A História da Pedagogia, do curso de Pedagogia e da Educação no Brasil: a educação para poucos
A educação brasileira da Colônia ao Início da República: uma educação para poucos
Fonte:Unopar
Os primeiros registros educacionais no Brasil remetem ao século XVI, quando os portugueses aqui chegaram para colonizar a população ameríndia. A educação foi um meio encontrado pelos Jesuítas portugueses para catequizar os índios e garantir o poder do Catolicismo no contexto das Reformas Religiosas.
Os padres Jesuítas criaram uma espécie de dicionário bilíngue, nos idiomas português e tupi, na tentativa de alfabetização, além do uso do teatro como recurso pedagógico acessível à compreensão dos índios. Contudo, fracassaram, pois havia resistência em abrirem mão da sua própria cultura local.
Dessa forma, os padres mudaram a estratégia, focando na alfabetização das crianças indígenas, nas escolas criadas e mantidas pela Igreja. O objetivo era que essas crianças tivessem condições de convencer seus pais a também se converterem ao monoteísmo católico e aos costumes europeus-cristãos. Mas,essa tentativa também não foi exitosa e a solução definitiva encontrada por Portugal foi a de dizimar grande parte da população indígena, pois esta não servia aos propósitos da metrópole.
Nos colégios criados pela Igreja, que antes serviam para a catequização indígena, passou-se a educar os filhos dos portugueses que foram nascendo no Brasil. Portanto, o objetivo educacional no período colonial mudou completamente, pois passou a seguir o modelo dos colégios portugueses, já que o futuro daquelas crianças seria o de continuarem seus estudos em Portugal.
Quadro 1: Representação da Educação Jesuítica Brasileira
Fonte: elaborado pela autora
O domínio educacional dos Jesuítas perdurou por mais de 200 anos e só teve um fim oficial no século XVIII, mais especificamente no ano de 1759, quando eles foram expulsos do país e Sebastião José de Carvalho Melo - O Marques de Pombal - instituiu as aulas régias sob o discurso de modernização educacional e laicidade do ensino.
As escolas de antes foram fechadas na Reforma Pombalina para cederem lugar às tais aulas régias. Porém, essa mudança só ocorreu 13 anos após a expulsão dos Jesuítas e do fechamento dos colégios, deixando um intervalo de mais de uma década nos investimentos em educação.
As aulas régias ocorriam em locais diferentes e com diferentes professores, sem relação com a Igreja, fator que dificultava a reunião de alunos em locais diferentes para aulas de naturezas também diferentes. Porém, na prática, o que acabou ocorrendo foi que os professores que ministravam as aulas régias ou aulas avulsas eram justamente aquelas pessoas formadas nos preceitos jesuíticos e acabavam por reproduzir os mesmos ensinamentos, com a mesma metodologia mnemônica. Conclusão: o objetivo de modernização não se concretizou e a ideia ainda acabou por favorecer a descentralização das aulas, situação que permitia apenas a poucas pessoas terem acesso à educação.
Quadro 2: Representação da Reforma Pombalina – Instituição de Aulas Régias
Fonte: elaborado pela autora
Esse contexto permaneceu até por volta de 1822, quando o Brasil passou a ser um país independente de Portugal, a partir da Proclamação da Independência, quando adotou o regime de Império-monárquico.
Sob o regime monárquico, o Brasil lança a sua Constituição Imperial, no ano de 1824, que previa que a instrução primária deveria ser garantida aos cidadãos brasileiros. Por esse motivo, as escolas de primeiras letras foram sendo construídas e precisavam seguir o método específico do ensino mútuo, que nada mais era do que contar com a colaboração dos alunos mais adiantados no auxílio dos alunos menos adiantados nas lições e estudos. Teoricamente, esses alunos deveriam ser apenas monitores mas, na prática, acabaram assumindo as responsabilidades docentes nas turmas de alunos menos avançados. Isso garantiria salas com o maior número de estudantes possível e com menos professores. Vale ressaltar, entretanto, que o modo de aprender as lições ainda se mantinha completamente focado na memorização.
Quadro 3: Representação da Educação Brasileira no Império
Fonte: elaborado pela autora
Devido ao contexto agrário-escravocrata brasileiro, a proposta de massificação de escolas imperiais nunca foi atingida e o que se via, na verdade, eram as famílias abastadas contratando preceptores para morarem nas suas fazendas e educarem os seus filhos ou, ainda, investiam na educação oferecida pelo Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Em outras palavras, apenas quem possuía condições financeiras tinha acesso à educação.
Quando em 1889 o Brasil se tornou República, no contexto da abolição da escravatura e da crescente imigração para o trabalho nas lavouras, o país lança a sua primeira Constituição Federal da República, que manteve a organização educacional do Ato Adicional de 1834, do Regime anterior, até a década de 1930. Ou seja, manteve-se a cargo da União a responsabilidade de financiamento do ensino superior e das escolas secundárias e a cargo dos Estados o financiamento da educação primária e profissional.
Destacaram-se duas instituições educativas que foram crescendo no primeiro período republicano brasileiro: os grupos escolares, que formavam nas primeiras letras, e as escolas Normais, instituições de formação das professoras primárias.
Quadro 4: Representação da Educação no início da República: Grupos Escolares e Escolas Normais
Fonte: elaborado pela autora
Retome a História da Educação relatada neste texto observando a linha do tempo abaixo:
Figura 1: Linha do Tempo da História da Educação: Da Colônia ao início da República
Fonte: elaborado pela autora
Vídeos Complementares: acesse-os para saber mais!!
1. Sugestão de Vídeo Complementar sobre as Reformas Pombalinas:
D-06 - A Reviravolta de Pombal: Nasce a Educação Laica (1/3). UNIVESP. Disponível em: https://youtu.be/LLp6dcAaQes?list=PL9F95A9E32D491A3F Acesso em: 04/06/2017.
Trata-se do primeiro vídeo de uma série de 3 vídeos sobre o assunto, com duração de 7’41 minutos.
2. Sugestão de Vídeo Complementar sobre o ensino Imperial Brasileiro:
D-06 - No Império chega o Ensino Secundário (1/3). UNIVESP. Disponível em: https://youtu.be/mNMvgOHkDPA?list=PL9F95A9E32D491A3F Acesso em: 04/06/2017.
Trata-se do primeiro vídeo de uma série de 3 vídeos sobre o assunto, com duração de 9,56 minutos.
3. Sugestão de Vídeo Complementar sobre o ensino nas primeiras décadas da Educação Republicana Brasileira:
D-06 - O Voto e a Educação (1/2). UNIVESP. Disponível em: https://youtu.be/YfLP164dQ1U Acesso em: 04/06/2017.
Trata-se do primeiro vídeo de uma série de 2 vídeos sobre o assunto, com duração de 9,01 minutos.
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Resumo:
Observamos que a educação brasileira a qual temos registros teve origem nos preceitos europeus-portugueses, na tentativa de catequização dos índios. Podemos dizer que foi uma tentativa de educação popular, no sentido de que se voltava a todos os índios. Entretanto, esse contexto durou muito pouco, pois logo as primeiras escolas passaram a atender apenas aos filhos dos portugueses que se estabeleceram no Brasil. Isso significa o nascimento do elitismo e da exclusão da educação brasileira, que atendia apenas às camadas abastadas da população.
Tal elitismo e exclusão permaneceram nas aulas régias que privilegiavam apenas aqueles com condições de frequentarem diferentes aulas em diferentes lugares. Também permaneceu no Império, com as poucas escolas e nas primeiras décadas da República, com as primeiras escolas primárias e escolas normais, que recebiam as crianças das zonas urbanas e as moças das famílias ricas que buscavam uma boa formação para o casamento.
Referências Bibliográficas:
BITTAR, Marisa; FERREIRA Jr. Amarílio. Pluralidade linguística, escola de bê-á-bá e teatro jesuítico no brasil do século XVI. Revista Educação e Sociedade, Campinas, vol. 25, n. 86, p. 171-195, abril 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v25n86/v25n86a09.pdf Acesso em: 03/06/2017.
CASTANHA, André Paulo. A introdução do método Lancaster no Brasil: história e historiografia. Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul - IX ANPED Sul. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/1257/12 Acesso em: 03/06/2017.
SAVIANI, Dermeval. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. 2ed. Campinas-SP: Autores Associados, 2008.
TANURI, Leonor Maria. História da formação de professores. Revista Brasileira de Educação, Mai/Jun/Jul/Ago 2000 Nº 14. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n14/n14a05 Acesso em: 03/06/2017.
4 - Um colégio para a nação: o Imperial Colégio de Pedro II entre 1837 e 1861. PUC-Rio - Certificado Digital: 0812281/CA. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16707/16707_5.PDF Acesso em: 21/06/2017.
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