A educação escolar que conhecemos mantém relações com a história da educação ocidental. É nessa história que nasce a própria Pedagogia. Neste caminho de aprendizagem, procuraremos compreender a educação ocidental a partir do conceito de escola de Estado (MANACORDA, Mário A., 2002), nascido na Grécia Antiga. Os primeiros registros da educação Ocidental não remetem a uma escola propriamente dita, mas a uma educação transmitida pela família e por mestres.
Fonte:Unopar
Na educação grega, educar-se era privilégio apenas dos cidadãos. Tal modelo de formação foi caracterizado como paideia grega. Se constituía por meio da ginástica, que exercitava os músculos do guerreiro (juventude), e da música e retórica, instrumentos de memorização de ensinamentos para preparação do político (velhice). Estamos diante da formação ideal do homem completo ou omnilateral, do “falar” e “fazer”.
Figura 1: Quem era o cidadão grego?
Fonte: elaborada pela autora
Quadro 1: O pedagogo na Grécia Antiga
Fonte: elaborada pela autora
O alfabeto grego surgiu no século V a. C., mas a escrita foi considerada indigna. Servia apenas para os registros feitos por escribas. A aristocracia, como observamos em Platão (século IV), receava que o conhecimento pudesse ser expandido por esse meio de comunicação.
Figura 2: A relação mestre x discípulo: O Sadismo Pedagógico
Fonte: elaborada pela autora
A primeira ideia de escola de Estado surge com o filósofo Aristóteles (IV a.C.). A sua finalidade seria a de legitimar o bem da polis, promovendo uma educação igual para todos os seus cidadãos. Mas essa ideia permaneceu apenas como um horizonte, não sendo concretizada na Antiguidade.
Paradoxalmente, após a conquista de Roma sobre o povo grego, o modelo de educação que prevaleceu foi justamente o grego. Ou seja, a cultura do povo conquistado prevaleceu sobre o povo conquistador, mantendo uma paideia greco-romana.
Figura 3: Os mestres da Antiguidade
Fonte: elaborada pela autora
Continuando a percorrer a educação ocidental, por volta dos séculos V ao XV, d.C observaremos a substituição da paideia grega pela paideia cristã, na Idade Média. A cultura clássica foi suprimida e o objetivo passou a ser formar o cristão. Além disso, a paideia cristã elege um lema, o princípio de ensinar tudo a todos, muito embora não o tenha concretizado. Toda a educação passou a ser de responsabilidade da Igreja, nos cenóbios (campos) e nas catedrais (cidades), acabando com a ideia de uma escola de Estado.
Quadro 3: Características da Educação Medieval
Fonte: elaborada pela autora
A partir do descontentamento de quadros da Igreja, observamos um período de Reformas religiosas no século XVI, em que a Igreja Católica foi desafiada. Na educação, por exemplo, questionava-se o fato da bíblia estar escrita em latim e os fiéis dependerem dos líderes religiosos para interpretá-la. Martin Lutero, por exemplo, passou a reivindicar a tradução da bíblia para o alemão para que ela se tornasse acessível ao povo. Não ouvido e ainda expulso da Igreja Católica, fundou a sua própria, a Igreja Protestante.
Da disputa, houve a ruptura entre Católicos e Protestantes. Porém, para não perder o seu poder, a Igreja Católica liderou o movimento da Contrarreforma que refletiu na educação por meio do conjunto de regras que foram instituídas, o Ratio Studiorum.
Quadro 3: o Ratio Studiorum
Fonte: elaborada pela autora
Já no século XVIII, diante da consolidação do capitalismo e dos Estados burgueses, assistimos mudanças na educação sob a influência do iluminismo francês. Por exemplo, a França constrói as primeiras escolas de nível primário, assim como escolas de formação de professores. Os Estados começam a propor sistemas nacionais de educação sob o lema da universalidade, estatalidade, gratuidade e laicidade, que são as grandes bandeiras burguesas. A escola de Estado começa a dar passos para ser concretizada.
Figura 4: As bandeiras educacionais levantadas pela Burguesia
Fonte: elaborada pela autora
A renovação no conceito das escolas burguesas pode ser percebida especialmente na organização escolar em graus de estudos, nos programas escolares, que passaram a incluir conhecimentos científicos no lugar dos religiosos, e na didática, que passou a considerar grandes grupos de alunos aprendendo no mesmo espaço.
Chegamos ao século XX, que expressou sua crítica máxima à escola tradicional e autoritária no tratamento do aluno visto como um ser passivo. Representante máximo dessa crítica foi John Dewey, idealizador da escola Nova ou escola Ativa. Além de novos métodos não autoritários e centrados na criança, elevou os ideais construtivistas subsequentes. Entretanto, propostas socialistas, além do reconhecimento desses pressupostos de Dewey, também colocavam a questão do trabalho como sendo um princípio educativo. Essas concepções passaram a influenciar as mudanças da escola tradicional e se constituíram em pontos focais na bandeira, em países desenvolvidos, da busca pela qualidade.
Quadro 4: A educação no Século XX
Fonte: elaborada pela autora
Sugestão de Vídeo Complementar: BITTAR, Marisa. Vídeo aula 3: "A escola do século XX: ideais e desafios". Canal SEaD UFSCar, 2013. Disponível em: https://youtu.be/gj5be7GGrFI. Acesso em 24 de maio de 2017. |
Resumo:
A educação ocidental tem origem na Antiguidade. A Grécia pode ser considerada o berço do modelo educacional dos primórdios, preconizando uma educação política aos seus cidadãos, para a arte de guerrear e de governar. Esse modelo cultural e educacional foi transmitido a Roma, que venceu e dominou a Grécia.
Nesse contexto, surgiu a primeira ideia de escola de Estado, preconizada pelo filósofo Aristóteles. Mas essa ideia foi completamente esquecida quando, na Idade Média, os objetivos de formação mudam de formação do cidadão para a formação do cristão.
Numa sociedade feudal, a Igreja passou a se responsabilizar pela formação, e trouxe como uma novidade o anúncio de formar a todos, sem distinção.
Neste caminho de aprendizagem vimos que, séculos mais tarde, houve uma crise religiosa que foi responsável por um momento de Reformas, que dividiu Igreja em Católica e Protestante. Essas mudanças trouxeram dois modelos educacionais diferentes, um mais próximo ao futuro da escola moderna (o protestante) e outro que ainda insistia na educação exclusivamente a cargo da igreja (o católico).
Nos séculos da modernidade, com o avanço da classe burguesa e do capitalismo, assistimos nascer uma escola de Estado, que clamava por princípios de estatalidade, gratuidade, universalidade e laicidade; uma escola igual para todos que, na prática, não foi concretizada como se previu na teoria.
Essas bandeiras da modernidade foram concretizadas na educação contemporânea, mas mantiveram escolas diferentes para classes sociais diferentes. O século XX, que assistiu a tantas mudanças e acontecimentos, evidenciou duas principais propostas educacionais que debatiam pedagogicamente, a escola Nova e a escola Socialista, ambas críticas da escola tradicional.
Referências Bibliográficas:
BITTAR, Marisa. História da Educação: da Antiguidade à época contemporânea. São Carlos: Edufscar, 2009.
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP (FEU), 1999.
MANACORCA, Mário A. História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias. 10 ed. São Paulo: Editora Cortez, 2002.
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