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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sujeito
 (CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa..2ª Ed;RJ: FENAME,1975.p.137-144)

Parte II
Sujeito oculto (determinado)
    É aquele que não está materialmente expresso na oração, mas pode ser identificado. A identificação se faz:
a)    Pela desinência verbal:
Acordo, sempre, antes do sol.

    O sujeito de acordo, indicado pela desinência-o é eu.
b)    Pela presença do sujeito em outra oração do mesmo período ou de período contíguo:
    Enquanto isso, o mico espiralava tronco abaixo e pulava para o vinhático, e do vinhático para o sete casacas para o jequitibá; desceu na corda quinada do cipó cruz, subiu pelo rastilho de flores solares do uma de gato, galgou as alturas de um Angelim; sumiu nas grimpas; e, dali, vaiou.
        O sujeito de espiralava, pulava, desceu, subiu, galgou, sumiu e vaiou é o mico, mencionado na primeira oração, antes de espiralava.
        Venâncio não se perturbou. Abriu um guarda chuva para não ser inteiramente desmentido pelas goteiras e continuou, na guarita, a falar entusiasticamente ao sol. À limpidez do azul.
        O sujeito de abriu, ser desmentido e continuou a falar é Venâncio, mencionado na primeira oração, antes de perturbou.
        Pode ocorrer que o verbo não tenha desinência pessoal e que o sujeito venha sugerido pela desinência de outro verbo. Por exemplo, neste período:
        Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho.

        O sujeito de imaginei, indicado pela desinência verbal, é eu, também sujeito de iniciar, verbo de forma infinitiva sem desinência pessoal.
        Neste outro passo o verto está em forma finita:
        Dessa impassibilidade guardo uma visão que não quisera também antecipar.

        Eu, sujeito de guardo, é também o sujeito de quisera antecipar, perífrase em que o auxiliar de forma verbal finita não apresenta desinência pessoal.

Sujeito indeterminado
        Algumas vezes o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a ação, ou por não haver interesse no seu conhecimento. Dizemos, então, que o sujeito é indeterminado.
        Nestes casos em que o sujeito não vem expresso na oração nem pode ser identificado, põe-se o verbo:
a)ou na 3ª pessoa do plural:
Nunca lhe deram nada.
Mandaram chamar Isabela.
b) ou na 3ª pessoa do singular, com o pronome se:
Falava-se baixo, num burburinho, num zunzum.
    Precisa-se de operários.
    Os dois processos de indeterminação podem concorrer no mesmo período:
Mataram uma moça! – comentava-se dentro dos bares.

Oração sem sujeito
    Não deve ser confundido o sujeito indeterminado, que existe, mas não se pode ou não se deseja identificar, com a inexistência do sujeito.

    Em orações como as seguintes:
        Chove.               Amanhece.                Faz calor.

Interessa-nos o processo verbal em si, pois não o atribuímos a nenhum ser. Diz-se, então, que o verbo é impessoal: e o sujeito, inexistente.
    Eis os principais casos de inexistência do sujeito:
a)    Com verbos ou expressões que denotam fenômenos da natureza:
Chovia o dia inteiro, a noite inteira.
    No Nordeste faz calor também

b)    Com verbo haver na acepção de existir.
    poemas perfeitos, nãopoetas perfeitos.
    dores secas, comocóleras mudas.

c)    Com os verbos fazer, haver e ir, quando indicam tempo decorrido:
Aí vai esse poema escrito faz um ano.
Mas muitos anos que o Paraíba não repetia a façanha.
    Levava a preocupação absorvente de encontrar cartas de casa porque vai para dois meses que não as recebo
d)    Com o verbo ser, na indicação do tempo em geral:
Era noite fechada
É tarde, e eles não vêm!

Observações
1ª – Nas orações impessoais o verbo ser concorda em número e pessoa com o predicativo.
2ª – Também ocorre a impessoalidade nas locuções verbais. Neste caso, o verbo principal transmite sua impessoalidade ao verbo auxiliar:
    Lá não pode haver mais bichos do que no meu sertão e eu, graças a Deus, ainda estou aqui, vivo.
3ª – Na linguagem coloquial do Brasil é corrente o emprego do verbo ter como impessoal, à semelhança de haver. Escritores modernos – e alguns dos maiores – não têm duvidado em alçar a construção à língua literária:

    Tem noites em que me dá vontade de gritar, berrar, não sei, fico numa irritação que só vendo.
    Em Pasárgada tem tudo,
    É outra civilização...
4ª - Em sentido figurado, os verbos que exprimem fenômenos da natureza podem ser empregados com sujeito:
    Os oficiais anoiteceram e não amanheceram na propriedade.
    Também a esperança
    Orvalhou os campos da minha visão involuntária..
    De quando em quando rumores surdos trovejavam ao longe.

Da atitude do sujeito
    Quando o verbo exprime uma ação, a atitude do sujeito com referência ao processo verbal pode ser de atividade, de passividade, ou de atividade e passividade ao mesmo tempo.
1.    Neste exemplo:
A madrinha penteava o menino doente.
O sujeito a madrinha executa a ação expressa pela forma verbal penteava. O sujeito é, pois, o agente.

2.    - Neste exemplo:
          O menino doente era penteado pela madrinha.
    A ação não é praticada pelo sujeito menino, mas pelo agente da passiva – a madrinha. O sujeito, no caso, sofre a ação; é dela o paciente.

3- Neste exemplo:
    A madrinha penteava-se
    A ação é simultaneamente exercida e sofrida pelo sujeito a madrinha. O sujeito é então, a um tempo. O agente e o paciente dela.

    Como vemos, na voz ativa, o termo que representa o gente é o sujeito do verbo, o que representa o paciente é o objeto direto. Na voz passiva, o paciente torna-se o sujeito do verbo.

Com os verbos de estado
    Quando o verbo evoca um estado, a atitude da pessoa ou da coisa que dele participa é de neutralidade. O sujeito, no caso, não é o agente nem o paciente, mas a sede do processo verbal, o lugar onde ele se desenvolve:
    Pedro estava alegre, Paulo preocupado.
    O velho parecia em êxtase.
    Incluem-se naturalmente entre os verbos que evocam um estado, ou melhor, uma mudança de estado, os incoativos como adoecer, emagrecer, empobrecer, equivalentes a ficar doente, ficar magro, ficar pobre.


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