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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Escolas particulares adotam os livros digitais Quais são as vantagens para professor e aluno?



AIunos do ensino médio da Escola Internacional de Alphaville usando seus tablets. A aula de química ficou mais interessante (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA)
A agitação dos alunos é a mesma de todo início de aula, em qualquer escola e em qualquer turma de garotas e garotos com seus 15 anos. Embalados pelo calor de uma tarde de fevereiro, falam alto e dão risadas. Como sempre, o professor gasta preciosos minutos da aula para acalmar o grupo, usando frases que soam familiares. “Vamos sentando, pessoal”, “Por favor, a aula vai começar”, “Gente, vamos lá, silêncio”. Aos poucos, o volume da conversa diminui, eles se sentam, tiram o material das mochilas. É quando chega aquele momento em que se espera ouvir outra frase-padrão: “Peguem seus livros e abram na página tal”. Em vez disso, Adalberto Castro, que ensina química para o ensino médio, pede a seus alunos que abram seus tablets. “Baixem os aplicativos Chemical e PSE”, diz. “Vamos usá-los nesta e na próxima aula.” A partir daí, as coisas começam a parecer um pouco diferentes do que numa aula tradicional sobre moléculas.
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Castro trabalha na Escola Internacional de Alphaville, em São Paulo, uma das poucas escolas particulares do país que adotaram livros didáticos digitais acessíveis por tablets. A chegada das obras de editoras como Ática, Scipione, FTD e Moderna aos colégios é o primeiro movimento significativo, desde o início da febre dos tablets na escola, em direção a uma mudança concreta no ensino. Há cerca de um ano, os aparelhos serviam mais como marketing que como material didático. Passada a euforia da novidade, agora as escolas começam a experimentar, de maneira mais planejada, seu uso em sala de aula. O conteúdo do currículo escolar acessível pelo tablet ajuda a descobrir o que se ganha colocando aparelhos caros, frágeis e fascinantes na mão de professores e alunos.

Em janeiro, o Ministério da Educação – comprador de cerca de 80% dos livros didáticos – anunciou que abrirá licitação para livros didáticos digitais. Eles serão adotados nas escolas públicas de ensino médio em 2015. Dois meses antes, o governo distribuiu tablets para os professores das mesmas escolas, em treinamento para usá-los.

Há diferentes modelos de livro didático digital. O mais simples é apenas uma cópia do livro impresso em capítulos, que pode ser acessada por qualquer computador. Esse modelo existe há algum tempo. Há uma versão um pouco mais sofisticada, que se limita a incluir no livro de papel, ao longo dos capítulos, endereços eletrônicos. Esses endereços são acessados pelos alunos num portal de conteúdo didático, desenvolvido pela editora, que armazena complementos eletrônicos ao livro impresso. O que chega agora nas escolas é algo distinto. São coleções inteiras de livros de diferentes disciplinas, feitas para usar no tablet. Esse livro virtual reúne textos dos livros de papel e recursos multimídia. Sem sair do livro ou do tablet, alunos e professores podem ver vídeos, tocar músicas, entrar em galerias de fotos, baixar aplicativos, consultar gráficos animados e a internet. O professor tem seu próprio tablet, de onde pode acessar o aparelho dos alunos para fazer intervenções, como grifar trechos de um texto.
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A combinação entre conteúdo didático digital e as peripécias de que um tablet é capaz se conectado à internet é uma isca para escolas, professores e alunos. Algumas vantagens surgem de cara. A primeira é atrair a atenção dos alunos para o conteúdo. Engajar o aluno na aula é um dos maiores desafios dos professores. Eles lançam mão do tablet para se aproximar dos alunos, e os alunos, do que será ensinado na aula. “O envolvimento da turma numa aula com tablet é visivelmente maior”, afirma Silvana de Franco Rodrigues, diretora pedagógica do Colégio Piaget, de São Paulo. “A vantagem de ter um aluno motivado é que há mais chance de ele se interessar pelo assunto da aula”, afirma Cristiano Mattos, pesquisador do ensino de ciências da Universidade de São Paulo (USP).
Os professores afirmam que conseguem aproveitar melhor os 50 minutos da aula. Sandra Hoefling Petracco, professora de português e literatura do Piaget, costuma incrementar suas aulas com trechos de filmes, músicas e outros recursos multimídia. É um alívio para ela não ter mais de se virar com televisão, DVD, projetor, computador, pen drives. Sandra começou a usar o tablet com conteúdo didático digital neste ano, com seus alunos do ensino médio. “Perdia um tempão colocando todos esses aparelhos para funcionar”, diz. “O conteúdo da aula no tablet me dá todos os recursos com um toque. Com isso, tenho mais tempo para circular pela classe e interagir com os alunos.”
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Apesar do tom de euforia, os educadores ainda têm dúvidas sobre como usar o livro digital. Mesmo as escolas que planejam adotar tablets há pelo menos dois anos estão cautelosas. “Estamos numa fase inicial, avaliando como e quando usar”, diz Cristiana Mattos Assumpção, coordenadora de tecnologia educacional do Colégio Bandeirantes, de São Paulo. Lá, apenas algumas disciplinas do ensino médio do colégio usam o livro didático digital. Os tablets são testados com um grupo pequeno de alunos. Na Escola Internacional, todos os alunos do ensino médio usam um aparelho, que levam de casa (quem não tinha teve de comprar), mas não em todas as disciplinas. Para os menores, a opção foi fornecer os tablets usados em algumas aulas. Eles circulam pelas classes num carrinho que serve ao mesmo tempo de armário e carregador de bateria. Em ambos os casos, os alunos são os responsáveis pela segurança dos aparelhos.

Dentro da sala de aula, os professores têm liberdade para montar suas aulas. O professor Adalberto Castro usa exclusivamente o tablet em todas as aulas. Sandra, do Piaget, usa em aulas esporádicas – e, mesmo assim, com material impresso. Nenhuma das escolas abandonou o livro impresso – nem pensam que algum dia isso acontecerá. “A opção é dos professores”, afirma Francisco Mendes, coordenador de tecnologia educacional da Escola Internacional. Doutor em educação e professor há 25 anos, ele é o responsável por orquestrar as experiências de sala de aula. “Assisto às aulas com tablets, do fundo da sala, para observar o que faz sentido para o aprendizado do aluno e apontar o que pode ser melhorado”, diz.

O potencial dos livros didáticos digitais ainda está longe da atual realidade das salas de aula. Eles poderão ser mais eficientes se associados a sistemas de monitoramento e avaliação de desempenho. Esses sistemas conseguem medir como o aluno usa o material para estudar em casa. Fazem estatísticas para avaliar o grau de acerto, o tempo usado em cada lição ou estudo e outros indicadores que mostram se um aluno está com dificuldades ou se uma turma inteira está ficando para trás. Isso dá tempo à escola ou ao professor para intervir. Também permite que o professor adapte o ensino a alunos com ritmo e estilo diferentes. Alguns entenderão a reprodução celular com um gráfico, outros com um vídeo, outros ainda gostarão de um texto. Outra vantagem dos sistemas de ensino digital é que os trabalhos, feitos on-line, ficam para sempre acessíveis ao aluno. Ninguém precisa guardar pilhas de cadernos velhos no alto do armário.

A consulta, com funções de busca por assunto ou palavra-chave, é melhor para relembrar alguma lição aprendida em anos passados. Esses sistemas já existem no mercado brasileiro. Falta fazer a integração com o conteúdo didático.

Se todas essas vantagens dos livros didáticos digitais melhorarão o ensino é o que realmente importa. Como garantir que o encantamento dos alunos pelo tablet no início do ano vire nota boa no final? Essa discussão não começou com o livro didático digital. Nem com os tablets. Antes, havia o laptop. Antes deles, os laboratórios de informática. Estudiosos do uso de tecnologia na educação afirmam que a migração dos livros didáticos para o meio digital é uma excelente oportunidade para turbinar o aprendizado. Mas há medidas cruciais para que essa oportunidade se concretize. “O conteúdo dos livros é apenas uma parte do processo de aprendizado”, afirma Cesar Nunes, consultor internacional de tecnologia e educação.

A outra é o professor, que nunca teve papel tão essencial quanto agora. “Virei uma estudiosa de aplicativos”, diz Sandra, do Piaget, professora há quase 40 anos. Antes de optar pelo conteúdo didático digital (no caso do Piaget, do Uno Internacional, uma empresa da editora Santillana), os professores do Piaget formaram uma espécie de clube do aplicativo. Cada um pesquisava e testava aqueles que poderiam ser usados em sala de aula. O resultado foi um banco de aplicativos, usados em combinação com o conteúdo curricular. Para fazer isso, os professores precisam de treinamento. “Tanto os que estão dando aulas agora quanto os que ainda não se formaram”, afirma Sérgio Amaral, coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica Aplicada na Educação, da Universidade de Campinas (Unicamp). Ele defende ainda que a única forma de fazer uma avaliação confiável do benefício dos tablets é usar métricas para avaliar o impacto no aprendizado.

Fora da escola, as editoras ainda têm muito trabalho a fazer. Há uma queixa geral entre educadores sobre o conteúdo digital oferecido. “Ainda precisa melhorar – e isso é urgente”, afirma Amaral. As editoras foram surpreendidas pela demanda das escolas particulares por versões para tablet. “Foi como um tsunami”, diz Fernando Moraes Fonseca Jr., gerente de inovação e novas mídias da editora FTD. Forçadas a mudar sua linha de produção e o perfil de seus funcionários (agora pesquisadores e educadores dividem suas mesas com programadores e desenvolvedores de softwares), elas ainda tentam se adequar. “O modelo de negócios ainda está indefinido”, afirma Sérgio Quadros, presidente da Associação das Editoras de Livros Didáticos e presidente da Santillana. A maioria das grandes editoras nem sequer vende o livro digital separado do impresso. O aluno compra o livro de papel e ganha um login e senha para acessar o digital.

O Brasil está no mesmo passo que outros países, que também tentam encontrar o melhor caminho para o uso dos livros didáticos digitais em tablets. A Coreia do Sul, com um dos sistemas de ensino mais eficientes e conectados do mundo, acaba de voltar atrás na decisão de substituir totalmente o livro impresso por tablets. Esse era o plano do governo, que começou a conversar com as editoras em 2009. Agora, as aulas serão com tablets e livros de papel. A justificativa foi a preocupação com o excesso de uso de aparelhos como smartphones, tocadores de música e tablets pelos jovens. Obrigar a usar mais um dentro da escola, avaliou o governo coreano, poderia ser mais prejudicial que benéfico. Os coreanos também não adotarão os aparelhos na alfabetização. Nos Estados Unidos, o governo anunciou no final do ano passado que todos os livros didáticos nas escolas públicas serão digitais.

SEM FRONTEIRAS

Biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Seu acervo digitalizado está acessível a qualquer leitor do planeta (Foto: Kim Karpeles/Alamy)
Assim como no ensino básico, o uso de livros digitais por alunos e professores nas universidades ainda é incipiente. E sua popularização é inevitável. Em geral, a exigência de leitura nos cursos de graduação é alta, e as bibliotecas não dão conta da demanda. Faltam espaços físicos e investimento em infraestrutura. A alternativa são as bibliotecas virtuais, com acervos de e-books em seu formato mais simples, apenas para leitura. “Incluir um vídeo ou uma animação para explicar determinado conceito é mais caro e mais complexo, mas é um caminho que pretendemos seguir”, afirma Rodrigo Madeira, gerente de novos negócios do Grupo A, uma editora de livros técnicos.

A oferta de obras inteiras digitalizadas ou de capítulos para consulta também representa uma economia para os estudantes e ajuda a evitar cópias ilegais, um dos principais desafios das editoras de livros voltados para cursos superiores. O grupo Estácio, presente em 20 Estados, distribui tablets com material didático para alunos de alguns de seus cursos. Pagou pelos direitos autorais de 100 milhões de páginas. Em média, cada disciplina requer a leitura de 150 páginas por semestre. Para evitar que os materiais sejam pirateados, os tablets pedem uma senha para o aluno de 30 em 30 dias, e os conteúdos têm ainda uma trava impedindo cópias.

As bibliotecas digitais das universidades seguem modelos diferentes. Em abril, será inaugurada a Biblioteca Pública Digital Americana. Ela oferecerá, gratuitamente, o acervo em domínio público de diversas bibliotecas acadêmicas do país. O projeto é coordenado pela Universidade Harvard. No Brasil, ao menos duas plataformas, formadas por grupos de editoras, já oferecem e-books em diversas faculdades. Elas pagam uma assinatura mensal para que seus alunos consultem livros científicos, técnicos e profissionais. Os estudantes são livres para ler a mesma obra quantas vezes quiserem, além de realçar partes do texto e fazer anotações, que ficam registradas numa conta individual.

O Projeto Minha Biblioteca, das editoras Saraiva, Grupo A, Atlas e Grupo Gen, armazena 3.400 e-books numa nuvem, um serviço para guardar dados on-line, que pode ser acessado por computador, tablet ou smartphone. O site existe há um ano e é usado por cerca de 20 instituições. A Biblioteca Virtual Universitária das editoras Pearson, Manole, Contexto, IBPEX, Papirus, Casa do Psicólogo, Ática, Scipione, Martins Fontes, Companhia das Letras, Educs, Rideel e Jaypee Brothers funciona desde 2005. Ela oferece cerca de 2 mil títulos para 130 faculdades. Há ainda o modelo da USP, que optou por um sistema próprio, com 300 mil e-books à disposição de seus alunos e, em parte, das comunidades da Unicamp e da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Tanto na universidade quanto na escola, os livros digitais estão chegando. O desafio agora é usá-los para melhorar o ensino.


Fonte: http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2013/03/escolas-particulares-adotam-os-livros-digitais.html(CAMILA GUIMARÃES E AMANDA POLATO)

A importância da cultura digital na aprendizagem










Consultora em tecnologia e educação aborda as tecnologias educacionais como um desafio para as novas formas de ensinar e aprender

Em um mundo cada vez mais digital, com uma enxurrada de informações enviadas e recebidas a cada instante, através de meios tecnológicos diversos, é preciso saber aproveitar o aprendizado. Em sala de aula, o desafio dos docentes é aprender a usufruir as chamadas TDICs – Tecnologias Digitais de Informação e de Comunicação – incorporando-as nas práticas educativas. Mas como unir tecnologia e educação para dar uma aula? Confira a nossa entrevista com Maria Aparecida José, consultora em Tecnologia e Educação. Cidinha, como é conhecida no ambiente profissional, fala sobre a importância do uso das tecnologias integradas ao currículo e sobre como a cultura digital pode modificar o processo da aprendizagem.

TecEduc – Como se configura a cultura digital frente às inúmeras possibilidades propiciadas pelos meios de comunicação? Existe uma nova forma de busca pelo conhecimento?
Cidinha – A cultura digital se constitui no uso dos diferentes dispositivos digitais e das linguagens que se constroem em torno do que denominamos mundo digital. A comunicação se traduz por diferentes formatos digitais – vídeos, áudios, animações, imagens – que convergem para múltiplos contextos, sejam os das redes sociais, dos ambientes de aprendizagem ou dos aplicativos que conectam pessoas em tempo real, por exemplo. Então, de fato, existe uma nova forma de busca pelo conhecimento, que está mais acessível, mais distribuído e digitalmente mais armazenado em comparação com as antigas formas, como os livros, enciclopédias ou bibliotecas. Hoje, lidamos mais com recursos abertos, com licenças livres, tanto de aplicativos quanto de conteúdos. Somos mais propensos a sermos produtores na rede do que meros usuários. No entanto, apesar de tudo estar mais próximo a nós, a um “clique” do mouse, quais fontes são fidedignas em relação ao universo que se abre diante de nós e como desenvolver a educação nessa perspectiva é nossa problematização atual.

TecEduc – Qual é o grau de inserção, de apropriação e de construção da prática pedagógica em meio a essa cultura? Como podemos visualizar o cenário pedagógico a partir das tecnologias nas escolas?
Cidinha – Se já somos os construtores da cultura digital a cada momento em que nos utilizamos das tecnologias para produzir a vida social, por que, em sala de aula, a incorporação de contextos digitais de aprendizagem ainda não potencializa novas práticas pedagógicas? Sabe-se que a presença das interfaces digitais na mediação das aprendizagens não necessariamente altera o cenário pedagógico escolar. Mas, se o currículo dialogar com a cultura digital, reconstruindo, a partir disso, a cultura de aprendizagem até então constituída na cultura escolar, estaremos, de fato, caminhando em direção a mudanças significativas nos modos de ensinar e de aprender. Esse é o sentido da inserção e da apropriação das tecnologias, como possibilidade para outras práticas em educação.

TecEduc – Levando em conta a disseminação dos conteúdos digitais, a ampliação da mobilidade e a popularização das redes sociais, como os docentes podem associar o ensino a essas potencialidades?
Cidinha – Já é inquestionável que as tecnologias devem ser adotadas e utilizadas em integração com o currículo. O que fora da escola produz cultura digital, como as redes sociais, que colocam pessoas em conexão, produzindo conteúdos, é um dos exemplos que nos ajuda a refletir. Vamos observar que a disseminação e a ampliação da mobilidade e da conectividade são a base para se falar em cultura digital. A escola “off-line” no sentido da articulação com o mundo digital permanecerá assim, se não for compreendida como igualmente produtora de conhecimento na sociedade contemporânea. Não há mais espaço para conteúdos que esvaziem o protagonismo de professores e alunos no uso das tecnologias em sala de aula.

TecEduc – Neste contexto digital, como é a receptividade dos alunos às novas formas de aprendizado? E como as salas de aula podem ser enriquecidas com a evolução da tecnologia na educação?
Cidinha – Estamos em convivência com uma geração de múltiplas interfaces digitais. Por diferentes caminhos elas se comunicam, produzem, criam, recriam, consolidam pertencimentos aqui ou ali, nos inúmeros espaços digitais que têm à disposição. Por outro lado, ainda há um descompasso entre o mundo da escola e o mundo que para os adolescentes e jovens é de estrutura digital. Uma mensagem pode ser trocada instantaneamente, mas isso é entretenimento. Ou é currículo escolar? Quando uma mensagem é da ordem do currículo, da aprendizagem e quando se caracteriza como algo fora do que costumamos legitimar? Quem dará o tom da diferença nas aprendizagens diante de contextos semelhantes? Assim, falar na integração do currículo às tecnologias, na verdade, é buscar equacionar essas novas formas que, embora sob um mesmo dispositivo digital, se revelam totalmente separadas em relação à cultura de ensinar e de aprender.

TecEduc – Como é possível formar um aluno para produzir em rede, frente a uma sociedade que, muitas vezes, relativiza a autoria e estimula a apropriação indébita e indiscriminada de conteúdos disponíveis na Internet?
Cidinha – Com a ampliação de uso das tecnologias em nossas vidas também se ampliam as possibilidades de acesso ao conhecimento, por diferentes fontes, sequer imaginadas antes dos conhecidos “buscadores”. O aluno em sua relação com as interfaces digitais não só é um buscador, ou como se diz, um navegador. Nos tempos de conectividade e mobilidade, do “tudo ao mesmo tempo agora”, eles se tornam protagonistas que alimentam e são alimentados com informações através da rede. Publicam e publicizam seus conteúdos. E nos cabe, por outro lado, ao estimular esse protagonismo, formar para a ética do compartilhamento e da autoria. Nesse sentido, nós professores, ao integrarmos as tecnologias à sala de aula, devemos considerar que, na cultura digital, nossos alunos podem ser buscadores, navegadores, autores e intérpretes e isso não depende das tecnologias e sim do processo educativo que com elas estabelecemos.

TecEduc – Você considera que os docentes já estão atentos à importância da cultura digital no universo pedagógico? Como os professores devem encarar o desafio de associar a cultura digital ao currículo educacional?
Cidinha – As reflexões em torno do uso das tecnologias na educação já ultrapassaram a mera discussão de sua importância, avançando no sentido de sua intencionalidade pedagógica. No entanto, não são os artefatos da cultura digital que estão em pauta, pois surge um novo dispositivo a cada obsoletismo funcional de outro e isso se dá de forma muito dinâmica e acelerada. A questão a considerar é relacionada ao currículo, ao desenvolvimento de práticas pedagógicas mediadas por tecnologias. O ensino da geografia, por exemplo, pode ser o mesmo diante das novas possibilidades de se ver o espaço, seja por GPS ou por mapas interativos? Certamente as tecnologias reestruturam o modo como vivemos e isso não é privilégio da vida social em si, é fundamentalmente parte do processo educativo que integra a vida como um todo.

Fonte: http://www.positivoteceduc.com.br/palavra-do-especialista/importancia-da-cultura-digital-na-aprendizagem/

sábado, 14 de janeiro de 2017

Fonema

O que é fonema?

Fonema é a menor unidade sonora usada pela fonologia. O fonema é o que nos permite diferenciar as letras e os sons que a união dessas letras produzem para a formação de uma palavra. Alguns fonemas podem ser muito diferentes um do outro, mas quando colocados em uma palavra é preciso tomar cuidado. Como é a menor unidade sonora, ao ser colocado em conjunto, é muito mais fácil confundir. Apesar de estarem muito relacionados com a oralidade, os fonemas também são de bastante utilidade para a língua escrita, temos significação de cada um dos fonemas de nossa língua em forma de letras, e cada letra tem enquadra-se em uma categoria, ou vogais, ou consoantes.

É bem mais simples perceber o fonema quando lemos em voz alta uma palavra. Por exemplo:

Casa: possui quatro letras, e cada uma das letras tem um som, \C\A\S\A\. Se tirássemos o C, seria só \A\S\A\, que já é outra palavra.

Homem: Possui cinco letras, mas só quatro fonemas. O “H” não é pronunciado, então temos os fonemas \HO\M\E\M\.

Táxi: Possui quatro letras e cinco fonemas. Isso se dá porque o “X” tem som de “ks” então quando separamos os fonemas temos \T\A\k\S\I\.

Algumas letras podem assumir vários fonemas. A letra “S”, por exemplo, tanto pode ser “sê” como visto na palavra “sinto”, ou “zê”, como na palavra “casar”. Já a letra “X”, além do “ks” ainda pode assumir os fonemas “sê”, “zê” e “chê”, vistos respectivamente em “sexto”, “exagerar” e “xaveco”.

Com um conhecimento geral sobre fonemas, já podemos estudar como se dividem e quais são as particularidades deles.

Vogais

Vogal é um fonema natural, formado pelo ar que passa direto pela boca ou pelo nariz, e que faz vibrar as cordas vocais. Bebês, enquanto ainda não sabem falar, produzem sons numa tentativa de comunicação, esses sons são vogais. As vogais são o começo da fala e da comunicação humana, e também a base das sílabas no português. Representadas pelas letras A, E, I, O e U, elas são essenciais para a formação de uma sílaba. Ajuntamentos de palavras sem a presença de pelo menos uma vogal não são considerados sílabas. Em outras línguas, as vogais podem não ter tanta importância, mas há outras letras que podem assumir fonemas que possibilitam o entendimento.

As vogais podem ser classificadas por sua intensidade, timbre e articulação. Quando classificadas pela intensidade elas podem ser:

Tônicas: Vogais que carregam o acento principal da palavra.
Semitônicas: Vogais que carregam o acento secundário da palavra.
Átonas: Vogais que não carregam nenhum acento da palavra.
Quanto ao timbre, essa divisão pode ser feita conforme os seguintes critérios:

Abertas – Vogais pronunciadas com o máximo da boca aberta.
Fechadas – Vogais pronunciada com o máximo da boca fechada.
Pela articulação, a divisão é mais complexa:

Modo – Via usada para pronunciar a vogal: pode ser oral ou nasal.
Ponto – Posição da língua na boca ao pronunciar a vogal: posterior, central ou anterior.
Semivogais

São vogais que não ocupam uma posição central na sílaba. Acontecem no encontro entre duas vogais em uma mesma sílaba, em que uma é a vogal principal, com o tom mais intenso, e a outra é a semivogal, que possui um papel secundário. Em um encontro vocálico, o /a/ sempre será a vogal principal, /i/ e /u/ sempre serão semivogais, e /e/ e /o/ podem assumir os dois papéis.

Consoantes

As consoantes são sons produzidos sob a influência de obstáculos do aparelho fonador. Diferente das vogais, cujos sons se formam a partir da simples vibração do ar nas cordas vocais, as consoantes precisam dos lábios, dentes, língua, palato, véu palatino, úvula ou qualquer outro obstáculo para serem pronunciadas. As consoantes, assim como as vogais, podem ser classificadas quanto a alguns aspectos.

Quanto ao papel das cordas vocais:

Surdas ou desvozeadas: Consoantes que não passam pelas cordas vocais.
Sonoras ou vozeadas: Consoantes que passam pelas cordas vocais.
Quanto ao modo de articulação:

Oclusivas – Pronunciadas fechando-se o aparelho fonador para impedir a saída do ar.
Fricativas – Pronunciadas através da fricção do ar em um obstáculo.
Laterais – Pronunciadas pela passagem do ar pelo canto da boca.
Vibrantes – Pronunciadas pela vibração de um elemento do aparelho fonador.
Nasais – Pronunciadas pela saída do ar pelo nariz.
Quanto ao ponto de articulação:

Bilabiais – Pronunciadas pelo contato dos lábios.
Dentais – Pronunciada pelo contato da língua com dentes.
Alveolares – Pronunciada pelo contato da língua com alvéolos dos dentes.
Labiodentais – Pronunciada pelo contato dos lábios com a arcada superior dos dentes.
Palatais – Pronunciada pelo contato da língua com o palato.
Retroflexivas – Pronunciada pela curvatura da língua.
Velares – Pronunciada pelo contato da parte traseira da língua com véu de palatino.
Uvulares – Pronunciada pela vibração da úvula.
Glotais – Pronuncivibração da ada pela glote.

Colocação Pronominal




Colocação pronominal é a área da gramática que determina a posição dos pronomes
oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo.
Cada posição do pronome recebe um nome: próclise, mesóclise e ênclise. Veja
 algumas regras e seus exemplos:

Próclise

Colocação pronominal antes do verbo. É usada quando o verbo estiver precedido de
 uma palavra que atrai o pronome.

1. Na ocorrência de expressões negativas: não, nunca, jamais, ninguém, nem, de
 modo algum.

Exemplos:
Não se esqueça de desligar o fogão!
Nunca me dê motivos para eu ir embora.
João nunca se importou com a família.

2. Em frases com advérbios.

Exemplos:
Aqui se tem tranquilidade.
Agora me devolva o lápis!
Ele simplesmente se ofendeu.

Obs: Se existir uma vírgula depois do advérbio, o pronome não deve ser colocado
antes do verbo.

Exemplo:
Agora, concentrem-se.

3. Pronomes relativos, indefinidos e demonstrativos.

Exemplos:
Pouco me importa seu carinho. (indefinido)
Quem te disse isso? (relativo)
Aquilo me trouxe tantos problemas. (demonstrativo)

4. Conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme,
 embora, logo, que.

Exemplos:
Porque me falaram sobre esse assunto.
Ouvi dizer que a desprezou.
Quando me trataram daquele jeito, eu chorei.

5. Em frases interrogativas e exclamativas.

Exemplos:
Quem me pagou a dívida?
Deus te abençoe, minha filha!

Mesóclise

É a colocação pronominal no meio do verbo. É usada quando:

1. O verbo estiver no futuro do presente ou futuro do pretérito.

Exemplos:
Acontecer-se-á, na próxima semana, a festa do meu aniversário.
Oferecer-se-iam os docinhos.
Acompanhar-te-ia ao médico, mas tenho um compromisso urgente.

Ênclise

É a colocação pronominal no final do verbo. Deve-se recorrer ao emprego da
 ênclise é quando a próclise e mesóclise não forem possíveis.

1. Verbo no imperativo afirmativo.

Exemplo:
Meninos, calem-se!

2. Verbo no infinitivo impessoal.

Exemplo:
Não posso atendê-lo.

3. Verbo iniciando a oração.

Exemplo:
Fizeram-me outra oferta.

Colocação Pronominal nas locuções verbais

Também pode existir colocação pronominal nas locuções verbais, que são
 formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio.
Veja a seguir os exemplos:

Preciso fazer-lhe uma proposta. (infinitivo)
Devo dar-te uma passagem para Miami. (infinitivo)
Fui contando-lhe a minha história. (gerúndio)