Afetividade entre professor e aluno revela a
essência do que é educação
·
A afetividade é uma condição indispensável de relacionamento do homem
com
o mundo, a relação humana ainda que totalmente complexada,
é elemento
fundamental na concretização comportamental de um indivíduo.
Desta forma, ao efetuarmos
uma análise dos relacionamentos entre
professor/aluno devemos nos atentar aos
itens fazem essa relação
uma relação tão significativa na construção do ser
humano como
ser social-afetivo. Apesar de não se tratar da única mediação
relacional
onde ocorre ensino e aprendizagem, a relação entre docente/discente
é ou pelo menos deveria ser a que melhor revelasse a essência do que
é
educação. Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando
o aluno
se sente competente o bastante para participar de maneira ativa
nas aulas. O
gosto pelo aprender não é uma atividade que surge
espontaneamente nos alunos,
pois o conceito de aprender geralmente
não é entendido como uma satisfação,
sendo em algumas vezes entendido
por obrigação. Sendo assim a relação
entre professor-aluno depende
fundamentalmente do ambiente estabelecido pelo
professor, da relação
de empática dele com seus alunos, da capacidade de se
interessar por
eles, dando carinho e atenção fazendo dessa relação pontes entre
o seu
conhecimento e o deles. De acordo o dicionário Bueno (2000, p.33)
entende-se por afetividade, qualidade do que é afetivo; afeição;
carinho.
Segundo Andreazza (1997) etimologicamente “a palavra afetivo
decorre do latim
affectus, que significa capaz de sentimento ou emoção”.
Para Cabral e Nick
(1999), o afeto é qualquer espécie de sentimento e
(ou) emoção associada à
ideia ou aos complexos de ideias. “A afetividade
é o território dos
sentimentos, das paixões, das emoções, por onde transitam
os medos sofrimentos
interesses, alegrias” (FREIRE, 1997, p.170).
Quando falamos em afetividade
devemos levar em consideração as
emoções, elas são expressões da vida afetiva,
são acompanhadas
de reações breves e intensas do organismo em resposta de uma
situação
inesperado. Para Damásio (2000) é o “conjunto complexos de
químicas e
neurais determinadas biologicamente e dependentes de
mecanismos cerebrais”. As
emoções podem ser as mais diversas,
raiva, medo, tristeza, alegria, entre
outras. Podem ser fortes, fracas,
passageiras duradouras e podem mudar com o
tempo, fazendo com
que uma coisa que nunca nos emocionou passe a nos emocionar.
Uma mesma reação pode expressar emoções diferentes, exemplo:
podemos chorar de
tristeza ou de alegria. De acordo com as emoções
que temos, diante de cada situação,
podemos avaliar melhor o que nos
acontece. Sabemos que o afeto é um ingrediente
primordial em qualquer
relação humana, e que este deve estar presente em todas
as fases da
vida do indivíduo. Porém, na atualidade, ao analisarmos essas
relações,
percebemos que há um distanciamento da afetividade, uma banalização
deste sentimento.
A
consequência é visível: crianças se tornam verdadeiros “adultos
em miniatura”,
demonstrando um comportamento precoce,
antissocial e muitas vezes agressivo.
De
forma que torna se vital, assim, compreender a importância da presença de um
ambiente propício ao exercício da afetividade na vida desses alunos. A
afetividade está
constantemente presente na vivência da criança, independente
de sua origem, gênero ou
classe social. Porém, ainda encontramos resistência na
valorização da mesma em sala de
aula, visto que aescola ainda é
fortemente influenciada por métodos que privilegiam o
tradicionalismo que, com
frequência desvalorizam a importância da vivência na formação
do aluno. O aluno
é convidado a se manter imóvel numa carteira por horas,
tornando-se mero
expectador do processo de ensino-aprendizagem, prática adotada
anteriormente na tendência tradicional
de ensino, onde o discente era visto como um
depósito de conhecimentos, e o
professor evita se – envolver afetivamente com o aluno,
pensando erroneamente
que o excesso de aproximação com o discente levaria a um
“excesso de confiança”
e ao fracasso do processo de aprendizagem. A criança é um
ser corpóreo e deve
ser visto como tal. Para que isso aconteça, o professor precisa assumir
uma
postura crítica de seu trabalho, buscando dentro da ética e cidadania respostas
para
as situações do cotidiano escolar. Durante os seus primeiros anos na
escola, a criança
está iniciando seu ingresso no mundo,
pois antes fazia parte de um grupo mais restrito,
formado por familiares e
amigos: um mundo de descobertas, dúvidas, frustrações, alegrias,
negação de si
mesmo e do outro. O ensino nas escolas não pode estar voltado
restritamente
para aspectos cognitivos. O professor deve questionar-se: “Quem é o meu aluno?”
E a partir de suas conclusões, criar oportunidades significativas de
aprendizagem que
priorizem a reflexão e a criticidade, baseadas numa relação de
troca. A escola, portanto,
deve estar atenta aos aspectos que valorizem a
cultura do aluno, fazendo com que o
discente possa estar relacionando os
conteúdos apreendidos com sua vivência, pois como
afirma Gadotti (2003, p.47),
“aprendemos “com” porque precisamos do
outro, fazemo-nos
na relação com o outro,
mediados pelo mundo, pela realidade em que vivemos”.
O processo de
ensino-aprendizagem precisa favorecer os conhecimentos prévios do
aluno e suas
múltiplas vivências, e o afeto neste contexto proporciona não somente
um
ambiente agradável para professor e aluno, mas sim uma educação humanizadora
voltada para a transformação, centrada na solidariedade. Sabendo que a
construção
de relações de proximidade, empatia e significado, no processo de
ensino-aprendizagem,
será sempre um desafio, visto que é contextualizada, isto
é, precisa considerar
a história, o ambiente, as trajetórias formativas de
professores e alunos, seus saberes
e experiências, etc., pode-se apontar
algumas recomendações que podem contribuir
na superação do desafio de construir
relações de proximidade e empatia, e perseguir a
excelência no ensinar e no
aprender. Destaco, pois, as seguintes:
1 – É
preciso adotar uma postura dialógica, fundada na construção parceira do saber e
na afirmação da vida de cada ator do processo educativo;
2 –
Construir coletivamente um ambiente de aprendizagem onde
todos possam ser
escutados, sentirem se acolhidos e valorizados
em seus saberes e experiências,
implicando o conhecimento das
histórias, trajetórias, perfil dos alunos, de
seus gostos, problemas e
dificuldades;
3 –
Estabelecer, em cada aula ou espaço de ensino-aprendizagem,
condições alegres e
bonitas para se trabalhar, vivenciando momentos
de
inquietação epistemológica, produção individual e coletiva,
sistematização e
valorização das descobertas, procurando identificar
os significados da
convivência pedagógica;
4 –
Trabalhar o gosto pela curiosidade e a investigação, motivando e
fomentando
atitudes e práticas produtivas, procurando dar um
sentido social para a
produção do saber;
5 – Criar
espaços de avaliação, entendendo-a não só como aferição
de resultados do
ensino-aprendizagem, mas como identificação dos
sentidos e significados do
saber e do fazer epistemológico e social.
Reforçando a ideia de que não haverá
excelência no processo de
ensino-aprendizagem se não houver uma busca
permanente
por uma excelência nas relações de convivência, no ambiente ou
espaço de aprendizagem, entre professores e alunos. É no espaço
da convivência,
onde se dá a proximidade e a empatia, que o
ato de ensinar e aprender efetiva,
ganha sentido e significado.
Referências – Freire, Paulo. Pedagogia da
autonomia:
Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,
1996.
(André Junior, membro UBE – União Brasileira
De Escritores – Goiás –escritorliterario@yahoo.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Oi! Deixe aqui seu recadinho, obrigada.