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domingo, 12 de abril de 2020



BRINCANDO E APRENDENDO

O aprendizado começa nas brincadeiras, portanto criar espaço e condição para as crianças brincarem é proporcioná-las desenvolvimento saudável e criativo.

Fonte:http://cibelealvespsicopedagoga.blogspot.com/2012/03/desenhos-de-crianca.html?m=1
quarta-feira, 14 de março de 2012

MODELO DE AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

EOCA

A EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem) é a primeira sessão realizada com o sujeito para se descobrir o vinculo que tem com a aprendizagem é nela que vamos perceber o que a criança sabe fazer e o que aprendeu a fazer.
Para Visca, o que nos interessa observar na EOCA são “... seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas de expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical etc (1987, p. 73).

Arrumei sobre a mesa da sala de informática da escola, os seguintes materiais: Papel sulfite (branco e colorido), folha pautada, lápis de cor (fechado), tesoura, canetas hidrocolor, lápis (sem ponta), apontador, borracha, gibi, revista de vídeo game, alfabeto móvel e um dominó (de figuras e palavras).
¨ Iniciei perguntando se ele sabia o nome daqueles materiais ¨
Ele ma respondeu que sim e, foi nomeando cada um, porém com bastante insegurança, sempre olhando para mim, para confirmar. Esqueceu o nome do gibi, dominó e caneta hidrocolor. Durante este tempo ele nomeou, mas não tocou em nada.
Dei a seguinte consigna: Este material é para você me mostrar o que sabe fazer, o que lhe ensinaram e o que você aprendeu.
Ele respondeu:
_ Não sei fazer nada, nunca me ensinaram nada.
P- Você pode mexer neste material.
O aprendente timidamente pegou o alfabeto móvel, olhando letra por letra.
P- Você consegue formar sílaba?
Ele responde que sim, mas não sabe escrever. Pedi que tentasse. Ele pegou a letra b, a, l e, perguntou se a letra o formava a palavra bola.
E no papel, o que você sabe me mostrar?
Ele pegou o papel, o lápis e, me disse que o lápis estava sem ponta. Falei que ele poderia apontar, ele fez tudo bem devagar, foi até o lixo e apontou o lápis, voltou e disse. ¨ só sei escrever o meu nome ¨
P- E números, você conhece? Ele escreveu de 1 a 10 e, disse que era só isto que sabia fazer.
Ele guardou as letras do alfabeto e não mexeu mais em nada.

Elaboração do primeiro sistema de hipóteses

Para Visca o que obtemos nesta primeira entrevista é o conjunto de observações que deverão ser submetidas a uma verificação mais rigorosa, constituindo o próximo passo para o processo diagnóstico. (1987, p74)
Na E.O.C.A é necessário observar três aspectos para formar o sistema de hipóteses para outros momentos do diagnóstico: temática, dinâmica e produto.
 Quanto a temática, o aprendente  me demonstrou uma certa resistência quanto ao seu aprendizado, sempre dizendo que não sabia fazer nada e que, não te ensinaram nada.
Em relação à Dinâmica, o aprendente me pareceu muito nervoso, roeu unhas, levantou e sentou algumas vezes. Teve muita resistência em mexer nos objetos. Pegou timidamente o alfabeto móvel, demonstrando o quanto aquilo era importante para ele - confesso que imaginei que ele iria olhar a revista de game, pois me disse que gostava muito de game.
No que se refere ao Produto gravou o seu nome no papel e disse que era a única coisa que sabia fazer, ao ser indagado sobre números escreveu de 1 à 10 e disse que não sabia fazer mais nada, mas escreveu bola com o alfabeto móvel.

As hipóteses levantadas é que o aluno possui um vinculo negativo quanto ao aprendizado, diz que quer aprender, mas isto se tornou muito conflitante, pois quer aprender e não consegue e as pessoas envolvidas não têm paciência. Sua modalidade de aprendizagem é hipoassimilativa. Possui problemas na fala, baixa autoestima, fixação oral, provável problema de visão, porque chega muito perto para escrever. Como I. não consegue ler, tem problemas na fala e bastante falha de memória é necessário uma análise mais profunda, possível caso de uma dislexia. 


Provas operatórias

Segundo Sampaio, através das provas operatórias teremos condições de conhecer o funcionamento e desenvolvimento das funções lógicas do sujeito. (2009, p.41)
As provas operatórias podem ajudar a identificar crianças com defasagem cognitiva, pois a sua idade cognitiva pode ser diferente da sua idade cronológica.
Como I. é um adolescente de 14 anos comecei por provas Conservação de volume. Peguei dois copos iguais e com a mesma quantidade de líquido, porém um com colorido de vermelho e o outro de amarelo. Perguntei. O que ele poderia me dizer sobre o material. Ele responde que é copo com suco. Falei que não era suco e sim água com corante. Perguntei se neles tinham a mesma quantidade de líquido, ele olhou e disse que sim. Pedi que ele escolhesse duas massas de modelar, que estavam na caixa. Ele escolheu a preta e a azul, fez duas bolas iguais. Perguntei se as bolas tinham a mesma quantidade de massa. Ele disse que sim. Perguntei que se eu colocasse a bola negra no líquido amarelo, o que iria acontecer. Ele disse que a água iria subir. Por quê? Porque a massa vai afundar e o líquido vai subir. Repeti a pergunta com a outra bola e o outro líquido. A resposta foi a mesma. Pedi que ele fizesse uma salsicha com a massa negra. Fiz as mesmas perguntas e ele conservou. Ele disse que a massa só mudou de forma, mas era a mesma quantidade, e sabia disto porque tinha tirado as duas da caixa e estavam com a mesma quantidade. Durante toda a prova I. se mostrou conservador.
Prova conservação de comprimento o aprendente se mostrou conservador e, sorriu quando fiz contra argumentação.

Prova de inclusão de classes nesta prova troquei o conjunto de flores por conjunto de ferramentas, pois tinha mais a ver com o aluno. Conjunto de 10 serrotes e três martelos feitos de EVA:
O que você pode-me dizer sobre este material? São ferramentas
Conhece estas ferramentas? Sim, martelinhos e serrotinhos
Serrote é ferramenta? Sim
Pedi que ele colocasse todas em uma mini caixa de madeira e perguntei:
Nesta caixa tem mais serrote ou ferramentas? Ele riu e, me disse: - Os dois são ferramentas.
Um menino me disse que tinha mais serrotes que ferramenta. - Mas são todas ferramentas.
Como você sabe? – O meu pai tem uma caixa de ferramenta no carro e serrote e martelo são ferramentas.

Técnicas projetivas

As técnicas projetivas psicopedagógicas têm o objetivo de investigar a rede de vínculos que o sujeito possui em três domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo. Em cada um destes domínios, guardando as diferenças individuais, é possível reconhecer três níveis em relação ao grau de consciência dos distintos aspectos que constituem um vínculo, o vínculo de aprendizagem.
Segundo Sara Pain, o que podemos avaliar no desenho ou relato é a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e harmoniosa e elaborar a emoção. Também permitirá avaliar à deteriorização que se produz no próprio pensamento. (1992, p.61)

Vinculo escolar – nesta sessão pedi a I. que desenhasse duas pessoas: uma que ensina e outra que aprende.
I. Ficou muito inquieto e disse que isto ele não sabia desenhar e que, não iria desenhar uma professora, disse a ele que a gente aprende com muitas pessoas e não só com a professora. Ele pediu para ir ao banheiro, deixei, porque vi que ele estava bastante agitado. Quando ele voltou resolveu desenhar. Depois que acabou me disse- é isto que sei desenhar. Ele desenhou um garotinho olhando o mar e um peixe saltando do mar.
Perguntei o que ele tinha desenhado? - me respondeu que era o mar, mas ele achava que estava errado, porque ele desenhou o mar nas laterais da folha como se fosse uma cachoeira.


Você já viu o mar?  - Não
Gostaria de ver? – claro, deve ser bonito
E isto aqui (apontei para o desenho) o que é?  - Um peixe pulando do mar
Por que ele está pulando do mar? – não sei
E este garoto, quem é? – não sei
Gostaria de dar um nome a ele? - não
Você quer pintar o desenho? – não, porque não sei pintar.
O seu avô pescava? – não e, não quero falar dele
E o seu pai? - também não.
Fiz esta pergunta para saber se este não era uma aprendizagem interiorizada do aluno. Uma das duas figuras paternas poderia ter ensinado isto a ele.
Percebi que o aprendente estava muito agitado e resolvi deixá-lo escolher um jogo e, nós terminamos a sessão com um jogo da memória de números. Este jogo consiste em um certo número de figuras, que a criança tem que contar e depois pegar a outra peça com o número correspondente, percebi que ele conta figuras até o número 13, mas na hora de pegar a peça com o número correspondente ele esquece.
Vinculo Familiar - Nesta sessão pedi que ele desenhasse a planta de sua  casa.
O aprendente pegou a folha e, antes de desenhar me avisou que não vai desenhar nada da escola. Perguntei o porquê? – porque não sei.
I. desenhou os cômodos de sua casa e me explicou como era a sua casa, disse que queria um quarto só para ele, mas dormia com a mãe e a irmã no mesmo quarto e que, a mãe havia prometido que no natal o irmão mais velho vai embora e ele vai para o outro quarto.
Onde você faz lição de casa? – Quando eu faço- faço na cozinha   
O adolescente me mostrou no desenho os cômodos de sua casa, fez comentários sobre a sala, onde fica o seu vídeo game, me disse que quando for para o seu quarto irá dormir até mais tarde.
Diferente da outra prova o aluno me pareceu bastante calmo, desinibido e até contente em me mostrar a sua casa. I. tem um relacionamento bastante equilibrado com sua família, porém algumas vezes me reclamou sobre a mãe não deixá-lo sair com o pai, quando este aparece. O seu maior tabu é falar sobre o avô falecido quando ele estava com 10 anos.
Elaboração do segundo sistema de hipóteses

O educando apresentou nível 3 em sua avaliação cognitiva, conservou em todas as provas e ainda ria de mim quando eu fazia uma contra argumentação. Quanto às provas projetivas, ele demonstrou um péssimo vinculo com o aprendizado e com as pessoas que fazem parte deste sistema. Fiz perguntas sobre as suas professoras, tanto as do ano em questão como as anteriores, mas ele não gosta de falar delas e disse não lembrar o nome de nenhuma professora. Porém esquecer os nomes pode estar relacionado a curta memória apresentada pelo aprendente, mas o não querer nem falar demonstra as dificuldades que o aluno passou neste caminho de aprendizado frustrante. Em determinado momento ele me disse que só lembrava dos professores gritando com ele, porque ele não conseguia escrever e todos achavam que ele era preguiçoso, para I  ele está sozinho em seu aprendizado e, sente que não pode contar com ninguém, segundo ele nunca tiveram paciência ao ensiná-lo e isto não ocorreu somente no ambiente escolar, mas com seus familiares também. Em relação a provas de vinculo familiar o aluno apresentou um bom vinculo com a família, mas reclamou da falta de participação do pai e da super proteção da mãe que não o deixa sair nem para brincar. Apresentou interesse em sair do quarto da mãe para ter mais independência nos seus horários e objetos.

Teste de snellen

O sistema padrão universal para avaliar a visão é o teste de Snellen. Este teste, que a maioria de nós conhecemos, consiste em ler linhas de letras cujo tamanho vai diminuindo e as quais estão penduradas a uma distância padronizada da pessoa a ser testada. Cada linha na tabela diz respeito a uma graduação que representa a acuidade visual.
Cada fileira é designada por um número, correspondente a distância na qual um olho normal é capaz de ler todas as letras da fileira. Por exemplo, as letras na fileira "40" são suficientemente grandes para que um olho normal veja na distância de 40 pés.
Neste teste foi diagnosticada uma acuidade visual de 50% da visão normal, portanto é necessário encaminhamento ao oftalmologista.


Teste motor

I. não consegue recortar  desenhos, mesmo com linhas tracejadas, não tem firmeza para segurar a tesoura, fica todo perdido para fazer esta atividade. Sua lateralidade não é definida, confunde lado esquerdo e lado direito de seu corpo. Apresentou dificuldades quanto à orientação temporal.


Testes pedagógicos

I. Está no nível intermediário entre pré-silábico e silábico, ainda escreve algumas coisas sem sentido, mas em alguns momentos o som faz sentido em sua escrita, porém se pegar o alfabeto móvel ele escreve palavras com sentido e não confunde fonemas. Passei algumas atividades para ele com figuras e nessas atividades ele escreveu palavras com sentido e, entende o que escreveu. O aluno faz cópias da lousa no caderno, mas não entende nada que escreveu. Ele me disse que aprendeu a fazer isto porque assim os professores não gritam mais com ele, porque ele fica o tempo todo ocupado, fazendo cópias.


Testes de matemática


Neste teste trabalhamos a soma e depois subtração, quando tentei fazer com dois algarismos o aprendente não conseguiu.
Utilizei de colagem de figuras para desenvolver uma situação problema com o aluno. Fui ditando e ele procurando e colando as figuras e, anotando a quantidade de objetos comprados pela mãe, na situação problema, ao final ele contou nos dedos a quantidade de objetos para dar o valor.


Teste fonológico


Neste teste o aluno não fez confusão entre os fonemas P e B, T e D e, V e F. Ele se surpreendeu ao ver que ele conseguia escrever ouvindo o que eu falava, pois segundo ele não sabia escrever. A palavra gata ele quis escrever para me mostrar que sabia. Descobri que houve um progresso durante a fase diagnóstica, porque o educando na EOCA demonstrou conhecer apenas os grafemas e não tinha consciência de que a escrita representa o som da fala, durante os testes expliquei para ele que era assim que funcionava e, deixei o alfabeto móvel a sua disposição e sempre que possível mostrava o som das silabas para ele. Assim ele fez uma ligação entre grafema e fonema. O aprendente necessita de acompanhamento psicopedagógico, pois pode avançar muito mais nesta trajetória da aprendizagem.
Outra atividade pedagógica feita com o educando, foi prova de rimas, porém ele não conseguiu completar a atividade, em palavras como panela ele tentou rimar com fogão. Mesmo com explicações e exemplos sobre som, ele não conseguiu.


Elaboração do terceiro sistema de hipóteses 

           O aprendente demonstrou um baixo nível de aprendizado para a sua idade cronológica e seu nível educacional, porém não confundiu fonemas, mas não conseguiu rimar. No teste de snellen apresentou dificuldades visuais. No teste matemático, demonstrou saber fazer adição e subtração com unidades, porém com decimais ele não consegue. Em teste de interpretação, o aluno consegue interpretar bem o texto, desde que outra pessoa leia para ele. Solicitarei a família avaliações com outros profissionais como, oftalmologista, neurologista e fonoaudiólogo, para verificar possível dislexia.


                       
Cibele Alves ABPP-SP 179 às 17:19
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