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quarta-feira, 8 de maio de 2013

 O QUE A LITERATURA PROPICIA À FORMAÇÃO DE UM SER HUMANO
         Na história da cultura ocidental, quando voltamos nosso olhar para os primórdios, lá estão os gregos com sua sabedoria. Muito difícil falar de literatura, de condição humana, de identidade terrena, compreensão e ética, sem nos lembrarmos deles. E naquele horizonte – povoado de mitos, heróis, deuses, tragédias, discussões filosóficas e textos literários que são ancestrais ainda presentes na literatura e no pensamento ocidental de hoje – encontramos o que certamente podemos considerar o primeiro conceito do poder da literatura em relação à vida humana: no livro Poética, Aristóteles usa o termo mimesis, traduzido hoje por representação ou ficção (em vez da palavra imitação, como encontramos em muitas traduções, inclusive na que vou citar aqui), para reabilitar a poesia e por extensão as tragédias, afirmando que através delas, ou seja, da literatura, o homem aprende sobre a sua própria condição. Veja: “A tendência para a imitação é instintiva no homem (...). Neste ponto distingue-se de todos os outros seres, por sua aptidão muito desenvolvida para a imitação. Pela imitação adquire seus primeiros conhecimentos, por ela todos experimentam prazer.” 1 Lembre-se que você pode substituir mentalmente a palavra “imitação” por “ficção” ou “representação”, porque, conforme opinião de muitos estudiosos da literatura, este é o sentido original da palavra usada por Aristóteles. As histórias contadas pelas ações dos personagens nas tragédias gregas, encenadas nos imensos anfiteatros de pedra da Grécia antiga2, eram uma imitação da vida real, eram uma representação da vida cotidiana, eram uma ficção criada por seus autores – Sófocles, Ésquilo, Eurípides, Aristófanes e outros – a partir do vivido, observado, intuído.

         Para justificar a sua crença no poder daquela ficção representada, no mesmo livro Aristóteles fala da katharsis – diante de situações humanas limites, o homem experimenta o terror, a emoção, a compaixão e o alívio final. Pelas suas palavras: “Tragédia é a imitação de uma ação importante e completa, de certa extensão; num estilo tornado agradável pelo emprego separado de cada uma de suas formas, segundo as partes; ação apresentada não com a ajuda de uma narrativa, mas por atores, e que, suscitando a compaixão e o terror, tem por efeito obter a purgação dessas emoções.” Assim, a palavra catarse foi usada para definir esse efeito moral e purificador da tragédia. Convido você a observar também, caro leitor, que a palavra “compaixão” explicita um movimento em relação ao outro: com-paixão, “paixão com” o outro, sentir com o outro, sofrer com o outro. O prefixo “co-”, “com-” significa aproximação, correlação, contiguidade. Temos aí o germe daquela expressão que encontramos hoje, nos textos de muitos escritores atuais, como sendo atributo da literatura: ensinar o leitor a “pôr-se em lugar do outro”.

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