Sujeito
(CUNHA, Celso
Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa..2ª Ed;RJ: FENAME,1975.p.137-144)
Parte I
O sujeito é o
termo sobre o qual se faz uma declaração
Representação do sujeito:
Os sujeitos da 1ª e da 2ª pessoas são,
respectivamente, os pronomes pessoais eu e tu, no singular; nós e vós (ou
combinações equivalentes: eu e tu,tu e eles, etc.), no plural.
Os sujeitos da 3ª pessoas podem ter como núcleo:
a)
Um substantivo:
As crianças patinam nas praças.
b)
Os pronomes pessoais ele, ela
(singular); eles, elas (plural):
Ela sorriu tristemente.
c)
Um pronome demonstrativo, relativo,
interrogativo, ou indefinido:
Aquilo não seria gente para eles.
Vejo o
céu que ao longe caminha
Quem te pôs tão taciturno?
Ninguém acreditava no que estava vendo.
d)
Um numeral:
Dormíamos as duas numa cama estreita.
Desceram ambos para o armazém.
e)
Uma palavra ou uma expressão
substantivada:
O
humilde não teme julgamento alheio.
Vulgar é o ler, raro o refletir.
O
amar-te é uma coisa e o querer-te para compartir dos seus
imensos bens é outra.
f)
Uma oração substantiva subjetiva:
Parece-me que o mundo desabava sobre mim.
Pior seria se o testamento ficasse
nulo.
O
sujeito pode ser simples ou composto.
Quando o sujeito tem um só núcleo, isto
é, quando o verbo se refere a um só substantivo, ou a um só pronome, ou a um só
numeral, ou a uma só palavra substantivada, ou a uma só oração substantiva, o sujeito é simples, Esse o caso do
sujeito de todos os exemplos atrás mencionados.
É composto o sujeito que tem mais de um
núcleo, ou seja, o sujeito constituído de:
a)
Mais de um substantivo:
Oração e trabalho são os recursos mais
poderosos na criação moral do homem.
b)
Mais de um pronome:
Passeamos juntos eu e ela toda esta tarde
c)
Mais de um numeral:
Passavam devagar, em fila, seis ou sete.
d)
Mais de uma palavra ou expressão
substantivada:
Ser
amável e ser egoísta são coisas ao meu parecer distintas.
e)
Mais de uma oração substantiva:
Que duas pessoas se amem e se separem
é, na verdade, coisa triste, desde que não há entre elas nenhum impedimento
moral ou social.
Observação:
Outras combinações podem entrar na formação do sujeito composto, sendo
particularmente comum a de pronome + substantivo, ou vice-versa:
Eduardo e eu
nos espalhávamos pelos domínios da fantasia.
Sujeito
(CUNHA, Celso
Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa..2ª Ed;RJ:
FENAME,1975.p.137-144)
Parte II
Sujeito oculto (determinado)
É aquele que não está materialmente
expresso na oração, mas pode ser identificado. A identificação se faz:
a)
Pela desinência verbal:
Acordo,
sempre, antes do sol.
O
sujeito de acordo, indicado pela desinência-o é eu.
b) Pela
presença do sujeito em outra oração do mesmo período ou de período contíguo:
Enquanto
isso, o mico
espiralava tronco abaixo e pulava para o vinhático, e do vinhático para o sete
casacas para o jequitibá; desceu na corda quinada do cipó cruz, subiu pelo
rastilho de flores solares do uma de gato, galgou as alturas de um Angelim;
sumiu nas grimpas; e, dali, vaiou.
O sujeito de espiralava, pulava, desceu,
subiu, galgou, sumiu e vaiou é o mico, mencionado na primeira oração, antes de
espiralava.
Venâncio não se perturbou. Abriu um guarda
chuva para não ser inteiramente desmentido pelas goteiras e continuou, na
guarita, a falar entusiasticamente ao sol. À limpidez do azul.
O sujeito de abriu, ser desmentido e
continuou a falar é Venâncio, mencionado na primeira oração, antes de
perturbou.
Pode ocorrer que o verbo não tenha
desinência pessoal e que o sujeito venha sugerido pela desinência de outro verbo.
Por exemplo, neste período:
Antes de iniciar este livro, imaginei
construí-lo pela divisão do trabalho.
O sujeito de imaginei, indicado pela
desinência verbal, é eu, também sujeito de iniciar, verbo de forma infinitiva
sem desinência pessoal.
Neste
outro passo o verto está em forma finita:
Dessa impassibilidade guardo uma
visão que não quisera também antecipar.
Eu, sujeito de guardo, é
também o sujeito de quisera antecipar, perífrase em que o auxiliar de forma
verbal finita não apresenta desinência pessoal.
Sujeito
indeterminado
Algumas vezes o verbo não se refere a
uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a ação, ou por não
haver interesse no seu conhecimento. Dizemos, então, que o sujeito é indeterminado.
Nestes casos em que o sujeito não vem
expresso na oração nem pode ser identificado, põe-se o verbo:
a)ou
na 3ª pessoa do plural:
Nunca
lhe deram nada.
Mandaram chamar Isabela.
b) ou na 3ª pessoa do singular, com
o pronome se:
Falava-se baixo, num burburinho, num zunzum.
Precisa-se
de operários.
Os dois processos de indeterminação podem
concorrer no mesmo período:
–
Mataram uma moça! – comentava-se
dentro dos bares.
Oração sem sujeito
Não deve ser confundido o sujeito indeterminado, que existe,
mas não se pode ou não se deseja identificar, com a
inexistência do sujeito.
Em orações como as seguintes:
Chove. Amanhece. Faz calor.
Interessa-nos o
processo verbal em si, pois não o atribuímos a nenhum ser. Diz-se, então, que o
verbo é impessoal: e o sujeito, inexistente.
Eis os principais casos de inexistência do sujeito:
a)
Com verbos ou expressões que denotam
fenômenos da natureza:
Chovia o dia inteiro, a noite inteira.
No Nordeste faz calor
também
b)
Com verbo haver na acepção de existir.
Há poemas perfeitos, não
há poetas perfeitos.
Há dores secas, como há
cóleras mudas.
c)
Com os verbos fazer, haver e ir, quando
indicam tempo decorrido:
Aí
vai esse poema escrito faz um ano.
Mas
há muitos anos que o Paraíba não repetia a
façanha.
Levava a preocupação absorvente de
encontrar cartas de casa porque vai para
dois meses que não as recebo
d)
Com o verbo ser, na indicação do tempo
em geral:
Era noite fechada
É tarde, e eles não vêm!
Observações
1ª – Nas orações
impessoais o verbo ser concorda em número e
pessoa com o predicativo.
2ª – Também ocorre a
impessoalidade nas locuções verbais. Neste caso, o verbo principal transmite
sua impessoalidade ao verbo auxiliar:
Lá não pode haver mais
bichos do que no meu sertão e eu, graças a Deus, ainda estou aqui, vivo.
3ª – Na linguagem
coloquial do Brasil é corrente o emprego do verbo ter
como impessoal, à semelhança de haver.
Escritores modernos – e alguns dos maiores – não têm duvidado em alçar a
construção à língua literária:
Tem noites em que me dá
vontade de gritar, berrar, não sei, fico numa irritação que só vendo.
Em Pasárgada tem tudo,
É outra civilização...
4ª - Em sentido
figurado, os verbos que exprimem fenômenos da natureza podem ser empregados com
sujeito:
Os oficiais anoiteceram e
não amanheceram na propriedade.
Também a esperança
Orvalhou os campos da
minha visão involuntária..
De quando em quando rumores
surdos trovejavam ao longe.
Da atitude do sujeito
Quando o verbo exprime uma ação, a atitude do sujeito com
referência ao processo verbal pode ser de atividade, de passividade, ou de
atividade e passividade ao mesmo tempo.
1. Neste
exemplo:
A madrinha penteava o menino doente.
O
sujeito a
madrinha executa a ação expressa pela forma verbal penteava. O
sujeito é, pois, o agente.
2.
- Neste exemplo:
O menino
doente era penteado pela madrinha.
A ação não é praticada pelo sujeito menino, mas pelo agente da passiva – a madrinha. O sujeito, no caso,
sofre a ação; é dela o paciente.
3- Neste exemplo:
A madrinha penteava-se
A ação é simultaneamente exercida e sofrida pelo sujeito a madrinha. O sujeito é então, a um tempo. O agente e o paciente
dela.
Como vemos, na voz ativa, o termo que representa o gente é o
sujeito do verbo, o que representa o
paciente é o objeto direto. Na voz passiva,
o paciente torna-se o sujeito do verbo.
Com os verbos de estado
Quando o verbo evoca um estado, a atitude da pessoa ou da
coisa que dele participa é de neutralidade. O sujeito, no caso, não é o agente
nem o paciente, mas a sede do processo verbal, o lugar onde ele se desenvolve:
Pedro estava alegre, Paulo preocupado.
O velho parecia em
êxtase.
Incluem-se naturalmente entre os verbos que evocam um
estado, ou melhor, uma mudança de estado, os incoativos como adoecer,
emagrecer, empobrecer, equivalentes a ficar doente, ficar magro, ficar pobre.
Sujeito – exercícios
1- Passe
para o plural cada uma das orações seguintes. Depois, indique o sujeito e o
predicado de cada uma delas.
A) Ocorreu um fato surpreendente.
(B) Sobrou muito pão na festa.
C) basta-me uma frase de incentivo.
D) faltou um bom quadro naquela
exposição.
E) Dói-me a perna.
F) Caiu um raio sobre aquela
árvore.
G) Desabou um temporal muito forte
ontem á noite.
(H) Existe uma cultura muito rica
no interior. Desse país.
I) Teu trabalho foi elogiado por
todos.
2- Aponte e classifique o sujeito das orações
abaixo.
a) Naquela
hora, tocou o sino.
b) Veio-me
à lembrança uma imagem poética.
c) Passou-me pela memória uma velha lembrança.
d) Explodiu
nova crise no Oriente Médio.
e) Surgiu
um novo medicamento contra essa doença.
f) Teria
ele condição de enfrentar a crise econômica?
g) São
cada vez mais frequentes as denúncias de abuso de autoridade contra a polícia.
h) Indústrias e industriários não se entenderam
sobre salários e condições de trabalho.
3-Reescreva
cada uma das orações abaixo de acordo com o modelo proposto.
Alguém
precisa de ajuda.
Precisa-se
de ajuda.
a) Alguém
acredita em dias mais felizes.
b) Alguém
necessita de auxílio.
c) Alguém
apelou para os mais poderosos.
d) Alguém
assistiu a filmes de terror.
e) E)
Alguém obedece aos impulsos mais nobres.
4- Complete cada um dos pequenos diálogos seguintes
com uma frase em que surja o sujeito indeterminado, com o verbo na terceira
pessoa do plural.
a) ......Existe
alguma mensagem para mim:?
b) ......De
onde vieram estes pacotes?
c) .....Quem
trouxe este recado?
d) ....Onde
você achou este livro/
5- passe o sujeito das frases abaixo para o plural,
fazendo as concordâncias necessárias.
a) Nesta
cidade acontece muita coisa esquisita.
b) Não
deve lhe interessar tal pormenor.
c) Vai
aparecer método mais eficaz do que este.
d) Para dar certo, bastaria mias estímulo por
parte do governo federal.
e) Não
nos coube o benefício que a lei concedia.
f) Para
a composição da chapa, está faltando apenas um nome.
g) Adotou
o jornalista posição francamente favorável à inclusão do jogador na equipe.
h) Surgiu,
na década passada, novo gênero de música popular.
6- Pluralize as expressões destacadas, fazendo as
concordâncias devidas.
a)Ainda há esperança.
b) Ainda existe esperança.
c) Vai haver novo encontro.
d) Não creio que vá existir problema
sério.
e) Se existir comprador
interessado, tudo estará resolvido.
g) Quando ocorrer novo distúrbio,
a polícia prenderá os agitadores.
h)Acontece muita coisa
diferente.
i) Faz um ano que
de lá voltei.
j) Ainda está faltando sua resposta
l) Deveria haver semelhante reunião?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Oi! Deixe aqui seu recadinho, obrigada.