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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Paulo Freire (1921-1997)

            Paulo Freire foi um dos primeiros presos políticos da ditadura militar de 64. Duas semanas após o golpe, foi convocado a dar esclarecimentos  sobre sua pedagogia que , por propor a reflexão crítica sobre a realidade, era considerada  subversiva. A leitura da palavra é inseparável da leitura do mundo; ler o mundo é desvelar  estruturas geradoras da desigualdade e da opressão.
            Segundo Freire, a escola reproduzia a desigualdade por meio da “educação bancária”: depositava no aprendiz, como numa conta bancária, a informação que na avaliação era sacada. Se a classe dominante se utiliza da escola para veicular sua ideologia, a classe oprimida deve se utilizar dela para exercitar a crítica desde a raiz dos problemas, questionar as “verdades” da mídia, a ideologia dominante, desocultar o real. Freire define a prática pedagógica como política, meio para a construção de novas relações sociais.
            Sobre a prática política dos docentes, destaca que ao participar do movimento sindical, o educador dá a melhor lição sobre luta e emancipação da classe trabalhadora. Ao possibilitar ao aluno a vivência política do movimento sindical através de seu próprio exemplo. O educador educa para a transformação. Denuncia o neoliberalismo e sua tendência à mercantilização de todas as esferas da vida, inclusive a formação humana. Critica a substituição do pensamento crítico pelo pós-crítico ou simbólico, ao qual chamou de “simbolismo-diabólico”, por ocultar as estruturas dominantes.;

            Ser freireano hoje é recuperar o papel político do educador; construir o protagonismo de educadores e educandos na definição dos projetos político-pedagógicos; regatar a escola da ditadura do mercado e de seus representantes nas políticas educacionais, como os organismos internacionais; lutar contra a concepção naturalizada pelo neoliberalismo de que educar é treinar, de que formar se reduz a preparar para o mercado, a gerar empregabilidade. É ser capaz de educar para a indignação transformadora. (Por Aparecida Tiradentes, Doutora em /Educação pela UFRJ, professora da Fio Cruz)

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