Busque amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me , e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenha!
Vede que perigosas seguranças1
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido a lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que nalma me tem posto
Um não sei que, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.
(Camões)
O poeta afirma que o amor não pode tirar-lhe as esperanças, porque já não as tem e não teme contraste nem mudanças pois teve vida perigosa e agitada.Refere-se a seu coração como não tendo ilusão nenhuma, não pode se desiludir, mas que mesmo assim, o amor põe um mal na alma do poeta, apesar dessas impossibilidades
Obrigada ! :-)
ResponderExcluirEu que agradeço tua visita. Volte sempre! E desejando, seja nossa seguidora.Até breve!
ExcluirACORDAR, VIVER
ResponderExcluirCarlos Drummond de Andrade
Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.
obrigada!
ResponderExcluir