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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Análise da poesia: As sem-razões do amor
Análise do poema

As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabê-lo.

         Aqui ele quis dizer que o amor não tem uma razão de acontecer, que não é preciso entendê-lo para amar, não é preciso ser correto para sentir.

Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.

         Aqui o eu lírico nos fala que para se amar não é preciso querer nada em troca,que ele vem do nada e que surge como uma brisa suave,que vai nos envolvendo até que estejamos totalmente rendidos.

Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.

         O eu lírico não conceitua o amor nesta estrofe , ele simplesmente diz que o amor não há porquês, não há razões, regras a serem seguidas,basta que ele complete a pessoa que ama e que é amada.

Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

         Aqui o poeta compara o amor com a morte,pois o amor contribui para nosso crescimento ou para nossa poda. O amor possui caminhos difíceis e agrestes, mas nada nos dá mais força e nos tira a mesma se não o amor, pois ele nada mais quer que atinjamos toda a sua plenitude e isso implica sentir, viver, morrer e amar por amor.

         A poesia, ou gênero lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos. “Poesia, segundo o modo de 
falar comum, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra poema, o poeta o artífice.”[1] O sentido da mensagem poética também pode ser importante (principalmente se o poema for em louvor de algo ou alguém, ou o contrário: também existe poesia satírica), ainda que seja a forma estética a definir um texto como poético. A poesia compreende aspectos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o terreno que compete verdadeiramente ao poeta.[2]

         Num contexto mais alargado, a poesia aparece também identificada com a própria arte, o que tem razão de ser já que qualquer arte é, também, uma forma de linguagem (ainda que, não necessariamente, verbal).
A poesia, no seu sentido mais restrito, parte da linguagem verbal e, através de uma atitude criativa, transfigura-a da sua forma mais corrente e usual (a prosa), ao usar determinados recursos formais. Em termos gerais, a poesia é predominantemente oral - mesmo quando aparece escrita, a oralidade aparece sempre como referência quase obrigatória, aproximando muitas vezes esta arte da música.

Gêneros poéticos

         Os gêneros de poesia permitem uma classificação dos poemas conforme suas características. Por exemplo, o poema épico é, geralmente, narrativo, de longa extensão, grandiloqüente, aborda temas como a guerra ou outras situações extremas. Dentro do genéro épico, destaca-se a epopéia. Já o poema lírico pode ser muito curto, podendo querer apenas retratar um momento, um flash da vida, um instante emocional. Poesia é a expressão de um sentimento, como por exemplo o amor. Vários poemas falam de amor. O poema, é o seu sentimento expressado em belas palavras, palavras que tocam a alma. Poesia é diferente de poema. o Poema é a forma que se está escrito e a poesia é o que dá a emoção ao texto.
         Definição sucinta de poesia: é a arte de exprimir sentimentos por meio da palavra ritmada. Essa definição torna-se insuficiente quando se volta o olhar para a poesia social, a política ou a metapoesia. Com o advento da poesia concreta, o próprio ritmo da palavra foi anulado como definição de poesia, valorizando mais o sentido. O poema passa a ter função de exprimir sucintamente e entre linhas o pensamento do eu-lírico.    A narrativa também pode fazer isso, mas a maioria dos poemas, com exceção dos épicos, não se baseia num enredo. A mensagem do autor é muito mais importante do que a compreensão de algum fato.

Licença poética

         A poesia pode fazer uso da chamada licença poética, que é a permissão para extrapolar o uso da norma culta da língua, tomando a liberdade necessária para recorrer a recursos como o uso de palavras de baixo-calão, desvios da norma ortográfica que se aproximam mais da linguagem falada ou a utilização de figuras de estilo como a hipérbole ou outras que assumem o carácter "fingidor" da poesia, de acordo com a conhecida fórmula de Fernando Pessoa ("O poeta é um fingidor").
A matéria-prima do poeta é a palavra e, assim como o escultor extrai a forma de um bloco, o escritor tem toda a liberdade para manipular as palavras, mesmo que isso implique romper com as normas tradicionais da gramática. Limitar a poética às tradições de uma língua é não reconhecer, também, a volatilidade das falas.
         Será que o amor existe? Por que se ele existe não pode ser traduzido em palavras, e se é traduzido não é o amor? Então, é possível descrever o amor? Traduzi-lo em palavras? O que é o amor afinal? O que sinto é amor? Como dizer que é amor? Certa vez uma poetisa inglesa escreveu para o seu esposo que também era poeta um lindo poema. Neste poema ela tentava expressar sua maior preocupação enquanto esposa: tenho medo que um dia você me diga por que me amas.

         Se formos pensar bem, será que essa poetisa estava louca ao escrever isso para o seu marido? Pois qual mulher ou pessoa não gostaria de ouvir da boca do seu amado (a) as razões que o leva a amar? Quem não se sentiria bem de saber os motivos que o faz ser amado? Só um louco ou uma loca não gostaria de saber. Nesse sentido será que os poetas são loucos? Talvez o sejam, mas com uma loucura bem especial. Entretanto, se são loucos, o são bem diferentes uns dos outros, o que permite dizer: “cada louco com as suas loucuras”.

         Nesse sentido, vale observar as loucuras, ou melhor, a loucura de um bem conhecido pelo nome de Carlos Drummond, autor de As Sem-Razões do Amor. Neste poema tentaremos entender o que quer dizer as sem-razões do amor. Seria o mesmo que dizer que o amor não tem razões nenhuma de Ser? E se não tem, por que será que não tem? E se não tem razões nenhuma como é que o amor se sustenta? Depois desta análise estudaremos o poema O Amor do poeta tocantinense Angelly Bernardo. Não será um estudo comparado literalmente pelo próprio disparate que existe entre um e outro, não só pelas questões relacionadas à temporalidade, mas até mesmo de experiência na arte de descrever as metáforas. Todavia, não será o poeta o nosso objeto de estudo, mas os poemas como “expressões” ou a linguagem do “eu – profundo” no dizer de Moisés. 

         Neste sentido vale ressaltar a diferença entre poesia e poema que na visão de Moisés, o poema seria a materialização da poesia. Assim, o poema, fragmento de essência subterrânea existente no âmago do poeta, uma vez transcrita graficamente, ou seja, materializado é que será o objeto de estudo deste trabalho. 
Uma vez realizado essa primeira abordagem será discutido as diferenças existentes nos dois poemas. Isso tudo sem fechar o assunto por considerá-lo de fundamental importância dentro da critica literária.

         As sem-razões do amor, poema de Carlos Drummond de Andrade, poeta da segunda geração modernista brasileira, também conhecida como a “geração de trinta”, que teve início em 1930 com a publicação de “Alguma poesia”, de Drummond e foi encerrada em 1945. Esta geração incorpora as conquistas de 22: “O verso livre, a liberdade temática, a introdução do prosaico, do coloquial e do irônico no contexto poético”.

         Um traço próprio desta geração na poesia e na prosa é a mudança de enfoque quanto à temática nacionalista de 22. A consciência nacionalista que predominou em 1920, e a partir de 1930, começou a se ampliar e tornar-se uma consciência social, mais ampla, elevando assim, as questões regionais e locais a um lugar de destaque, num contexto universalista.

         É neste contexto que está inserida a poesia de Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores nomes da poesia brasileira, se não o maior, questiona alguns especialistas no assunto.

         Desta forma, o poema “As sem-razões do amor”, retrata a maturidade humana e poética do sujeito lírico. Poema que trás como tema, uma conceituação do amor. Do amor tal como ele é ou deveria ser, na sua significação mais profunda: amor como doação total. Amor gratuito: “O amor é dado de graça”, canta o sujeito lírico. E continua o seu belo hino sobre o amor: O amor não é interesseiro, nem tira proveito, “eu amo porque te amo”. Ama porque quer amar, não porque quer ser amado, afinal, quem ama, ama porque só se realiza amando, como dizia São Francisco de Assis: “O amor não é amado”. E ainda, o amor é forte, invencível, supera tudo: “O amor é primo da morte e da morte vencedor”. Ainda que me matem, não poderão impedir-me que o ame. E se não à morte física, o amor sempre me rejuvenescerá.

         E mais, o amor é forte, invencível como já foi dito, mas não é para ser vendido. O verdadeiro amor é doação. É doação porque é dom, e dom não se vende, nem se troca, mas se doa. Amor é para dar.

         Assim vai o eu poético, voando sobre o amor, como um pássaro a voar, “sobre os vales e ribeiras”¹, decifrando os seus enigmas ou somente admirando-os: o “amor é estado de graça”. É como se esbarrasse diante deste sublime dom, e parecesse às vezes contemplar somente. Afinal, diante do amor, são pobres todas as palavras: “O amor foge a dicionários..., não se conjuga nem se ama, (...) porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo”. É como se maravilhado, cheio de entusiasmo, se perguntasse: o que mais dizer do amor? Se o amor é tudo? Neste sentido o sujeito lírico assemelha-se a Paulo apóstolo, quando descrevia o grande hino sobre o amor, em 1Corintios 13. Em outras palavras; diante do amor, parece que só o silêncio é digno de se expressar. Tudo mais, não passa de vagas e meras expressões que por mais impregnadas de sentidos que sejam, são incapazes de descrever o real sentido do amor. Não esgotando jamais.

         Desenvolvido em quatro estrofes, os versos livres, sem preocupação de rimas, embora apareçam em alguns momentos: “... da morte vencedor”, “... a cada instante de amor”. Dançam numa certa musicalidade, talvez para demonstrar melhor a liberdade de criação e expressão do sujeito lírico. Dessa forma, a liberdade nos versos aproxima também do próprio tema que é o amor, essencialmente dinâmico e livre em si mesmo.

         O sujeito lírico não se preocupa com o espaço físico, embora subtenda que este exista em outras categorias intrínsecas ao sujeito que ama. A razão de ausência do espaço físico se deve ao fato de não está se tratando de um encontro propriamente dito, mas do amor em si, ou seja, de como “eu te amo...”. Neste caso só a necessidade do tempo, que neste poema está no presente, demonstrado pelo verbo “ser”; “amor é dado..., amor é estado..., amor é primo...” etc. Isto se justifica, porque o sujeito lírico romanticamente não se refere a um caso particular de amor nem a uma paixão passada, mas simplesmente faz afirmações sobre o amor, tal como inicia o poema: “Eu amo porque te amo”.


         A repetição dos versos é uma forma de fortalecer, alicerçar, estruturar, imortalizar o seu pensamento. É como se dissesse: eu amo porque amo, e quero deixar gravado, eternizado, e ninguém tem nada a ver com isso. Por isso ele fala, e fala de novo, e de novo fala, como se dissesse: o amor é isso e nada mais.

         O amor “é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse”. Em outros termos, amar é semear flores à beira do caminho da nossa existência, ainda quando não temos certeza se um dia, pelos mesmos voltaremos. Mesmo assim, vale à pena amar. Porque amar é viver, e revivescer, a cada instante de amor.

         Neste poema percebe-se que o amor como foi dito é elevado ao nível mais alto de conceituação, fugindo assim dos “dicionários” e dos “regulamentos vários”, entretanto o poeta não escapa de cai no velho golpe platônico de elevar as coisas do mundo concreto para o mundo das ideias. Ou seja, o amor verdadeiro não é este que existe por ai, mas sim o verdadeiro Amor fugindo dos dicionários mora no mundo das ideias. No mundo onde quem ama, ama por amar e não por querer ser amado. Por outras palavras isso é tão religioso quanto às palavras de Jesus de Nazaré ou como o pregava à maioria dos profetas. Sem dúvida é lindo esse irreal amor que também é amor. É amor distante “ou demais a mim”. Então, o que dizer do amor? Que existe? Ou não existe? Talvez o tocantinense com o seu amor tocante, tão tocante como o são as águas do rio Tocantins, possa dar uma explicação menos racional, menos platônica e mais concreta.


O “AMOR” DE ANGELLY BERNARDO, POETA TOCANTINENSE.

Amor
É sentimento guardado no peito,
É a busca de tudo que tem emoção,
É o grito forte de minha canção.

É felicidade, alegria e muito respeito,
É aquilo que guardo dentro do peito,
É o direito de um gostar tão perfeito.

É a vida que levo sempre sorrindo,
É a estrela que me deixa tão lindo,
É o amar sem medida que vem vindo.

É não ter medo algum de amar,
É o que vive sempre a me chamar,
É o que sinto na terra ou no mar.

É saber viver perto de alguém,
É ser amado e poder amar também,
É viver e querer o outro bem.

É essa enorme grandeza de sentimento,
É o que sinto nesse jubiloso momento,
É o fim e o começo de um sofrimento.
( Angelly Bernardo, 2004: p.24).

Angelly é um autor tocantinense e como já sabemos a literatura do Tocantins dá os seus primeiros passos. Por ser considerada literatura tocantinense, isto é, uma literatura nova, vale a pena ser estudada, já que, muitas obras publicadas aqui nem chegam a ser lida como deveriam. Sabemos ainda, que nem todas as obras publicadas na atualidade podem ser consideradas contemporâneas. Por isso, bom seria se todas as obras tocantinenses passassem por uma critica literária que sem dúvida contribuiriam para que estas tivessem mais consistência, contribuindo assim, com os autores e também com os leitores que se sentiriam convidados a conhecer este universo.

A questão do desconhecimento devido ao processo de ilhamento de algumas obras e seus autores se dá desde o processo de colonização. Neste período se formavam as colônias e geralmente só os mais dotados de poder aquisitivo tinham acesso ao conhecimento. Devido essas colônias ficarem nas regiões sul e sudeste, se tornaram grandes pólos de comercialização e conseqüentemente todos corriam para lá, o que permitiu que se criasse a idéia de que só quem vai para estas regiões podem obter sucesso. Esta informação é dada por Alfredo Bosi no livro Dialética da colonização..

Vale ressaltar também que a contemporaneidade é marcada por uma dicção que teve inicio na geração de 22. Isto é, a liberdade temática, o verso livre, o social..., como já foi abordado anteriormente na introdução do estudo de Drummond, começou a fazer parte da literatura com muito mais afinco. A contemporaneidade por sua vez presa mais pela temática social, muitas vezes, transformando a poesia em denúncia social como nos poemas de Cantigas de Resistência de Paulo Aires Marinho. O poema que o poeta escolhe para iniciar o livro, o mesmo que explica os motivos porque escreve, retrata bem o que estamos falando: 

Escrevo
olhando o mundo
mergulhado no verbo humano.
Escrevo
Porque não vivo só,
porque preciso dizer o que sinto
sobre o mundo e as pessoas
o tempo e a matéria
o sonho e o desespero.
Escrevo
para testemunhar 
que este é ainda um tempo sombrio;
que cultivo um canteiro de teimosas flores
e a poesia não pode negar a vida.
(Marinho, 2003: p.17).



         Neste cenário está o poema de Angelly Bernardo. Se não com uma forte carga social, mas com um forte e intrigante sentimental(ismo) que é muito próprio desta geração. Ou seja, a contemporaneidade também é marcada por este desabafo sentimental que diferentemente do Romantismo que muitas vezes ficavam apenas no platonismo utópico se encarrega de concretizar ainda que, só seja “eterno enquanto dure” o momento. 

         Desde o início, o eu - lírico de o Amor parece se preocupar ainda que em vão em uma possível conceitualização do amor. Em vão, se considerarmos as categorias de “Ato” e “potência” de Aristóteles. Ou seja, neste poema ainda que o tempo esteja no presente (Amor é), o sujeito lírico fica entre o Amor e o amor conjugado. Ou melhor, sem querer, parece que o eu - poeta faz uma conjugação do Amor. E com isso ele retira o amor de uma condição de essência e o põe numa condição de amor - para, como “sentimento”, “paixão”, etc. Aqui, não basta apenas amar. O amado sente necessidade de ser correspondido à altura de seu amor, como uma condição de continuar amando: “É ser amado e poder amar também”. Porque o amor           “É viver e querer o outro bem”; “é o amar sem medida que vem vindo”, etc.

         Poema dividido em seis estrofes com versos curtos e rimas sempre nos finais das frases o poeta parece querer indicar alguma surpresa a cada nova rima, a cada novo verso. Entretanto, o poeta não consegue atingir um grau de maturidade suficiente para evitar que uma chuva de sentimentos, emoções invada o seu poema. Isso, não só empobrece o Amor como aproxima o Amor de um sentimento egoísta, interesseiro, que só se realiza não amando, mas sendo amado. Por outro lado a relação parece imbuída de espírito capitalista que por trás desta relação impulsiona o desejo, não permitindo que o amante nada espere em troca.

Segundo Moisés (2005: p. 229):

         À proporção que o poeta se empenha em transmitir o sentimento, muda a expressão correspondente, pela simples razão de que o sentimento também se transforma: O sentimento se altera de acordo com os estágios cronológicos e psicológicos que constitui o corpo do poema. 

         É o que acontece com o eu - poético de o Amor, o objetivo é conceituar o amor, no entanto, parece confuso de mais durante o processo de conceituação. 

         Pois o ato de exprimir o conteúdo lírico constitui alteração em sua essência: entre o expresso e a expressão se estabelece um acordo de reciprocidade que impede ao crítico saber até que ponto foi o sentimento ou a expressão, isoladamente, que se alterou. ( Moisés, 2005: 229).

         Isto faz com que o sentimento diferencie do sentimento expresso pelo eu - lírico de As Sem-Razões do Amor.

         Em o Amor de Angelly o eu - poético parece travar uma luta entre o Amor de Drummond e o amor dos demais homens. Isto significa que o eu - poético de As Sem-Razões do Amor presa mais em conceituar o amor propriamente dito. Não faz parte de sua intenção falar do amor pragmático vivenciado pela maioria das pessoas.

         Se em Drummond o amor não é amado, em Angelly ele só o é amor na medida em que ama e é amado ao mesmo tempo. Neste último, o amor sofre com uma carga de carência muito grande. Ou seja, o Amor aqui não é um sentimento perfeito como e Drummond, embora o poeta diga ele “É o direito de um gostar tão perfeito”. 

         Se em As Sem-Razões do Amor o Amor é escrito com letra maiúscula, Em Angelly ele não pode por uma questão definição: Em Drummond ele é o mais perfeito sentimento, o mais puro e abstrato desejo de dá-se. Aqui ele (o amor) só o é, enquanto está em constante troca. O amor é recíproco.

         Se o amor é o que “sinto neste jubiloso momento”, então, o amor é mais sentimento do que razão, o que diferencia de Drummond.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
¹ LIMA. Pe. Héber Salvador de, A valsas das flores. 6 ed. São Paulo: Loyola. 
BIBLIA SAGRADA
CALVINO, Ítalo. Seis propostas para o próximo milênio. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
MOISÉS, Massaud. A criação literária: Poesia. 14 ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
_____________. A criação literária: Prosa I. 16 ed. São Paulo: Cultrix, 2003.
_____________. A criação literária: Prosa II. 18 ed. São Paulo: Cultrix, 2003.
MOISÉS, Massaud. A criação literária: poesia. 14.ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

         O Eu lírico é um termo usado dentro da literatura para demonstrar o pensamento geral daquele que está narrando o texto; A junção de todos os sentimentos, expressões, opiniões e críticas feitas pela pessoa superior ao texto, que no caso seria o narrador ou a pessoa central ao qual o texto está se referindo. O Eu-lírico é o "eu" que fala na poesia. É geralmente muito usado em textos de gênero lírico, que são caracterizados por não expressar, mas necessariamente, os sentimentos do autor.
         Temos um exemplo incomum, o eu lírico técnico, ou seja, quando há mais de um eu lírico no poema.
Exemplo:A flor sentiu o ódio igual a mim
Eu lírico técnico é quando há mais de um eu lírico no poema.
         Temos um exemplo incomum, o eu lírico técnico, ou seja, quando há mais de um eu lírico no poema.
Exemplo:A flor sentiu o ódio igual a mim
Eu lírico técnico é quando há mais de um eu lírico no poema.
         É quando o poeta expressa sentimentos que realmente não sentiu, tratando-se então não de seu eu real, mas de um eu poético, ou lírico. O eu lírico é a "voz" que fala no poema ou texto em prosa. Isso significa dizer que os sentimentos, ideias, emoções presentes nesses textos não são necessariamente do autor dele. O autor cria um dono para esses sentimentos.

         Temos como exemplo o poema do poeta holandês Hendrik Marsman Herinnering aan Holland (português: Lembrança da Holanda) de1936 encontra-se entre os mais conhecidos poemas neerlandeses.1

Denkend aan Holland zie ik breede rivieren traag door oneindig laagland gaan
—Hendrik Marsman


Em português:
Pensando na Holanda, vejo largos rios a atravessarem lentamente as infinitas planícies — Hendrik Marsman
         Neste poema, o eu-lírico demonstra o seu patriotismo e amor pelo seu país, a Holanda. O eu-lírico expressa os sentimentos do poema. Se o autor não fosse holandês, o eu-lírico seria. Muitas vezes, o autor "exporta" para o eu-lírico os seus desejos (no caso, se o autor não fosse natural da Holanda, o eu-lírico seria).
Referências

  Diferenças entre "eu-lírico" (sujeito poético, sujeito lírico, eu-poético - voz enunciadora no texto) e "eu-biográfico" (o próprio autor).
         O “eu” romântico valoriza o sentimento e a emoção individual, como inspiração da alma.
         Acredita ser este um meio de expressar a si próprio e à natureza.
         Este "eu" do lirismo romântico, é um ser egocêntrico que pretende, muitas vezes de maneira confessional, expressar-se partindo de suas experiências diante do mundo.
         Esta concepção de expressão ainda é muito utilizada e confundida, principalmente por aqueles que acreditam que a literatura deva expressar uma "realidade".
         Basicamente, quando as crianças ou adolescentes desejam produzir "poemas" na escola,  que surgem são textos que são marcados pelo sentimentalismo e até por relatos do que viveram. Isso se deve, na maioria das vezes, pela incapacidade de dissociar o "autor" (quem produz o texto) do "enunciador" (quem se expressa no texto).

"EU-LÍRICO"  ≠ "EU-BIOGRÁFICO"

         Na poesia moderna, a partir do Simbolismo (final do séc. XIX), poetas como Rimbaud e Mallarmé demonstraram ser relativa à subjetividade num poema.
         O sujeito explicitado como “eu” não se refere a uma pessoa particular. Rimbaud explicita isso na "Carta dita do Vidente", escrita a Georges Izambard, em 1871, quando afirma que "Eu é um outro".

         O poeta moderno entende que sua visão do mundo é, antes de tudo, linguagem, e para ele basta. A linguagem funciona como mediação entre o poeta e a realidade, deixando a ilusão da poesia clássica que acreditava na expressão de uma verdade.

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