Escrito por Ana
Carolina Escudero, Ana Priscila Ferreira Tesser, Antonia Gonçalves e Maristella
Freitas | Publicado em: 09 de Outubro de
2012
Introdução
As formas tradicionais de alfabetização inicial
consistem em um método no qual o
Professor transmite
seus conhecimentos aos seus alunos. Porém, muitos desses não estão capacitados
para compreender algumas dificuldades que a criança enfrenta antes de entender
o verdadeiro sentido da leitura e escrita.
As primeiras escritas
feitas pelas crianças no início da aprendizagem devem ser consideradas como
produções de grande valor, porque de alguma
forma seus esforços foram colocados no papel representando algo.
Na aprendizagem
inicial as práticas utilizadas são muitas vezes, baseadas na junção de sílabas
simples memorização de sons e copias. Fazendo com que a criança se torne um
espectador passivo ou receptor mecânico. Não participando doprocesso de construção do conhecimento.
Ensino Emilia Ferreiro
Nos últimos 20 anos nenhum
nome teve tanta influência sobre a educação
brasileira como o da psicolingüista Emília Ferreiro.
Emília Ferreiro nasceu na Argentina em 1936.
Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob orientação do biólogo Jean Piaget,
cujo trabalho é epistemologia genética (desenvolvimento natural da criança). Em 1974 Emília desenvolveu
na Universidade de Buenos Aires uma série de
experimentos com crianças, que deu origem em Psicogênese da Língua Escrita, com
parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky , publicado em 1979.
Das obras de Emília a mais importante foi –
Psicogênese da Língua Escrita – não apresenta nenhum método pedagógico, mas
revela os processos de aprendizagem da criança, levando a entender
que puseram em questão os métodos tradicionais de ensino da leitura e da
escrita.
Emília Ferreiro
tornou-se referência para o ensino brasileiro e seu nome
passou a ser ligado ao construtivismo, modo em que a criança aprende. Emília
chegou à conclusão de que as crianças têm um papel ativo de aprendizagem. Elas
constroem seu próprio conhecimento.
Segundo Emília
Ferreiro, a construção do conhecimento da leitura e da
escrita tem uma lógica individual, na escola ou fora dela. No processo de
aprendizagem a criança passa por etapas com avanços e recuos, até dominar o
código lingüístico. O tempo para o aluno transpor cada uma das etapas é bem
variado. Duas conseqüências importantes a ser respeitada em sala de aula é
respeitar a evolução de cada criança e compreender que o desempenho mais
vagaroso não significa que a mesma seja menos inteligente. A aprendizagem não é
provocada pela escola, mas pela própria mente das crianças, elas chegam a seu
primeiro dia de aula com conhecimento.
O processo inicial é
considerado em função da relação entre método utilizado e o estado de
maturidade ou de prontidão da criança. As dificuldades que a criança enfrenta,
são dificuldades conceituadas a respeito da construção do sistema e pode-se
dizer que as crianças reinventam esse sistema. Não é reinventar as letras ou
números, mas compreende-se o processo de construção e suas regras de produção.
De acordo com a teoria exposta em Psicogênese da
Língua Escrita, toda criança passa por quatro fases até sua alfabetização:
- pré-silábica: não consegue relacionar as letras
com os
sons da língua falada;
- silábica: interpreta de sua maneira,
atribuindo valor a cada sílaba;
- silábico-alfabética: mistura a lógica da fase
anterior com a identificação de cada silaba;
- alfabética: domina o valor das letras e
sílabas.
O processo de
conhecimento da criança deve ser gradual dependendo de sua assimilação e de uma
re-acomodação dos esquemas internos,
que necessariamente levam tempo. É por utilizar esse sistema e não repetir o
que ouvem, que as crianças interpretam o ensino que recebem. Nada mais
revelador do funcionamento da mente de um aluno do que seus supostos erros,
porque evidenciam como ele releu o conteúdo aprendido.
Emília Ferreiro
critica a alfabetização tradicional, porque a prontidão das crianças para o
aprendizado da leitura e da escrita por meio de avaliação de percepção e de
motricidade (coordenação). O peso para o aspecto externo da escrita é
excessivo, deixando de lado suas características
como a compreensão da escrita e sua organização. Seguindo esse raciocínio o contato da criança com a organização da escrita
é adiado para quando ela for capaz de ler as palavras isoladas, embora a
relação com os textos inteiros sejam enriquecida. Portanto a alfabetização
também é uma forma de se apropriar das funções sociais da escrita.
Segundo Emilia Ferreiro (1996, p.24) “O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida,
em um ambiente social. Mas as práticas sociais assim como as informações
sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças.”
Atualmente, os
professores definem o processo de alfabetização como sinônimo de uma técnica.
Entretanto no processo de alfabetização inicial, nem sempre esses critérios são
utilizados. Os professores ensinam da mesma maneira como aprenderam quando eram
alunos, e não aceitam os erros que seus alunos cometem.
A autora defende, que
de todos os grupos as crianças são as mais fáceis de alfabetizar e estão em
processo continuo de aprendizagem, enquanto os adultos já têm formas de conhecimento mais difíceis de modificar, ressalta.
Tradicionalmente, as
decisões a respeito da prática alfabetizadora têm como foco a polêmica sobre os
métodos utilizados. A metodologia normalmente utilizada pelos professores parte
daquilo que é mais simples, passando para os
mais complexos.
Para Ferreiro &
Teberosky (1985, p.18) a preocupação dos educadores tem-se voltado para a busca
do melhor ou do mais eficaz dos métodos, levando a uma polêmica entre dois
tipos fundamentais: método sintético e método analítico.
O método sintético
preserva a correspondência entre o oral e o escrito, entre som e a grafia. O
que se destaca é o processo que consiste em partir das partes do todo, sendo as
letras os elementos mínimos da escrita. O método analítico insiste no
reconhecimento global das palavras ou orações.
Então para Emília
Ferreiro, o que seria correto é interrogar, ”através de que tipo de prática a
criança é introduzida na linguagem escrita, e como se apresenta esse objeto no
contexto escolar” (1985, p.30).
Existem práticas que
levam a criança à convicção de que o conhecimento é algo que os outros possuem
e que só se pode adquirir da boca destes, deixando assim, de ser participante
da construção. Algumas práticas levam a pensar que o que existe para conhecer
já foi estabelecido, como um conjunto de coisas que não serão modificados.
Algumas práticas fazem com que a criança, fique sem a prática do conhecimento,
como receptor daquilo que o professor ensina.
Ainda para Ferreiro
”nenhuma prática pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas em certo modo de
conceber o processo de aprendizagem e o objeto dessa aprendizagem” (1985,p.31).
Então para que o professor seja eficaz deverá adaptar seu ponto de vista ao da
criança.
Conclusão
Foi possível
compreender que as dificuldades e fracassos nas séries iniciais na aprendizagem
da leitura e escrita constituem um problema que nenhum método conseguiu
solucionar.
Tendo como base a
teoria psicológica e epistemológica de Piaget, a pesquisadora mostra que a
criança constrói seus sistemas interpretativos.
Porem é necessário
que o professor considere as escritas do ponto de vista construtivo,
considerando a evolução de cada criança, é preciso que haja uma reestruturação
interna na escola com relação à
alfabetização e também no que se refere às formas de alfabetizar.
Fonte: http://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/psicologia-da-aprendizagem-metodo-de-ensino-emilia-ferreiro#ixzz33opot3vz
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