EMÍLIA FERREIRO, a psicolinguística
argentina, estudando os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e
escrever, ao invés de perguntar como se ensina a ler e escrever,
perguntou como
alguém aprende a ler e
O que isso
significa? Significa que o processo de ensinar se desloca para o ato de
aprender, por meio da construção
do conhecimento que será realizado pelo educando, que
se torna agente de sua aprendizagem.
Os
conceitos que os professores trabalham separadamente, de acordo com Ferreiro,
como imaturidade, prontidão, habilidades motoras e perceptuais deixam de ter
sentido isoladamente. Os aspectos motores, cognitivos e afetivos são
importantes, na medida que tratados no contexto da realidade sócio-cultural dos
alunos. “Hoje
a perspectiva construtivista considera a interação de todos eles, numa visão
política, integral, para explicar a aprendizagem” diz
Ferreiro.
Os níveis diferentes em que normalmente os alunos
se encontram e vão se desenvolvendo durante o processo de alfabetização, e a interação entre eles, é muito importante
para o desenvolvimento do processo.
I - Os níveis estruturais da linguagem escrita pedem as diferenças individuais e
os diferente ritmos dos alunos :
1- diferenciar entre desenho e escrita;
2-utilizar no mínimo duas ou três letras para poder
escrever palavras;
3- reproduzir os traços da escrita, de acordo com
seu contato com as formas gráficas (imprensa ou cursiva),
escolhendo a que lhe é mais familiar para usar nas suas hipóteses de escrita;
4- perceber que é preciso variar os caracteres para
obter palavras diferentes.
4- perder que é preciso variar os caracteres para
obter palavras diferentes.
II – Nível silábico – pode ser dividido entre
Silábico e Silábico / Alfabético:
Silábico – a criança compreende que as diferenças na
representação escrita está relacionada com “o som” das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de
usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza símbolos gráficos de forma aleatória, usando apenas consoantes,
ora apenas vogais, ora letras inventadas e repetindo-as de acordo com o
número de sílabas das palavras.
Silábico/Alfabético
– convivem as formas de fazer
corresponder os sons ás formas silábica e alfabética e a criança pode
escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética.
Nível Alfabético
– A criança agora entende que: sílaba
não pode ser considerada uma unidade e que pode ser separada em unidades
menores; a identificação do som não é garantia da identificação da letra, o que
pode gerar as famosas dificuldades ortográficas e a escrita supõe a necessidade
de análise a necessidade da análise fonética das palavras.
Esta análise do desenvolvimento cognitivo do aluno é conhecido por “Nível da
Psicogênese”.Ana Teberosky é uma das criadoras junto com Emilia Ferreiro da
Psicogênese da Língua Escrita, novos elementos para esclarecer o
processo vivido pelo aluno que está aprendendo a ler e a escrever.
Nessa linha de pensamento conhecida como “construtivismo”, para que a
alfabetização tenha sentido é necessário ser um processo interativo,
dentro do contexto da criança, com histórias e com intervenções das próprias
crianças, que podem aglutinar, contrair “engolir” palavras, desde que essas
palavras ou histórias façam algum sentido para elas.
Os “erros” das
crianças podem ser trabalhados, eles demonstram uma construção, e com o tempo vão diminuindo, pois elas começam a se preocupar
com outras (como ortografia), que não se preocupavam antes, pois estavam
apenas descobrindo a escrita.
Magda
Soares, no artigo “Letramento e alfabetização: as muitas facetas”, 26ª Reunião Anual da ANPED. GT Alfabetização, Leitura e Escrita, resume bem a proposta construtivista: “(….) a
perspectiva construtivista trouxe importantes e diferentes contribuições para a
alfabetização: (...) Alterou profundamente a concepção do processo de construção da representação da língua escrita, pela criança,
que deixa de ser considerada como dependente de estímulos externos para
aprender o sistema de
escrita, concepção presente nos métodos de alfabetização até então em uso, hoje
designados tradicionais, e passa a sujeito ativo capaz de progressivamente
(re)construir esse sistema de representação, interagindo com a língua escrita
em seus usos e práticas sociais, isto é, interagindo com material para ler, não
com material artificialmente produzido para aprender a ler; os chamados para a
aprendizagem pré-requisitos
da escrita, que caracterizam a criança pronta
ou madura para ser alfabetizada - pressuposto dos métodos tradicionais de
alfabetização - são negados por uma visão interacionista, que rejeita uma ordem
hierárquica de habilidades, afirmando que a aprendizagem se dá por uma
progressiva construção do conhecimento, na relação da criança com o objeto
língua escrita; as dificuldades da criança no processo da construção do sistema
de representação que é a língua escrita- consideradas deficiências ou
disfunções, na perspectiva dos métodos tradicionais - passam a ser vistas como
erros construtivos, resultado de constantes reestruturações.”
Reportando ao artigo da professora da Universidade de Brasília em sua
investigação sobre Métodos de Alfabetização e Consciência
Fonológica, em que aponta causas da dificuldade de de aprendizagem,
defasagem idade/série, levam grande número de alunos levam até o fim do 1º grau,
resultado de várias
pesquisas do analfabeto funcional e da evasão,e
dentre outros fatores está o desenvolvimento
do processo da leitura e da escrita “ a importância da consciência
fonológica e o princípio alfabético, a primeira como o
entendimento de que cada palavra _ou partes da palavra_ é constituída de um ou
mais fonemas. Para a fonoaudióloga Lílian Nascimento, rimas, aliterações,
consciência sintática, silábica e fonêmica são habilidades relacionadas à
consciência fonológica.. Na mesma linha de pensamento Alliende e Condemarín
(1987 p. 46) denominam consciência linguística “o conhecimento consciente do
indivíduo dos tipos e níveis dos processos linguísticos que caracterizam as
expressões faladas”, entre os quais o de codificar foneticamente a informação
linguística. Discutindo o papel da consciência fonológicana
alfabetização, Carvalho (2005) alerta para a necessidade de que os
alfabetizandos percebam a dimensão sonora das palavras, que são formadas por
sílabas e fonemas.”
Essa conclusão
confronta com um nítido vácuo da construção da escrita e da leitura pela
proposta construtivista.
Ao contrário do que
muitos pensam Emília Ferreiro trouxe valiosas contribuições para a compreensão
da aquisição e desenvolvimento do conhecimento cognitivo na
alfabetização, porém Emília Ferreiro não é um Método de Alfabetização.
(…) a minha contribuição foi encontrar uma
explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos
que olham, dos ouvidos que escutam há uma criança que pensa” Emília
Ferreiro
Referências
·
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolingüística & educação. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
Psicogênese da língua Escrita, de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. Ed. Artes Médicas, Av.
Jerônimo Ornellas. 670. CEP 90040-340. Porto Alegre. RS. Tel: (051) 330-3444/330-2183
A Escrita e a Escola, de Ana Maria Kaufman. Ed. Artes Médicas.
Alfabetização em Processo, de Emilia Ferreiro. Ed. Cortez. R. Bartira. 387. CEP 05009-000. São Paulo. SP. Tel: (011) 864-0111.
Ensaios Construtivistas, de Lino de Macedo. Ed. Casa do Psicólogo. R. Alves Guimarães, 436, CEP 05410-000. São Paulo, SP, Tel: (011) 852-4633.
Aprendendo a Escrever: Perspectivas Psicológicas e Implicações Educacionais, de Ana Teberosky. Ed. Ática. R. Barão de Iguape. 110. CEP: 01507-900, caixa postal 8656, São Paulo, SP. Tel: (011) 278-9322.
-Márcio Ferrari (novaescola@atleitor.com.br)
Trecho da palestra de Emilia Ferreiro durante a 1ª Semana da Educação, em outubro de 2006, em São Paulo
-SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita: a Alfabetização como processo discursivo/7. ed. - São Paulo: Cortez, 1996.
Revista Nova Escola Janeiro/Fevereiro de 2001
-Mara Regina Maraia Schoenberger , licenciada em Pedagogia,Pós graduada em Educação Interdisciplinar e Metodologia do Ensino Fundamental: Educação Interdisciplinar de 1ª á 4ª serie do Ensino Fundamental com Enfase em Educação Infantil:Cursando Educação Especial e Inclusiva
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolingüística & educação. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
Psicogênese da língua Escrita, de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. Ed. Artes Médicas, Av.
Jerônimo Ornellas. 670. CEP 90040-340. Porto Alegre. RS. Tel: (051) 330-3444/330-2183
A Escrita e a Escola, de Ana Maria Kaufman. Ed. Artes Médicas.
Alfabetização em Processo, de Emilia Ferreiro. Ed. Cortez. R. Bartira. 387. CEP 05009-000. São Paulo. SP. Tel: (011) 864-0111.
Ensaios Construtivistas, de Lino de Macedo. Ed. Casa do Psicólogo. R. Alves Guimarães, 436, CEP 05410-000. São Paulo, SP, Tel: (011) 852-4633.
Aprendendo a Escrever: Perspectivas Psicológicas e Implicações Educacionais, de Ana Teberosky. Ed. Ática. R. Barão de Iguape. 110. CEP: 01507-900, caixa postal 8656, São Paulo, SP. Tel: (011) 278-9322.
-Márcio Ferrari (novaescola@atleitor.com.br)
Trecho da palestra de Emilia Ferreiro durante a 1ª Semana da Educação, em outubro de 2006, em São Paulo
-SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita: a Alfabetização como processo discursivo/7. ed. - São Paulo: Cortez, 1996.
Revista Nova Escola Janeiro/Fevereiro de 2001
-Mara Regina Maraia Schoenberger , licenciada em Pedagogia,Pós graduada em Educação Interdisciplinar e Metodologia do Ensino Fundamental: Educação Interdisciplinar de 1ª á 4ª serie do Ensino Fundamental com Enfase em Educação Infantil:Cursando Educação Especial e Inclusiva
João
Batista Araujo e Oliveira
Consultor,
Presidente da JM-Associados1 Publicado na Revista Ensaio, V. 10, N. 35, Abril-Junho 2002.
pp. 161-2000
|
atégiashttp://www.alfaebeto.org.br/documentos/construtivismo_alfabetizacao.pdf
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