a Sé de Hereford, na Inglaterra, é indicado como deão da Catedral de São Patrício, em Dublin. Swift ofende-se com a nomeação, mas crê que o melhor a fazer é retornar à Irlanda, onde diz se sentir como um "rato entocado".

Por mais que tivesse sua própria visão política - sob forte influência do racionalismo e da moral anglicana conservadora -, ao escrever sua maior obra preferiu recorrer a terras fantasiosas, comparando as atitudes de seus habitantes com a sociedade europeia e a política inglesa. Gulliver aprende sobre cada lugar por onde passa, mas no cenário mais "evoluído" que encontra (com os cavalos virtuosos) acaba sendo renegado, pois se parece com a casta inferior, a dos humanos. Ele então abandona os mares e retoma sua vida solitária.

Os anos derradeiros de Swift também foram de reclusão. Seguiu escrevendo ensaios satíricos. Estava convencido de que a estupidez humana estava por trás de todos os males sociais. Por causa disso, chegou a desejar a loucura, que o ajudaria a "esquecer a idiotice". Em 1736, ironicamente, adoece, fica surdo e é diagnosticado como louco. Hoje se entende que ele tenha sofrido de Alzheimer ou da síndrome de Ménière, que afeta o equilíbrio e a audição. Internado num asilo, para o qual doaria quase toda a sua herança, serviu de atração para curiosos (devido à sua doença, e não à sua obra). Foi sua última viagem. Morreu em 1745.

Novos mundos

Os principais destinos de Gulliver

Lilipute

Os liliputianos são 12 vezes menores que os humanos. Agressivos, estão sempre às voltas com conflitos e lutam contra a ilha vizinha, Blefescu. Gulliver ajuda Lilipute na guerra, mas seus pontos de vista causam revolta. É condenado à cegueira, porém foge antes da punição. O livro I é comparado ao racha entre tories e whigs.

Brobdingnag

Os gigantes que habitam o país parecem repugnantes para Gulliver. Após servir de brinquedo e atração para os nativos, tem longas conversas com o rei e o acha ignorante. Entretanto, chega a ter vontade de viver naquela terra pacífica, de governo racional e organização simples, retratada no livro II.

Laputa

Numa crítica à nova ciência da época, Gulliver chega à ilha flutuante, onde o conhecimento se concentra na teoria e não chega à prática. Os sábios são incapazes de se organizar, resolver questões do cotidiano ou desfrutar de prazeres e distrações comuns. A academia local é uma referência à Royal Society, fundada em 1660.

Houyhnhnm

Numa crítica à nova ciência da época, Gulliver chega à ilha flutuante, onde o conhecimento se concentra na teoria e não chega à prática. Os sábios são incapazes de se organizar, resolver questões do cotidiano ou desfrutar de prazeres e distrações comuns. A academia local é uma referência à Royal Society, fundada em 1660. Fred Linardi  (Revista Aventuras na História, fevereiro de 2011).


Na ilha flutuante de Laputa, Swift critica o governo inglês na Irlanda e faz uma condenação feroz ao pensamento cientifico que não tem preocupações com a melhoria da sociedade e não traz benefício algum para a humanidade.



Sua derradeira obra, chamada A Conversação Polida, escrita em 1738, é o resultado de anos de observação e pesquisa. Desmascara neste ensaio o discurso frívolo dos ingleses, das banalidades e incorreções que levam-no ao ridículo. 

Em 19 de outubro de 1745, surdo e louco, morre Jonathan Swift, em Dublin. No epitáfio escrito por ele mesmo em latim consta: Aqui jaz o corpo de Jonathan Swift, doutor em Teologia e deão desta catedral, onde a colérica indignação não poderá mais dilacerar-lhe o coração. Segue, passante, e imita, se puderes, esse que se consumiu até o extremo pela causa da Liberdade".

Fonte 

http://rebobinandomemoria.blogspot.com.br/2012/08/a-verdadeira-historia-por-tras-do-livro.html

Aventuras na história, imagens retiradas do Google)


pt.wikipedia.org

Fred Linardi  (Revista Aventuras na História, fevereiro de 2011).






  • quarta-feira, 6 de agosto de 2014

    Alice e a literatura fantástica inglesa

    Plano de Aula

    Objetivos
    Perceber como os livros de Lewis Carroll somam influências da literatura fantástica inglesa; relacionar aspectos da vida de Alice ao cotidiano dos alunos

    Conteúdos
    Literatura infantil e literatura fantástica

    Tempo estimado
    Duas aulas

    Material necessário
    Exemplares do livro As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.
     


    Introdução

    VEJA desta semana traz uma
     resenha do filme Alice no País das Maravilhas, no qual o diretor Tim Burton traz para a telona todo o nonsense da obra-prima de Lewis Carroll. Segundo o texto, a produção cinematográfica teve um êxito apenas parcial e pode ser entendida como uma obra "ao mesmo tempo feérica e tímida", que reproduz toda a extravagância do original apenas "na superfície iridescente, jamais no espírito". 

    Sem dúvida, essa avaliação sóbria não impedirá que multidões assistam, no cinema, às aventuras de Alice com o Chapeleiro Maluco, a Rainha de Copas e outros personagens imortais. O texto é um excelente ponto de partida para conduzir seus alunos ao universo fantástico criado pela imaginação de Lewis Carroll.
     

    Atividades

    1ª aula
    Divida a turma em grupos e distribua exemplares do livro As Aventuras de Alice no País das Maravilhas (1865), de Lewis Carroll. Pergunte aos alunos se eles conhecem a história e peça que relatem as passagens que têm na memória.

    Em seguida, proponha que a moçada leia a reportagem
     No subterrâneo da fantasia, publicada em VEJA. Explique à classe que a obra de Lewis Carroll se insere na longa tradição britânica da literatura fantástica e satírica. Comente que o mundo da fantasia não é exclusividade de Alice. 

    Um bom exemplo é o livro As Viagens de Gulliver, publicado em 1726 pelo irlandês Jonathan Swift. Pergunte quem conhece a história e faça um pequeno resumo, contando que, em suas viagens, o personagem principal encontra os minúsculos liliputianos e, depois, chega à ilha dos gigantes. Questione a turma sobre a relação entre as mudanças de tamanho de Alice - que, segundo a resenha de VEJA, "estica ao comer um biscoito, e então encolhe ao provar uma beberagem" - e os povos visitados pelo personagem de Jonathan Swift. Será que um livro inspira o outro?
     

    Para deixar mais clara essa relação entre obras literárias, lembre os alunos de uma série de livros bem mais recente, que deve fazer parte do repertório da turma: Harry Potter, da britânica J. K. Rowling. Em um dos episódios, o bruxinho Hogwarts escreve uma carta ao personagem principal, fazendo referência ao armário onde estava preso. A situação lembra bastante uma passagem da história de Alice, em que a protagonista, depois de "esticar como uma luneta", conclui que não terá como calçar meias e sapatos e será forçada a enviá-los pelo correio para seus pés. Ela imagina o endereço: "Ilmo. Sr. Pé direito da Alice/ Tapetinho junto ao degrau/ Junto da lareira/ (da Alice com amor)".

    Conclua com a turma que a literatura fantástica em língua inglesa tem uma trajetória que passa por Jonathan Swift, floresce com Lewis Carroll e continua forte na atualidade.
     

    2ª aula
    Na segunda aula, sugira a discussão de dois aspectos principais, que fazem das aventuras de Alice bem mais que um livro infantil: os jogos de lógica e as questões envolvendo a linguagem e o sentido das palavras; o problema da identidade pessoal.

    Comece pela discussão dos jogos lógicos e o uso das palavras, e proponha que a turma analise o diálogo abaixo entre Alice e o Gato de Cheshire.
     

    A menina pergunta ao gato:
    Você poderia me dizer, por favor, qual o caminho para sair daqui?"
    "Depende muito de onde você quer chegar", diz o Gato.
    "Não me importa muito onde..." vai dizendo Alice.
    "Nesse caso não faz diferença por qual caminho você vá", diz o Gato.
    "...desde que eu chegue a algum lugar", acrescenta Alice, explicando.
    "Oh, esteja certa de que isso ocorrerá", fala o Gato, "desde que você caminhe o bastante."

    Peça que os alunos observem a passagem e tentem explicar a lógica por trás da conversa. Em seguida, apresente à moçada o diálogo entre Alice e a Duquesa:

    "...e a moral disso é... ‘Seja aquilo que você pareceria ser’, ou então, dizendo de um modo mais simples, ‘Nunca imagine que não ser diferente daquilo que pode parecer aos outros que você fosse ou pudesse ter sido não seja diferente daquilo que tendo sido
    poderia ter parecido a eles ser diferente.’"
    "Acho que eu compreenderia melhor", diz Alice muito educadamente, "se pudesse ver tudo isso escrito; não consigo acompanhar muito bem o que a senhora diz."
    "Isso não é nada diante do que eu poderia dizer, se quisesse", responde a Duquesa, em tom satisfeito.

    Encarregue os jovens de discutir a afirmação da Duquesa. Ela faz sentido? Conclua a análise com a moçada, mostrando a importância do jogo com as palavras e da capacidade de argumentação para que os diálogos tenham sentido e emissor e receptor consigam se entender.

    Para finalizar, relacione os questionamentos de Alice com o cotidiano dos alunos. Relembre a classe que, logo no início do livro, o autor informa a protagonista que adorava fingir que era duas pessoas. Mais adiante, ela começa a questionar a própria identidade, devido às sucessivas mudanças de tamanho, e passa a pensar em todas as meninas de sua idade, "para ver se teria se transformado em algumas delas".
     

    Essa questão é uma das preocupações centrais do universo infantil e adolescente. Como explica a reportagem de VEJA, poucos escritores compreenderam tão profundamente quanto Lewis Carroll a inadequação que as crianças sentem diante das mudanças do corpo e das regras implacáveis dos adultos. Coloque em discussão com a classe as maneiras que os adolescentes encontram para construir sua identidade, entre as quais a absorção dos valores e do estilo de vida da turma de amigos.

    Avaliação
    Observe as repostas da turma ao longo das duas aulas para certificar-se de que eles entenderam a relação entre as diferentes obras literárias inglesas. Preste atenção, também, se os alunos conseguem relacionar a história de Alice aos questionamentos deles no dia a dia.

    Quer saber mais?
    Bibliografia
    Aventuras de Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll, Jorge Zahar, tel. (21) 2108-0808
    Alice no País do Espelho, Lewis Carroll, L&PM Pocket, tel. (51) 3225-5777

    Internet
    Texto integral de
     As Aventuras de Alice no País das Maravilhas

    Consultoria Carlos Eduardo Matos
    jornalista e editor de livros didáticos e paradidáticos

    No subterrâneo da fantasia

    Resenha do filme por  Isabela Boscov (Alice 1)


    Revistas  »  Edição 2161 / 21 de abril de 2010 .


    Alice no País das Maravilhas parecia ser uma escolha lógica 
    para o diretor Tim Burton. Mas sua versão do clássico 
    do escritor Lewis Carroll é ao mesmo tempo feérica e tímida

    NÃO MORA MAIS AQUI
    Mia Wasikowska, no papel da Alice crescidinha: a atriz australiana seria uma ótima escolha para
     a personagem – se esta houvesse sobrevivido à revisão do diretor.



    Aventuras de Alice no País das Maravilhas, o título com que o clássico infantil de Lewis Carroll ficou conhecido desde sua primeira publicação em português, em 1865 (logo em seguida ao lançamento da edição original inglesa), tem algo de enganoso. Uma tradução mais exata – embora talvez menos convidativa – para Alice in Wonderland seria Alice na Terra dos Assombros. Pois assombros, de fato, é só o que a pequena Alice encontra a partir do momento em que cai na toca de um coelho branco (não é à toa que ele chama a sua atenção; o coelho veste uma casaca) e, no fundo dela, se descobre em um mundo cuja lógica, se é que ela existe, em nada se parece com a lógica deste mundo. Como em um delírio de febre, Alice estica ao comer um biscoito, e então encolhe ao provar uma beberagem. Depara com uma lagarta que fuma um narguilé e com um gato cujo sorriso fixo continua pairando no ar mesmo depois que ele se vai. Dá braçadas em uma lagoa feita de suas próprias lágrimas. Comemora seu desaniversário e participa de um chá da tarde com um chapeleiro que, como bem descreve seu nome, é maluco. E é convocada a testemunhar em um julgamento sobre um roubo de tortas na corte da irascível Rainha de Copas, que tem cartas de baralho no lugar de lacaios e cuja ordem mais frequente – aliás, a única que ela sabe dar – é "cortem-lhe a cabeça!". Tudo muito curioso, mas não propriamente maravilhoso: todos esses personagens tentam provocar, hostilizar ou ridicularizar Alice – com sucesso. Ou seja, Alice não consegue ficar à vontade nem no mundo que tem de habitar, nem no mundo criado por sua imaginação (no desfecho, esclarece-se que tudo não passou de um sonho). Não surpreende, assim, que essa seja uma das histórias prediletas de Tim Burton, o diretor de Edward Mãos de Tesoura, Ed Wood e A Fantástica Fábrica de Chocolate: Burton construiu toda uma carreira sobre as dores e frustrações causadas pelos sentimentos de inadequação – os de seus personagens e também os seus. Surpreende, entretanto, que sendoAlice uma escolha tão, bem, lógica para o diretor, ele tenha demorado tanto tempo para realizar sua adaptação. Tempo demais, na verdade.
    Tudo em Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, Estados Unidos, 2010), que estreia no país na próxima sexta-feira, tem aquele travo das ideias que foram analisadas, racionalizadas e buriladas até que a última centelha de vida fosse apagada delas. A imaginação visual de Burton, sua maior assinatura e melhor recomendação, atinge aqui um pico febril. Cada cena é uma explosão de cores, mas elas frequentemente adquirem tons biliosos. O 3D, formato para o qual o filme foi convertido depois de ter sido rodado no 2D convencional, é usado de maneira agressiva, quase vulgar. Nenhum personagem é poupado de fazer sua aparição. Vários, porém, são apresentados e logo depois largados no meio do caminho. Outros são adulterados sem que se identifique uma boa razão para tal: a Rainha de Copas, por exemplo, mantém sua personalidade, mas é chamada aqui de Rainha Vermelha, uma personagem bem diferente e que só existe em Através do Espelho, a sequência de País das Maravilhas publicada em 1871. O motivo parece ser a necessidade de contrapô-la à meiga Rainha Branca, que no filme é sua irmã e rival – Vermelha (Helena Bonham Carter) usurpou o trono de Branca (Anne Hathaway), e Alice é quem vai ter de comandar as forças do bem em uma guerra para derrubar a tirana e seus asseclas maléficos. Forças do bem? Guerra? A certa altura, Alice no País das Maravilhas, ícone da literatura vitoriana e manifesto em favor do nonsense promulgado em uma era que se inebriara do racionalismo, sai de vez do seu curso e vira uma fantasia medieval com batalhas, espadas e armaduras. Vira, enfim, uma tentativa desanimada, sem alma nem convicção, de emular sucessos da fantasia como O Senhor dos Anéis e Harry Potter e de, como neles, galvanizar o público em torno de um protagonista incumbido de uma missão messiânica.

    MALUCO BELEZA
    O Chapeleiro Maluco vivido por Johnny Depp é um rebelde melancólico,- inconformado mas impotente para se erguer sozinho contra a tirania da Rainha Vermelha. No livro de Lewis Carroll, ele tem lá suas diferenças com a monarquia, mas está longe de ser esse anarquista manso: quando está sentado à sua absurda mesa de chá, é também ele um déspota – e se mostra sempre rude com Alice.



    Se há dois sintomas claros de que esta Alice passou por um processo de desnaturação, porém, eles estão, primeiro, na figura triste em que o originalmente insolente Chapeleiro Maluco se transformou: quando Johnny Depp está em cena, com lentes que deixam seus olhos repletos de melancolia do tamanho de dois pires, o filme transpira o que de fato gostaria de ser – mais uma história em que Depp assume o lugar de alter ego trágico do diretor, e em que garotas perdidas em um labirinto de silogismos provavelmente não teriam muito que fazer. O segundo e mais grave sintoma está na alteração ostensiva da protagonista, de uma menina de 10 anos para uma jovem de 19, indignada com a ideia de ter de se casar com um aristocrata tolo e sem queixo. Muito da polêmica que a obra de Lewis Carroll acumulou no decorrer de sua trajetória vem da paixão (até onde se sabe platônica, mas nem por isso menos imprópria) que o escritor alimentou por sua musa, a menina Alice Liddell, que ele conheceu quando ela tinha 4 anos (veja o quadro abaixo). É compreensível e aceitável que Burton queira passar ao largo de qualquer rastro deixado por essas sugestões de pedofilia. Mas, na ânsia de se afastar delas, o diretor e a roteirista Linda Woolverton se jogam em uma outra armadilha: transformam o enredo em uma história de superação e de celebração do girl power – uma história, aliás, muito confusa.
    Alice, agora uma protofeminista, se recusa a usar espartilho, numa liberação de sua silhueta reminiscente das queimas de sutiãs dos anos 60. Mas é também uma destilação dos mais tradicionais ideais de feminilidade: é maternal, compassiva e redentora. Quando chega a essa última etapa, aliás, adeus às formas exuberantes da australiana Mia Wasikowska, que terminam bem comprimidas sob uma armadura de metal. Mia, conhecida pela série In Treatment, mostra ser uma atriz de bom senso inato, capaz de fazer sempre a escolha mais sólida em cada situação em que é lançada. É provável que fosse uma excelente Alice – se algo de Alice houvesse restado nesta versão ao mesmo tempo tão feérica e tão tímida de Tim Burton.

    CORTEM O CABEÇÃO 
    Interpretada por Helena Bonham Carter, a Rainha Vermelha é a grande vilã do filme, em oposição à etérea Rainha Branca. Nos livros originais, porém, não há vilões nem mocinhos, e as duas supostas rivais até tomam chá juntas. O bordão que a Rainha Vermelha repete ao longo do filme – "cortem-lhe a cabeça" – na verdade pertence a uma terceira monarca, a Rainha de Copas, essa sim uma desvairada autocrata.