e-book "Supere a si mesmo todos os dias"

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Análise e produção de diferentes tipos de
composição: descrição, narração
            Escrever é estar no extremo de si mesmo, e quem está assim só exercendo nossa nudez,a mais nua que há,tem pudor de que os outros vejam o que deve haver de esgar,de tiques, de gestos falhos, de pouco espetacular na torta visão de uma alma
no pleno estertor de criar.
João Cabral de Melo Neto
Narração
01. Recordar é viver! Conte um fato engraçado, curioso, surpreendente, acontecido com você.
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Você gostava de ouvir histórias na sua infância?
As pessoas contavam histórias para você?
Lembra-se de alguma história? Qual marcou mais? Por quê?
A maioria das crianças, desde muito pequenas, gostam de ouvir histórias e pedem para que os pais contem histórias antes de elas dormirem. Na escola, esse gosto tem continuidade, tanto que percebemos que elas iniciam os seus textos com a expressão "Era uma vez" e terminam com "tiveram muitos filhos e viveram felizes para sempre".
Se analisarmos o nosso dia-a-dia, estamos rodeados de infinitas formas de narrativa. Desde pequenos ouvimos e contamos histórias. Contamos sonhos, piadas, casos de amor, filmes, viagens, livros. Experimentamos em cada história com mais ou menos intensidade, o gosto de contar. Cada história é um convite a uma viagem, pois recriamos, através da imaginação, uma realidade; a história faz viver, esta é a grande sedução do ato de contar, narrar.
Através das histórias, a imaginação da criança é estimulada, cria ideias, personagens,
conflitos e outras fantasias. Ao ouvir histórias a criança internaliza a estrutura da narrativa e, quando chega à escola, reproduz, ou seja, desenvolve seus textos de acordo com a estrutura  que lhe é familiar.
A escola deve trabalhar com narrativas não somente porque as crianças gostam desse tipo de texto, mas porque a narrativa desenvolve o raciocínio lógico da criança. A estrutura da narrativa obedece a uma organização temporal dos fatos e é necessário o emprego correto de tempos verbais, de conectivos e do foco narrativo.
A narrativa é uma composição que se caracteriza pelo contar histórias, oralmente ou pela escrita. Na organização da narrativa observamos alguns elementos: enredo, personagens, tempo, espaço e narrador.

Importante
• TEMA - ideia principal em torno da qual se desenvolve a história.
• ASSUNTO - acontecimento em torno do qual gira a história.
• MENSAGEM - pensamento ou conclusão do leitor a respeito da história.
Enredo
A sequência de acontecimentos da história, situações que as personagens vivem, trama das ações em que as personagens se envolvem ou sofrem. O que aconteceu e como aconteceu. A estrutura do enredo está subdividida em:
• Introdução - Início, momento em que os fatos (iniciais) serão apresentados. Nesta parte, o leitor terá conhecimento sobre o que vai ler.
• Conflito - Trecho da história em que são desenvolvidos os problemas, as intrigas; podemos chamá-lo também de complicação. Nas histórias vamos encontrar elementos que estão em posições antagónicas, opõem-se a outros gerando um "clima" (tensão) que organiza os fatos da história. Podemos comparar com o "tempero" de uma comida, pois são situações que irão prender a atenção do leitor.
• Desfecho (fim) - Resolução das situações criadas durante a narrativa. Muitos finais são possíveis (feliz, trágico, emocionante, cômico, surpreendente...).
Clímax - Ponto alto da história, momento de maior suspense e tensão.
                                                                                                                           
Personagem
Dentro da narrativa, os personagens dão vida à historia, pois são responsáveis pelos
acontecimentos. Eles vivem as ações podendo ocupar a posição principal ou secundária.
• Personagem principal
- tem o papel mais importante;
- apresenta características físicas, psicológicas, sociais, culturais, etc.;
- protagonista "mocinho da história" tem características que o destacam dos outros personagens;- antagonista "bandido da história" se opõe ao protagonista, cria confusões atrapalhando as ações da personagem principal.
• Personagem secundária:Participação menor dentro da narrativa;Coadjuvante.
Espaço
Lugar onde acontecem as ações das personagens, podemos reconhecê-lo pela descrição encontrada em alguns trechos da história. As personagens estão inseridas num espaço com características sociais, culturais, econômicas, morais e psicológicas, a este espaço denominaram ambiente da narrativa.
Tempo
Período em que acontece a história. Na história podemos identificara época que pode ser atual ou antiga, reconhecemos isso por elementos da atualidade ou por elementos que podemos relacionar com fatos históricos.
O tempo pode ser:
• cronológico - marcado por indicações de tempo (à noite, era uma vez, no dia seguinte, etc.);
• psicológico - tempo subjetivo, marcado pelas sensações ou pensamentos da personagem.
Narrador
Aquele que conta a história.
Quanto ao ponto de vista ou foco narrativo temos:
• Narrador-personagem (primeira pessoa) conta e participa da história, ou seja, conta a própria história;características subjetivas, emocionais percebidas na forma de contar a história,história impregnada do ponto de vista do narrador.
• Narrador-observador (terceira pessoa)
- conta a história de fora dela, age com observador dos fatos;
- conta de forma objetiva;
- ponto de vista imparcial, neutro;
- não tem conhecimento íntimo de nenhum dos protagonistas, nem das ações vivenciadas.


2. Leia o texto abaixo:
O Negrinha do Pastoreio
O manto negro da escravidão cobria a terra brasileira.
Os escravos sofriam penas cruéis impostas pelos maus senhores.Foi nessa época de dor para a raça negra que um pequeno escravo, menino de quatorze anos, tornou-se um herói desta lenda simples, que criou um génio e imaginou um santo!Muitos camponeses gaúchos crêem no negrinho, acham possível que alguém o tenha visto subir ao céu, apoiado numa nuvem luminosa, tendo ao seu lado a Virgem a sorrir-lhe...
Pelas estradas rio-grandenses, não é raro verem-se velas acesas sobre os moirões dos currais.
Estando a vela acesa, o negrinho saberá que o gaúcho está aflito e irá em busca da ovelha tresmalhada.
O negrinho conhece a imensa planície dos pampas. Ele viveu ali cuidando dos animais, feliz no trabalho que tão bem conhecia e amava. Mas um dia, seu amo e senhor, estancieiro cruel, deu por falta de um novilho. Espancou barbaramente o menino escravo e o mandou à procura da rês perdida.
O negrinho andou, andou...
Tudo inútil! O novilho perdera-se mesmo!
O negrinho voltou triste, certo de receber novo castigo.
O estancieiro carrasco o recebeu a chicote. Espancou-o até que o sangue começou a
escorrer-lhe pelo corpo. Depois, como se não bastasse tamanha maldade, amarrou-o, seminu, a escorrer sangue, em cima de um formigueiro.
Passaram-se três dias e três noites.
Na manhã do quarto dia, o estancieiro resolveu ir ao formigueiro retirar o corpo e enterrá-lo.
Que viu?
O negrinho estava vivo, iluminado com uma luz diferente, lindo, misteriosamente suspenso no meio dos novilhos. Por entre as nuvens, a Virgem Maria, sorrindo, abençoava-o.
Diz o povo que o negrinho nunca mais saiu da terra. Vive nos campos e restingas, nos rios e nas estâncias, entre rebanhos, andando por toda a parte à procura dos animais doentes e perdidos...
Nair Starling. Nossas lendas - Livr. Francisco Alves - Ed. Paulo de Azevedo - 5° edição.
a. Preencha:
Tema
Assunto
Mensagem
b. Responda:
• O que aconteceu?
• Com quem?
• Onde? Como? Como?
• Quem está contando?

c. Analise a narrativa, completando o quadro abaixo:
Enredo
Introdução
Conflito
Clímax
Desfecho
Personagens: Principais; Secundárias; Espaço; Tempo.
Narrador
Importância do foco narrativo para a recepção do texto: os vários tipos de narrador
Toda história que lemos, ouvimos ou escrevemos é contada por um narrador. A identificação do tipo de narrador é importante para percebermos e analisarmos o ponto de vista existente dentro do texto. O processo narrativo depende de quem conta a história, pois cada um narra de forma diferente, de acordo com suas experiências, perspectivas, emoção, valores, percepções, referências e relações com o mundo narrado.
A preocupação com o narrador é essencial, tanto na leitura como na escrita, pois é a partir da visão de mundo do narrador que vamos analisar o texto.
1. Foco narrativo em 1a pessoa (narrador-personagem)
- Conta e participa da história, isto é, também é um dos personagens. - Relação íntima com os outros elementos da narrativa. - Características subjetivas, emocionais são fortemente marcadas na forma de o narrador contar o fato. - A proximidade com o mundo narrado mostra aspectos que um narrador de fora não poderia conhecer. - Narrativa impregnada do ponto de vista do narrador. - Análise do texto a partir de uma visão unilateral.

A minha varinha mágica
Um dia eu estava indo para escola e tropecei e não vi direito e assoprei para limpar a sujeira e peguei uma varinha mágica e comecei a balançar ela e tudo que era de madeira e essas coisas começaram a se mexer. [...]
• Texto do aluno José Vítor Palengo, 2° série, Colégio Pé. João Bagozzi.

O texto acima foi transcrito fielmente do original do aluno. Serve para identificar características que indicam um narrador-personagem dentro de um texto produzido por crianças das séries iniciais do ensino fundamental. Nesta etapa não analisaremos aspectos estruturais e gramáticos, porque não dispomos de dados suficientes para analisar e fazer uma sondagem dos conhecimentos que estão sendo construídos pelo aluno ou avaliar conteúdos já adquiridos por ele.

 2. Foco narrativo em 3a pessoa (narrador-observador)
Conta a história de fora dela. Não participa das ações. É objetivo.  Distancia-se das situações e mantém uma posição de neutralidade. É imparcial. Não tem conhecimento mais íntimo de nenhum dos protagonistas, nem das ações vivenciadas.

A varinha mágica
Era uma vez um menino ele estava indo para escola quando ele tropeçou numa varinha ele falou:- abracadabra vá por mim na escola

Texto da aluna Caroline, 2a série, Colégio Pé. João Bagozzi.
Questões:
01. (PUC - SP) Leia o período: "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu."   

 Considerando a possibilidade de várias organizações sintáticas para os períodos compostos, assinale a alternativa em que não há alteração de sentido em relação ao período acima indicado:

a) Meu pai disse-me, à porta do Ateneu, que lá eu encontraria o mundo.
b) À porta do Ateneu, meu pai disse-me que lá eu teria de encontrar o mundo.
c) Disse-me meu pai, à porta do Ateneu, que somente lá eu encontraria o mundo.
d) Quando chegamos à porta do Ateneu, meu pai disse-me que lá eu precisaria encontrar o mundo.
e) Ao chegarmos à porta do Ateneu, meu pai orientou-me para que lá eu encontrasse o mundo.


02. (FATEC)
"Ela insistiu:
- Me dá esse papel aí."
Na transposição da fala da personagem para o discurso indireto, a alternativa correta é:

a) Ela insistiu que desse aquele papel aí.
b) Ela insistiu em que me desse aquele papel ali.
c) Ela insistiu em que me desse aquele papel aí.
d) Ela insistiu por que lhe desse este papel aí.
e) Ela insistiu em que lhe desse aquele papel ali.


03. (FUVEST) A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, se faz em primeira pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto dizer que ela se apresenta:

a) fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade;
b) viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador;
c) perturbada pela interferência de Capitu que acaba por guiar o narrador;
d) isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade;
e) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los.


04. (ITA) Assinale a alternativa que melhor complete o seguinte trecho:

No plano expressivo, a força da ____________ em _____________ provém essencialmente de sua capacidade de _____________ o episódio, fazendo ______________ da situação a personagem, tornando-a viva para o ouvinte, à maneira de uma cena de teatro __________ o narrador desempenha a mera função de indicador de falas.

a) narração - discurso indireto - enfatizar - ressurgir - onde;
b) narração - discurso onisciente - vivificar - demonstrar-se - donde;
c) narração - discurso direto - atualizar - emergir - em que;
d) narração - discurso indireto livre - humanizar - imergir - na qual;
e) dissertação - discurso direto e indireto - dinamizar - protagonizar - em que.


05. (FUVEST) "Palmeiras perde o jogo e cabeça na Argentina." (O Estado de São Paulo, 31/03/94)

 A alternativa em que o efeito expressivo decorre do mesmo expediente sintático e semântico observado acima é:

a) Foste aí pela estrada da vida, manquejando da perna e do amor.
b) Maria Luísa disse que era nervosa e mulher.
c) "(...) como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido."
d) "O rato! o rato!" exclamou a moça afastando-se.
e) Peço-lhe desculpar-me e que não mencione mais esse fato.


06. (ESAN) "Impossível dar cabo daquela praga. Estirou os olhos pela campina, achou-se isolado. 
Sozinho num mundo coberto de penas, de aves que iam comê-lo. Pensou na mulher e suspirou.
Coitada de Sinhá Vitória, novamente nos descampados, transportando o baú de folha."
O narrador desse texto mistura-se de tal forma à personagem que dá a impressão de que há diferença entre eles. A personagem fala misturada à narração. Esse discurso é chamado:

a) discurso indireto livre
b) discurso direto
c) discurso indireto
d) discurso implícito
e) discurso explícito


07. (UFV) Considere o texto:

 "O incidente que se vai narrar, e de que Antares foi teatro na sexta-feira 13 de dezembro do ano de 1963, tornou essa localidade conhecida e de certo modo famosa da noite para o dia. (...) Bem, mas não convém antecipar fatos nem ditos. Melhor será contar primeiro, de maneira tão sucinta e imparcial quanto possível, a história de Antares e de seus habitantes, para que se possa ter uma idéia mais clara do palco, do cenário e principalmente da personagens principais, bem como da comparsaria, desse drama talvez inédito nos anais da espécie humana." (Érico Veríssimo)
    
Assinale a alternativa que evidencia o papel do narrador no fragmento acima:

a) O narrador tem senso prático, utilitário e quer transmitir uma experiência pessoal.
b) É um narrador introspectivo, que relata experiências que aconteceram no passado, em 1963.
c) Em atitude semelhante à de um jornalista ou de um espectador, escreve para narrar o que aconteceu com x ou y em tal lugar ou tal hora.
d) Fala de maneira exemplar ao leitor, porque considera sua visão a mais correta.
e) É um narrador neutro, que não deixa o leitor perceber sua presença.


08. (UFV) Leia o trecho abaixo:

 "Bem, é verdade que também eu não tenho piedade do meu personagem principal, a nordestina: é um relato que desejo frio. (...) Não se trata apenas da narrativa, é antes de tudo vida primária que respira, respira, respira. (...) Como a nordestina, ha milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que tanto existiriam como não existiriam." (Clarice Lispector)

Em uma das alternativas abaixo, há um aspecto do livro de Clarice Lispector, A Hora da Estrela, presente no fragmento acima, que o aproxima do chamado "romance de 30", realizado por escritores como Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz:

a) A preocupação excessiva com o próprio ato de narrar.
b) O intimismo da narrativa, que ignora os problemas sociais de seus personagens.
c) A construção de personagens que têm sua condição humana degradada por culpa do meio e da opressão.
d) A necessidade de provar que as ações humanas resultam do meio, da raça e do momento.
e) A busca de traços peculiares da Região Nordeste.


09. (FAC. SERRA DOS ÓRGÃOS) A forma verbal que não alteraria o aspecto de durabilidade no passado expresso pela locução grifada neste enunciado do texto - "Tão comodamente que eu estava lendo..." -

Está indicada na opção:

a) lera
b) lia
c) leio
d) leria
e) li


10. (UNIFENAS) Com base no texto abaixo, indique a alternativa cujo elemento estruturador da narrativa não foi interposto no episódio:

"Porque não quis pagar uma garrafa de cerveja, Pedro da Silva, pedreiro, de trinta anos, residente na rua Xavier, 25, Penha, matou ontem em Vigário Geral, o seu colega Joaquim de Oliveira."

a) o lugar
b) a época
c) as personagens
d) o fato
e) o modo


Resolução:

01. A
02. E
03. B
04. C
05. A
06. A
07. C
08. C
09. B
10. E


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