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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Exercício de Interpretação de texto

 O recalcitrante
Carlos Drummond de Andrade

         O trocador olhou, viu, não aprovou. Daquele passageiro, escanchado placidamente no banco lateral, escorria um fio de água que ia compondo, no piso do ônibus, a microfigura de uma piscina.
         – Ei, moço, quer fazer o favor de levantar?
         O moço (pois ostentava barba e cabeleira amazônica, sinais indiscutíveis de mocidade),nem-te-ligo.
         O trocador esfregou as mãos no rosto, em gesto de enfado e desânimo, diante de situação tantas vezes enfrentada, e murmurou:
         – Estes caras são de morte.
         Devia estar pensando: Todo ano a mesma coisa. Chegando o verão, chegam os problemas. Bem disse o Dario, quando fazia gol no Atlético: Problemática demais. Estava cansado de advertir passageiros que não aprendem como viajar em coletivo. Não aprendem e não querem aprender. Tendo comprado passagem por 65 centavos, acham que compraram o ônibus e podem fazer dele casa-da-peste. Mas insistiu:
         – Moço! Ô moço!
         Nada. Dormia? Olhos abertos, pernas cabeludas ocupando cada vez mais espaço, ouviam e não respondia. Era preciso tomar providência:
         – O senhor aí, cavalheiro, quer cutucar o braço do distinto, pra ele me prestar atenção?
         O cavalheiro, vê lá se ia se meter numa dessas. Ignorou olímpico, a marcha do caso terrestre.
         Embora sem surpresa, o cobrador coçou a cabeça. Sabia de experiência própria que passageiro nenhum quer entrar numa fria. Ficam de camarote, espiando o circo pegar fogo. Teve pois que sair de seu trono, pobre trono de trocador, fazendo a difícil ginástica de sempre.Bateu no ombro do rapaz:
          - Vamos levantar?
         O outro mal olhou para ele, do longe de sua distância espiritual. Insistiu:
         – Como é, não levanta?
         – Estou bem aqui.
         – Eu sei, mas é preciso levantar.
         – Levantar pra quê?
         – Pra quê, não. Por quê. Seu calção está molhado de água do mar.
         – Tem certeza que é água do mar?
         – Tá na cara.
         – Como tá na cara? Analisou?
Forrou-se de paciência para responder:
         – Olha, o senhor está de calção de banho, o senhor veio da praia, que água pode ser essa que está pingando se não for água do mar? Só se...
         – Se o quê?
         – Nada.
         – Vamos, diz o que pensou.
         – Não pensei nada. Digo que o senhor tem que levantar porque seu calção está ensopado e vai fazendo uma lagoa aí embaixo.
         – E daí?
         – Daí, que é proibido.
         – Proibido suar?
         – Claro que não.
         – Pois eu estou suando, sabe? Não posso suar sentado, com esse calorão de janeiro? Tenho que suar de pé?
         – Nunca vi suar tanto na minha vida. Desculpe, mas a portaria não permite.
         – Que portaria?
         – Aquela pregada ali, não está vendo? “O passageiro, ainda que com roupa sobre as vestes de banho molhadas, somente poderá viajar de pé.”
         – Portaria nenhuma diz que passageiro suado tem que viajar de pé. Papo findo, tá bom?
         – O senhor está desrespeitando a portaria e eu tenho que convidar o senhor a descer do ônibus.
         – Eu, descer porque estou suado? Sem essa.
         – O ônibus vai parar e eu chamo a polícia.
         – A polícia vai me prender porque estou suando?
         – Vai botar o senhor pra fora porque é um... recalcitrante.
         O passageiro pulou, transfigurado:
         – O quê? Repita, se for capaz.
         – Re... calcitrante.
         – Te quebro a cara, ouviu? Não admito que ninguém me insulte!
         – Eu? Não insultei.
         – Insultou, sim. Me chamou de réu. Réu não sei o quê, calcitrante, sei lá o que é isso. Retira a expressão, ou lá vai bolacha.
         – Mas é a portaria! A portaria é que diz que o recalcitrante... – Não tenho nada com a portaria. Tenho é com você, seu cretino. Retira já a expressão,ou...
         Retira não retira, o ônibus chegou ao meu destino, e eu paro infalivelmente no meu destino. Fiquei sem saber que consequências físicas e outras teve o emprego da palavra “recalcitrante”.



Entendendo o texto
1-O que o trocador viu, olhou e não aprovou?
a)     Um fio de água no piso do ônibus;
b)    Um passageiro com o calção molhado;
c)     A microfigura de uma piscina.

2- Qual foi a primeira atitude do trocador?

3- Por que o autor concluiu que o passageiro era moço?
a)     O passageiro tinha cabelos e barba compridos.
b)    O passageiro fora à praia;
c)      o trocador chamara o passageiro de “moço”.

4- “Chegando o verão, chegam problemas”, por quê?
a)     Faz muito calor:
b)    muitos passsageiros, ao voltarem das praias,viajam com roupas molhadas;
c)     os passageiros viajam com trajes de banho.
5- Para o cobrador, os passageiros não aprendem como viajar em coletivos, porque:
a)     não pagam a passagem.
b)     acham que podem fazer no ônibus o que bem entendem.
6- Quando o trocador tornou a chamar o passageiro, este estava
a)     Dormindo, por isso não ouviu;
b)     acordado, mas não respondeu.
7- Frente a essa situação, o trocador pediu que cutucasse o braço do moço foi de:

8- A atitude do cavalheiro a que o trocador pediu que cutucasse o braço do moço foi de:
a)     Indiferença
b)    Antipatia
c)     Insolência
9- Explique a diferença que o trocador estabelece entre “pra que, não” e “por quê”.


10 O fato de o moço afirmar que está suando revela que:
a)     Está afirmando a verdade, porque fazia muito calor.
b)     Está irritando o trocador, pois todos percebem que é absurdo.
c)     Está com a razão.
11- O passageiro mudou de atitude quando
a)     O trocador chamou-o de recalcitrante;
b)     o trocador disse que iria chamar a polícia.
12 – O trocador conhecia o significado da palavra “recalcitrante”?
(  ) sim    (   ) não

13- O emprego de reticência na frase “vai botar pra fora porque é um ... recalcitrante” indica:
a)     Pausa na fala
b)    supressão de uma palavra
14- Assinale as causas que determinaram a discussão motivada pelo emprego da palavra recalcitrante.
(  ) O passageiro e o trocador desconheciam o significado da palavra.
(  ) O moço não a ouviu bem.
(  ) O trocador não pronunciou corretamente.
(  ) O passageiro julgou que a palavra fdosse uma ofensa.
(   ) Não existe a palavra na língua portuguesa.
(   ) O passageiro entendeu “réu” calcitrante”.
(  ) O trocador pronunciou a primeira sílaba da palavra com som aberto (ré) e forte.

15- O que você entende por “consequências físicas”?

16- Quando o autor afirma que ficou sem saber outras consequências que pode ter havido no emprego da palavra “recalcitrante”, provavelmente estaria se referindo às possíveis significações dadas a esta palavra, seja pelo passageiro ou pelo trocador?
(  ) sim  (  ) não

17- Se você  estivesse no ônibus, a quem daria a razão? Justifique sua resposta.

18- Na usa opinião, o que o autor pretende mostrar com esse texto?

         No texto , o autor serviu-se de um recurso da língua muito empregado quando pretendemos estabelecer uma comunicação: a NARRAÇÃO.
         Para entender o que é narração, vamos reler algumas partes do texto:
a)     “ o trocador, olhou, viu, não aprovou”.
b)     “- Ei, moço, quer fazer o favor de levantar.”
c)      “Devia estar pensando: Todo ano a mesma coisa”. Chegando o verão, chegam problemas.
Nesses três itens, o autor fala a respeito do trocador contando:
a)o que ele fez;
b) o que ele falou;
c) o que ele pensou.

O trocador é o personagem, isto é, quem vive um acontecimento ou fato.
O que o trocador fez, falou ou pensou é o fato.
São, portanto, elementos básicos da narração: Personagem -  Quem  participa dos fatos. E Fato – o que aconteceu.

Além do trocador, quais são os outros personagens do texto?

19-Indique nos trechos abaixo:
(a)  O que o personagem fez;
(b) O que o personagem falou;
          (c)O que o personagem pensou.
(  ) “ O trocador esfregou as mãos no rosto, em gesto de enfado e desânimo”.
(    ) “- Estes caras são de morte”.
(    ) “Não aprendem e não querem aprender”.
(    ) Embora sem surpresa, o trocador coçou a cabeça”.
(    ) “Ficam de camarote, espiando o circo pegar fogo”.
(    ) “ – Eu, descer, porque estou suando?Sem essa”.
(    ) “ O passageiro pulou, transfigurado”.

20-Numa narração, os fatos estão dispostos numa ordem. Disponha os fatos do texto numerando-os de acordo com a sequência dada pelo autor.
(    ) o passageiro alega estar suando.
(   ) Após ter ameaçado chamar a polícia o trocador denomina o  passageiro como recalcitrante.
(    ) O trocador percebe, no ônibus, a presença de um passageiro com o calção molhado.
(  ) A palavra “recalcitrante” provoca a discussão entre trocador e passageiro.
(    ) O trocador pede ajuda a um passageiro para chamar o moço.
(    ) para confirmar sua exigência, o trocador lê a portaria.
(    ) O passageiro é convidado a se  levantar.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sujeito
 (CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa..2ª Ed;RJ: FENAME,1975.p.137-144)

Parte II
Sujeito oculto (determinado)
    É aquele que não está materialmente expresso na oração, mas pode ser identificado. A identificação se faz:
a)    Pela desinência verbal:
Acordo, sempre, antes do sol.

    O sujeito de acordo, indicado pela desinência-o é eu.
b)    Pela presença do sujeito em outra oração do mesmo período ou de período contíguo:
    Enquanto isso, o mico espiralava tronco abaixo e pulava para o vinhático, e do vinhático para o sete casacas para o jequitibá; desceu na corda quinada do cipó cruz, subiu pelo rastilho de flores solares do uma de gato, galgou as alturas de um Angelim; sumiu nas grimpas; e, dali, vaiou.
        O sujeito de espiralava, pulava, desceu, subiu, galgou, sumiu e vaiou é o mico, mencionado na primeira oração, antes de espiralava.
        Venâncio não se perturbou. Abriu um guarda chuva para não ser inteiramente desmentido pelas goteiras e continuou, na guarita, a falar entusiasticamente ao sol. À limpidez do azul.
        O sujeito de abriu, ser desmentido e continuou a falar é Venâncio, mencionado na primeira oração, antes de perturbou.
        Pode ocorrer que o verbo não tenha desinência pessoal e que o sujeito venha sugerido pela desinência de outro verbo. Por exemplo, neste período:
        Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho.

        O sujeito de imaginei, indicado pela desinência verbal, é eu, também sujeito de iniciar, verbo de forma infinitiva sem desinência pessoal.
        Neste outro passo o verto está em forma finita:
        Dessa impassibilidade guardo uma visão que não quisera também antecipar.

        Eu, sujeito de guardo, é também o sujeito de quisera antecipar, perífrase em que o auxiliar de forma verbal finita não apresenta desinência pessoal.

Sujeito indeterminado
        Algumas vezes o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a ação, ou por não haver interesse no seu conhecimento. Dizemos, então, que o sujeito é indeterminado.
        Nestes casos em que o sujeito não vem expresso na oração nem pode ser identificado, põe-se o verbo:
a)ou na 3ª pessoa do plural:
Nunca lhe deram nada.
Mandaram chamar Isabela.
b) ou na 3ª pessoa do singular, com o pronome se:
Falava-se baixo, num burburinho, num zunzum.
    Precisa-se de operários.
    Os dois processos de indeterminação podem concorrer no mesmo período:
Mataram uma moça! – comentava-se dentro dos bares.

Oração sem sujeito
    Não deve ser confundido o sujeito indeterminado, que existe, mas não se pode ou não se deseja identificar, com a inexistência do sujeito.

    Em orações como as seguintes:
        Chove.               Amanhece.                Faz calor.

Interessa-nos o processo verbal em si, pois não o atribuímos a nenhum ser. Diz-se, então, que o verbo é impessoal: e o sujeito, inexistente.
    Eis os principais casos de inexistência do sujeito:
a)    Com verbos ou expressões que denotam fenômenos da natureza:
Chovia o dia inteiro, a noite inteira.
    No Nordeste faz calor também

b)    Com verbo haver na acepção de existir.
    poemas perfeitos, nãopoetas perfeitos.
    dores secas, comocóleras mudas.

c)    Com os verbos fazer, haver e ir, quando indicam tempo decorrido:
Aí vai esse poema escrito faz um ano.
Mas muitos anos que o Paraíba não repetia a façanha.
    Levava a preocupação absorvente de encontrar cartas de casa porque vai para dois meses que não as recebo
d)    Com o verbo ser, na indicação do tempo em geral:
Era noite fechada
É tarde, e eles não vêm!

Observações
1ª – Nas orações impessoais o verbo ser concorda em número e pessoa com o predicativo.
2ª – Também ocorre a impessoalidade nas locuções verbais. Neste caso, o verbo principal transmite sua impessoalidade ao verbo auxiliar:
    Lá não pode haver mais bichos do que no meu sertão e eu, graças a Deus, ainda estou aqui, vivo.
3ª – Na linguagem coloquial do Brasil é corrente o emprego do verbo ter como impessoal, à semelhança de haver. Escritores modernos – e alguns dos maiores – não têm duvidado em alçar a construção à língua literária:

    Tem noites em que me dá vontade de gritar, berrar, não sei, fico numa irritação que só vendo.
    Em Pasárgada tem tudo,
    É outra civilização...
4ª - Em sentido figurado, os verbos que exprimem fenômenos da natureza podem ser empregados com sujeito:
    Os oficiais anoiteceram e não amanheceram na propriedade.
    Também a esperança
    Orvalhou os campos da minha visão involuntária..
    De quando em quando rumores surdos trovejavam ao longe.

Da atitude do sujeito
    Quando o verbo exprime uma ação, a atitude do sujeito com referência ao processo verbal pode ser de atividade, de passividade, ou de atividade e passividade ao mesmo tempo.
1.    Neste exemplo:
A madrinha penteava o menino doente.
O sujeito a madrinha executa a ação expressa pela forma verbal penteava. O sujeito é, pois, o agente.

2.    - Neste exemplo:
          O menino doente era penteado pela madrinha.
    A ação não é praticada pelo sujeito menino, mas pelo agente da passiva – a madrinha. O sujeito, no caso, sofre a ação; é dela o paciente.

3- Neste exemplo:
    A madrinha penteava-se
    A ação é simultaneamente exercida e sofrida pelo sujeito a madrinha. O sujeito é então, a um tempo. O agente e o paciente dela.

    Como vemos, na voz ativa, o termo que representa o gente é o sujeito do verbo, o que representa o paciente é o objeto direto. Na voz passiva, o paciente torna-se o sujeito do verbo.

Com os verbos de estado
    Quando o verbo evoca um estado, a atitude da pessoa ou da coisa que dele participa é de neutralidade. O sujeito, no caso, não é o agente nem o paciente, mas a sede do processo verbal, o lugar onde ele se desenvolve:
    Pedro estava alegre, Paulo preocupado.
    O velho parecia em êxtase.
    Incluem-se naturalmente entre os verbos que evocam um estado, ou melhor, uma mudança de estado, os incoativos como adoecer, emagrecer, empobrecer, equivalentes a ficar doente, ficar magro, ficar pobre.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Uma atenção especial ao SUJEITO (by Prof. Netinha)

Sujeito

 (CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa..2ª Ed;RJ: FENAME,1975.p.137-144)

Parte I

O sujeito  é o termo sobre o qual se faz uma declaração.
Representação do sujeito:
Os sujeitos da 1ª e da 2ª pessoas são, respectivamente, os pronomes pessoais eu e tu, no singular; nós e vós (ou combinações equivalentes: eu e tu,tu e eles, etc.), no plural.
Os sujeitos da 3ª pessoas podem ter como núcleo:
a)    Um substantivo:
As crianças patinam nas praças.

b)    Os pronomes pessoais ele, ela (singular); eles, elas (plural):
          Ela sorriu tristemente.


c)    Um pronome demonstrativo, relativo, interrogativo, ou indefinido:     

     Aquilo não seria gente para eles.
    Vejo o céu que ao longe caminha
    Quem te pôs tão taciturno?
    Ninguém acreditava no que estava vendo.


d)    Um numeral:
Dormíamos as duas numa cama estreita.
Desceram ambos para o armazém.

e)    Uma palavra ou uma expressão substantivada:
O humilde não teme julgamento alheio.
Vulgar é o ler, raro o refletir.
O amar-te é uma coisa e o querer-te para compartir dos seus imensos bens é outra.


f)    Uma oração substantiva subjetiva:
    Parece-me que o mundo desabava sobre mim.
    Pior seria se o testamento ficasse nulo.

O sujeito pode ser simples ou composto.

    Quando o sujeito tem um só núcleo, isto é, quando o verbo se refere a um só substantivo, ou a um só pronome, ou a um só numeral, ou a uma só palavra substantivada, ou a uma só oração substantiva, o sujeito é simples, Esse o caso do sujeito de todos os exemplos atrás mencionados.
    É composto o sujeito que tem mais de um núcleo, ou seja, o sujeito constituído de:
a)    Mais de um substantivo:
    Oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem.


b)    Mais de um pronome:
    Passeamos juntos eu e ela toda esta tarde


c)    Mais de um numeral:
Passavam devagar, em fila, seis ou sete.

d)    Mais de uma palavra ou expressão substantivada:
    Ser amável e ser egoísta são coisas ao meu parecer distintas.


e)    Mais de uma oração substantiva:
    Que duas pessoas se amem e se separem é, na verdade, coisa triste, desde que não há entre elas nenhum impedimento moral ou social.

Observação: Outras combinações podem entrar na formação do sujeito composto, sendo particularmente comum a de pronome + substantivo, ou vice-versa:
    Eduardo e eu nos espalhávamos pelos domínios da fantasia.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

paralelismos gramaticais semânticos, rítmicos ou similicadência

O livro "Comunicação em prosa moderna", de Othon M. Garcia (Editora da Fundação Getúlio Vargas)
Um exemplo dado no livro (p.285):
Falta de paralelismo sintático:
"Passei alguns dias junto à minha família e revendo velhos amigos."
Pode-se evitar a incoerência:
a.    Omitindo-se a conjunção "e", que não deve coordenar "passei" a "revendo", formas verbais de estrutura e valor sintáticos diferentes; se a precisão o exigir, pode-se acrescentar um advérbio que expresse inclusão ou simultaneidade ("inclusive", "ao mesmo tempo"):
"Passei alguns dias junto à minha família, revendo, ao mesmo tempo, velhos amigos de infância."
b.    Tornando paralelas as duas orações ou parte delas:
"Passei alguns dias junto à minha família e (ao mesmo tempo) velhos amigos de infância."
"Passei alguns dias junto à minha família e a velhos amigos de infância."
O paralelismo semântico é também bastante comentado e exemplificado pelo autor.
Segundo o professor Othon:
"Se coordenação é, como vimos, um processo de encadeamento de valores sintáticos idênticos, é justo presumir que quaisquer elementos da frase - sejam orações sejam termos dela - coordenados entre si, devam - em princípio pelo menos - apresentar estrutura gramatical idêntica, pois - como, aliás, ensina a gramática de Chomsky - não se podem coordenar frases que não comportem constituintes do mesmo tipo. Em outras palavras: a idéias similares deve corresponder forma verbal similar. Isso é o que se costuma chamar "paralelismo" ou simetria de construção."
"Entretanto, o paralelismo não constitui uma norma rígida; nem sempre é, pode ou deve ser levado à risca, pois a índole e as tradições da língua moderna impõem ou justificam outros padrões. Trata-se, portanto, de uma diretriz, mas diretriz extremamente eficaz, que muitas vezes saneia a frase, evitando construções incorretas, algumas; inadequadas, outras."
O professor Othon prossegue sua explicação, afirmando que existem três tipos de paralelismo: 1) gramatical ou sintático; 2) rítmico ou similicadência e 3) semântico.
A fim de facilitar a visualização do que seria o paralelismo sintático, citarei um exemplo, dado pelo professor, de frase sem paralelismo, com sua posterior correção:
Paralelismo sintático ou gramatical.
Ex.: É necessário chegares a tempo e que tragas ainda a encomenda.
Correção: É necessário que chegues a tempo e (que) tragas ainda a encomenda.

Uma nota importante

Para se obter uma coerência textual, deve-se fazer uso dos paralelismos gramaticais semânticos, ritmicos ou similicadência; e fazer uso das orações subordinadas ( segundo Othon Garcia)

É sempre bom saber

Falácia
Na lógica e na retórica, uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso.
Reconhecer as falácias é por vezes difícil. Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica, mas não validade lógica. É importante conhecer os tipos de falácia para evitar armadilhas lógicas na própria argumentação e para analisar a argumentação alheia.
É importante observar que o simples fato de alguém cometer uma falácia não invalida toda a sua argumentação. Ninguém pode dizer: "Li um livro de Rousseau, mas ele cometeu uma falácia, então todo o seu pensamento deve estar errado". A falácia invalida imediatamente o argumento no qual ela ocorre, o que significa que só esse argumento específico será descartado da argumentação, mas pode haver outros argumentos que tenham sucesso. Por exemplo, se alguém diz:
"O fogo é quente e sei disso por dois motivos: 1. ele é vermelho; e 2. medi sua temperatura com um termômetro".
Nesse exemplo, foi de fato comprovado que o fogo é quente por meio da premissa 2. A premissa 1 deve ser descartada como falaciosa, mas a argumentação não está de todo destruída.(http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal)


Sofisma ou sofismo (do grego antigo σόϕισμα -ατος, derivado de σοϕίξεσϑαι "fazer raciocínios capciosos") em filosofia, é um raciocínio aparentemente válido, mas inconclusivo, pois é contrário às próprias leis. Também são considerados sofismas os raciocínios que partem de premissas verdadeiras ou verossímeis, mas que são concluídos de uma forma inadmissível ou absurda. Por definição, o sofisma tem o objetivo de dissimular uma ilusão de verdade, apresentando-a sob esquemas que aparentam seguir as regras da lógica.
É um conceito que remete à ideia de falácia, sem ser necessariamente um sinônimo.
Historicamente o termo sofista, no primeiro e mais comum significado, é equivalente ao paralogismo matemático, que é uma demonstração aparentemente rigorosa que, todavia, conduz a um resultado nitidamente absurdo. Atualmente, no uso freqüente e do senso comum, sofisma é qualquer raciocínio caviloso ou falso, mas que se apresenta com coerência e que tem por objetivo induzir outros indivíduos ao erro mediante ações de má-fé. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal)
Entimema (en-ti-me-ma) sm (gr enthýmema) Lóg Silogismo com uma só premissa, dando-se por subentendida a segunda. Ex: O homem tem direitos; logo, tem deve¬res (subentendendo-se: "quem tem direitos tem deveres").

Silogismo no qual pelo menos uma das premissas é acompanhada de prova.

Um silogismo (do grego antigo συλλογισμός, "conexão de idéias", "raciocínio"; composto pelos termos σύν "com" e λογισμός "cálculo") é um termo filosófico com o qual Aristóteles designou a argumentação lógica perfeita e que mais tarde veio a ser chamada de silogismo, constituída de três proposições declarativas que se conectam de tal modo que a partir das duas primeiras, chamadas premissas, é possível deduzir uma conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por Aristóteles em Analíticos anteriores.
Silogismo regular é o argumento típico dedutivo, composto de 3 proposições - Premissa Maior (P), Premissa Menor (p) e Conclusão (c) - onde 3 termos, Maior (T), Médio(M) e Menor (t), são compostos 2 a 2 Num silogismo, as premissas são um ou dois juízos que precedem a conclusão e dos quais ela decorre como consequente necessário dos antecedentes, dos quais se infere a consequência. Nas premissas, o termo maior (predicado da conclusão) e o termo menor (sujeito da conclusão) são comparados com o termo médio, e assim temos a premissa maior e a premissa menor segundo a extensão dos seus termos.
Um exemplo clássico de silogismo é o seguinte:
Todo homem é mortal.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.
•   
O silogismo e sua estrutura
O silogismo é estruturado do seguinte modo:
•    Todo homem é mortal (premissa maior)
o    homem é o sujeito lógico, e fica antes do verbo ;
o    é representa a ação , isto é, o verbo que exprime a relação entre sujeito e predicado;
o    mortal é o predicado lógico, e fica após o verbo.
•    Sócrates é homem (premissa menor)
Logo, Sócrates é mortal (conclusão).
Conforme Kant, silogismo é todo juizo estabelecido através de uma característica mediata. Dito de outra forma: silogismo é a comparação de uma característica de uma coisa com outra, por meio de uma característica intermediária.
 Tábua de oposições


 

Tábua de oposições
A tábua de oposições, também chamado quadrado lógico ou quadrado dos opostos, tem origem obscura mas geralmente se aceita que Boécio lhe deu a forma final. Trata-se de um artifício didático que indica as relações lógicas fundamentais.
Assim, temos o seguinte esquema de premissas:
A - universal afirmativa (Todo homem é mortal)
E - universal negativa (Nenhum homem é mortal)
I - particular afirmativa (Algum homem é mortal)
O - particular negativa (Algum homem não é mortal)
Exemplo de tábua de oposição:
Todo ser vivo é mortal
Contrária: nenhum ser vivo é mortal
Sub-contrária: €
Contraditória: algum ser vivo não é mortal
Leis de oposição
As leis de oposição regem as relações entre as premissas.
Contraditoriedade: se um modo é verdadeiro, o outro é falso;
Contrariedade: ocorre apenas nos modos A e E. As premissas contrárias entre si não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, mas podem ser falsas ao mesmo tempo;Pois, se assim forem,a particular afirmativa será falsa por ser a contraditória da universal negativa e verdadeira, por ser a conversão da universal afirmativa.
Subcontrariedade: as premissas não podem ser falsas ao mesmo tempo, mas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.Pois se assim forem,as contrárias de quem elas são contraditórias serão simultaneamente verdadeiras, o que é um absurdo.
Figuras e modos do silogismo
Um raciocínio dedutivo é composto por proposições. As proposições, por sua vez, são compostas por termos. A maneira pela qual as proposições estão dispostas é chamada de modo do silogismo. A posição que o termo médio assume no argumento (sujeito ou predicado), origina a figura do silogismo.
Existem quatro espécies de proposições: A, E, I, O. Entre estas proposições, é possível 64 combinações na estrutura do silogismo. Deste total, apenas 19 combinações são válidas, sendo que as demais violam uma ou mais regras do silogismo. Estas 19 combinações distribuem-se nas quatro figuras do silogismo.
Primeira figura
A primeira figura não muda, por ser perfeita. Aqui, o termo médio ocupa a posição de sujeito na premissa maior e predicado na premissa menor.
1º Su-pré
Todo metal é corpo. BAR
Todo ferro é metal. BA
Todo ferro é corpo. RA
Nessa figura, os modos legítimos são: BAR-BA-RA (AAA); CE-LA-RENT (EAE); DA-RI-I (AII); FE-RI-O (EIO) Esses nomes foram dados pelo filósofo medieval, do século XII, Pedro Aberlado.
Segunda figura
Na segunda figura, o termo médio ocupa a posição de predicado em ambas as premissas.
2º Pré-Pré
Todo círculo é redondo. CAM
Nenhum triângulo é redondo. ES
Nenhum triângulo é círculo. TRES
Nessa figura, os modos legítimos são: CES-A-RE (EAE); CAM-ES-TRES (AEE); FES-TI-NO (EIO); BAR-OC-O (AOO).
Terceira figura
Na terceira figura, o termo médio ocupa a posição de sujeito nas duas premissas.
3ºSu-Suoi
Nenhum mamífero é pássaro. FE
Algum mamífero é animal que voa. RIS
Algum animal que voa não é pássaro. ON
Nessa figura, os modos legítimos são: DA-RAP-TI (AAI); FE-LAP-TON (EAO); DIS-AM-IS (IAI); BOC-AR-DO (OAO); DA-TIS-I (AII); FE-RIS-ON (EIO)
Quarta figura
Na quarta figura, o termo médio ocupa a posição de predicado na premissa maior e de sujeito na premissa menor.
4ºPré-Su
Pedro é homem. BAM
Todo homem é mortal. A
Algum mortal é Pedro. LIP
Nessa figura, os modos legítimos são: BAM-A-LIP (AAI); CA-LEM-ES (AEE); DIM-A-TIS (IAI); FES-AP-O (EAO); FRES-IS-ON (EIO)
Redução dos modos
Todos os modos imperfeitos do silogismo, isto é, a segunda, terceira e quarta figuras, devem ser transformados em modos perfeitos da primeira figura, pois não respeitam a hierarquia dos termos. As palavras mnemônicas auxiliam na redução. Se as vogais indicam os modos, a quantidade e a qualidade das premissas, as consoantes S, P, M e C indicam a maneira para pela qual a redução será feita. As consoantes iniciais indicam o modo da primeira figura.
Para isso, existem quatro possibilidades.
(S) Conversão direta: troca-se o sujeito pelo predicado e vice-versa. Por exemplo:
todo mortal é homem --> todo homem é mortal.
(P) Conversão acidental: a premissa tem seu sujeito e predicado trocados entre si. Por exemplo:
todo homem é mortal --> algum mortal é homem.
(M) Transposição de premissas: se uma premissa for maior, passa a ser menor e vice-versa.
(C) Redução por absurdo: da conclusão deste silogismo, elaboramos sua contraditória e substituímos a premissa assinalada com a consoante C, e concluímos novamente.
Regras do silogismo
Para que um silogismo seja válido, sua estrutura deve respeitar regras. Tais regras, em número de oito, permitem verificar a correção ou incorreção do silogismo. As quatro primeiras regras são relativas aos termos e as quatro últimas são relativas às premissas. São elas:
1.    Todo silogismo contém somente 3 termos: maior, médio e menor;
2.    Os termos da conclusão não podem ter extensão maior que os termos das premissas;
3.    O termo médio não pode entrar na conclusão;
4.    O termo médio deve ser universal ao menos uma vez;
5.    De duas premissas negativas, nada se conclui;
6.    De duas premissas afirmativas não pode haver conclusão negativa;
7.    A conclusão segue sempre a premissa mais fraca;
8.    De duas premissas particulares, nada se conclui.
Estas regras reduzem-se às três regras que Aristóteles definiu. O que se entende por “parte mais fraca” são as seguintes situações: entre uma premissa universal e uma particular, a “parte mais fraca” é a particular; entre uma premissa afirmativa e outra negativa, a “parte mais fraca” é a negativa.
Silogismos derivados
Silogismos derivados são estruturas argumentativas que não seguem a forma rigorosa do silogismo típico mas que, mesmo assim são formas válidas.
Entimema
Trata-se de um argumento em que uma ou mais proposições estão subentendidas. Por exemplo:
todo metal é corpo, logo o chumbo é corpo.
Neste caso, fica subentendida a premissa "todo chumbo é metal". Passando para a forma silogística:
Todo metal é corpo.
Todo chumbo é metal.
Todo chumbo é corpo.
Mais um exemplo :
Todo quadrúpede tem 4 patas.
Logo, um cavalo é um quadrúpede.
No dia-a-dia, usamos muitas formas como essa, pois as premissas faltantes são óbvias ou implícitas e repeti-las pode cansar os ouvintes. Contudo, é comum haver confusão justamente por causa de premissas faltantes.
Epiquerema
O epiquerema é um argumento onde uma ou ambas as premissas apresentam a prova ou razão de ser do sujeito. Geralmente é acompanhada do termo porque ou algum equivalente. Por exemplo:
O demente é irresponsável, porque não é livre.
Ora, Pedro é demente, porque o exame médico revelou ser portador de paralisia geral progressiva.
Logo, Pedro é irresponsável.
No epiquerema sempre existe, pelo menos, uma proposição composta, sendo que uma das proposições simples é razão ou explicação da outra.
Polissilogismo
O polissilogismo é uma espécie de argumento que contempla vários silogismos, onde a conclusão de um serve de premissa menor para o próximo. Por exemplo:
Quem age de acordo com sua vontade é livre.
Ora, o racional age de acordo com sua vontade.
Logo, o racional é livre.
Ora, quem é livre é responsável.
Logo, o racional é responsável.
Ora, quem é responsável é capaz de direitos.
Logo, o racional é capaz de direitos.
Silogismo expositório
O silogismo expositório não é propriamente um silogismo, mas um esclarecimento ou exposição da ligação entre dois termos, caracteriza-se por apresentar, como termo médio, um termo singular. Por exemplo:
Aristóteles é discípulo de Platão.
Ora, Aristóteles é filósofo.
Logo, algum filósofo é discípulo de Platão.
Silogismo informe
O silogismo informe caracteriza-se pela possibilidade de sua estrutura expositiva poder ser transformada na forma silogística típica. Por exemplo:
"a defesa pretende provar que o réu não é responsável do crime por ele cometido. Esta alegação é gratuita. Acabamos de provar, por testemunhos irrecusáveis, que, ao perpetrar o crime, o réu tinha o uso perfeito da razão e nem podia fugir às graves responsabilidades deste ato".
Este argumento pode ser formalizado assim:
Todo aquele que perpetra um crime quando no uso da razão é responsável por seus atos.
Ora, o réu perpetrou um crime no uso da razão.
Logo, o réu é responsável por seus atos.
Sorites
O sorites é semelhante ao polissilogismo, mas neste caso ocorre que o predicado da primeira proposição se torna sujeito na proposição seguinte, seguindo assim até que na conclusão se unem o sujeito da primeira proposição com o predicado da última. Por exemplo: 

    A Grécia é governada por Atenas.
Atenas é governada por mim.
Eu sou governado por minha mulher.
Minha mulher é governada por meu filho, criança de 10 anos.
Logo, a Grécia é governada por esta criança de 10 anos.   — Temístocles

  
Silogismo hipotético
Um silogismo hipotético contém proposições hipotéticas ou compostas, isto é, apresentam duas ou mais proposições simples unidas entre si por uma cópula não verbal, isto é, por partículas. As proposições compostas podem ser divididas em:
A) Claramente compostas: são aquelas proposições em que a composição entre duas ou mais proposições simples são indicadas pelas partículas: e, ou, se ... então.
- Copulativa ou conjuntiva: "a lua se move e a terra não se move". Nesse exemplo, duas proposições simples são unidas pela partícula e ou qualquer elemento equivalente a essa conjunção. Dentro do cálculo proposicional será considerada verdadeira a proposição que tiver as duas proposições simples verdadeiras e será simbolizada como: p ∧ q (ou p.q, ou pq).
-Disjuntivas: "a sociedade tem um chefe ou tem desordem". Caracteriza-se por duas proposições simples unidas pela partícula ou ou equivalente. Dentro do cálculo proposicional, a proposição composta será considerada verdadeira se uma ou as duas proposições simples forem verdadeiras e será simbolizada como: p ∨ q.
- Condicional: "se vinte é número ímpar, então vinte não é divisível por dois". Aqui, duas proposições simples são unidas pela partícula se ... então. Dentro do cálculo proposicional, essa proposição, será considerada verdadeira se sua consequência for boa ou verdadeira, simbolicamente: p ⇒ q (ou p ⊃ q).
B) Ocultamente compostas: são duas ou mais proposições simples que formam uma proposição composta com as partículas de ligação: salvo, enquanto, só.
- Exceptiva: "todos corpos, salvo o éter, são ponderáveis". A proposição composta é formada por três proposições simples, sendo que a partícula salvo oculta as suas composições. As três proposições simples componentes são: "todos os corpos são ponderáveis", "o éter é um corpo" e "o éter não é ponderável". Também são exceptivos termos como fora, exceto, etc. Essa proposição composta será verdadeira se todas as proposições simples forem verdadeiras.
- Reduplicativa: "a arte, enquanto arte, é infalível". Nessa proposição temos duas proposições simples ocultas pela partícula enquanto. As duas proposições simples componentes da composta são: "a arte possui uma indeterminação X" e "tudo aquilo que cai sobre essa indeterminação X é infalível". O termo realmente também é considerado reduplicativo. A proposição composta será considerada verdadeira se as duas proposições simples forem verdadeiras.
- Exclusiva: "só a espécie humana é racional". A partícula só oculta as duas proposições simples que compõem a composta, são elas: "a espécie humana é racional" e "nenhuma outra espécie é racional". O termo apenas também é considerado exclusivo. A proposição será considerada verdadeira se as duas proposições simples forem verdadeiras.
O silogismo hipotético apresenta três variações, conforme o conetivo utilizado na premissa maior:
- Condicional: a partícula de ligação das proposições simples é se ... então.
Se a água tiver a temperatura de 100°C, a água ferve.
A temperatura da água é de 100°C.
Logo, a água ferve.
Esse silogismo apresenta duas figuras legítimas:
a) PONENDO PONENS (do latim afirmando o afirmado): ao afirmar a condição (antecedente), prova-se o condicionado (consequência).
Se a água tiver a temperatura de 100°C, a água ferve.
A temperatura da água é de 100°C.
Logo, a água ferve.
b) TOLLENDO TOLLENS (do latim negando o negado): ao destruir o condicionado (consequência), destrói-se a condição (antecedente).
Se a água tiver a temperatura de 100°C, a água ferve.
Ora, a água não ferve.
Logo, a água não atingiu a temperatura de 100°C.
- Disjuntivo: a premissa maior, do silogismo hipotético, possui a partícula de ligação ou.
Ou a sociedade tem um chefe ou tem desordem.
Ora, a sociedade não tem chefe.
Logo, a sociedade tem desordem.
Esse silogismo também apresenta duas figuras legítimas:
a) PONENDO TOLLENS: afirmando uma das proposições simples da premissa maior na premissa menor, nega-se a conclusão.
Ou a sociedade tem um chefe ou tem desordem.
Ora, a sociedade tem um chefe.
Logo, a sociedade não tem desordem.
b) TOLLENDO PONENS: negando uma das proposições simples da premissa maior na premissa menor, afirma a conclusão.
Ou a sociedade tem um chefe ou tem desordem.
Ora, a sociedade não tem um chefe.
Logo, a sociedade tem desordem.
- Conjuntivo: a partícula de ligação das proposições simples, na proposição composta, é e. Nesse silogismo, a premissa maior deve ser composta por duas proposições simples que possuem o mesmo sujeito e não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, ou seja, os predicados devem ser contraditórios. Possui somente uma figura legítima, o PONENDO TOLLENS, afirmando uma das proposições simples da premissa maior na premissa menor, nega-se a outra proposição na conclusão.
Ninguém pode ser, simultaneamente, mestre e discípulo.
Ora, Pedro é mestre.
Logo, Pedro não é discípulo.
Dilema
O dilema é um conjunto de proposições onde, a primeira, é uma disjunção tal que, afirmando qualquer uma das proposições simples na premissa menor, resulta sempre a mesma conclusão. Por exemplo:
Se dizes o que é justo, os homens te odiarão.
Se dizes o que é injusto, os deuses te odiarão.
Portanto, de qualquer modo, serás odiado.