Conteúdos
e metodologias específicas de Alfabetização e Letramento
fonte:unopar
1 A questão dos métodos nos processos de alfabetização e letramento
Ao nos referirmos aos processos de
ensino e aprendizagem da leitura e da escrita é imprescindível estudar as
questões metodológicas pelas quais os educadores organizam o seu trabalho
pedagógico. Essa discussão é necessária, pois muito se fala que a alfabetização
e o letramento dependem do emprego de bons métodos de ensino. A questão
metodológica na organização desses processos é fundamental, mas é preciso
ressignificar o próprio conceito de método no contexto específico da
aprendizagem da leitura e da escrita. Gostaria de apresentar para você um breve
resumo dos métodos de alfabetização que foram utilizados na história da
alfabetização no Brasil. Os teóricos classificam os métodos de ensino em dois
grandes grupos, baseados nos princípios psicológicos neles envolvidos: os
sintéticos e os analíticos. Outros admitem ainda um terceiro grupo, o
analítico-sintético ou mistos, resultantes da combinação dos dois
processos.
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Métodos
sintéticos
Os métodos sintéticos subdividem-se
em:
a) alfabético: o aluno aprende as letras isoladamente,
liga as consoantes às vogais, formando sílabas; reúne as sílabas para formar as
palavras e chega ao todo (texto);
b) fonético ou fônico: o aluno
parte do som da letras, une o som da consoante ao som da vogal, pronunciando a
sílaba formada;
c) silábico: o aluno parte das sílabas para formar
palavras.
Métodos
Analíticos
Os métodos analíticos subdividem-se
em:
a)
palavração: este método parte da palavra. Existe aqui a preocupação de que
vocábulos apresentados tenham sequência tal, que englobam todos os sons da
língua e as dificuldades sejam sistematizadas gradativamente. Depois da
aquisição de determinado número de palavras, formam-se as frases;
b) sentenciação: esse método parte da frase para depois
dividi-la em palavras, de onde são extraídas os elementos mais simples: as
sílabas;
c) conto, estória (global): esse método é composto de
várias unidades de leitura que apresentam começo, meio e fim. Em cada unidade,
as frases estão ligadas pelo sentido para formar um enredo, havendo uma
preocupação quanto ao conteúdo que deverá ser do interesse da criança.
Métodos Mistos ou
Ecléticos
Os métodos ecléticos são os
analítico-sintético ou sintético-analítico. Têm como características as
atividades simultâneas de análise e síntese, compor e decompor (ou vice-versa)
no âmbito de uma lição, a partir da qual os alunos são levados a analisar, comparar
e sintetizar, simultaneamente, até se familiarizarem com os elementos da
linguagem e dominar o mecanismo da leitura.
Quando pensamos num ambiente
alfabetizador, imaginamos que a criança num ambiente alegre, repleto de
letreiros, embalagens, jornais, revistas, livros para que ela tenha acesso ao
mundo da escrita. É inegável que a criança brinca, independente do apoio ou a
promoção do adulto. Além disso, a criança não precisa de nenhum incentivo para
iniciar uma brincadeira. O educador no planejamento e construção do ambiente
alfabetizador pode criar ambientes lúdicos com materiais escritos
significativos ao universo infantil para que as crianças vivenciem o letramento
de maneira intencional.
Brincar no processo de alfabetização
e letramento integra as atividades e deve fazer parte do trabalho pedagógico.
Para a criança, ela está apenas brincando, mas o educador, profissional
teoricamente sofisticado, esse brincar é dotado de muitos significados e
promove o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. De acordo, com Piaget,
os jogos fazem parte do ato de educar, num compromisso consciente, intencional
e modificador da sociedade; educar ludicamente não é jogar lições empacotadas
para o educando consumir passivamente. Antes disso é um ato consciente e
planejado, é tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo (WAJSKOP,
1995, p.63).
Várias são as formas de brincar e, em todas elas existem o processo de criatividade e construção. O brinquedo proporciona o aprender-fazendo e brincando. Por meio de jogos e brincadeiras, a criança pode aprender novos conceitos, adquirir informações e até mesmo superar dificuldades de aprendizagem.A criança frente a situações lúdicas desenvolve o funcionamento do pensar e alcança níveis de desempenho que só por meio da estimulação e do brincar são atingidos. É essencial que a criança brinque. Brincando, cantando, se expressando, contando, brincando com as histórias ou simplesmente ouvindo-as, ela estará se desenvolvendo como um ser integral. Brincar em sala de aula proporciona momentos ricos em interação e aprendizagem, auxiliando tanto os professores como as crianças no processo de ensino e aprendizagem. Por meio do brincar há criação, imaginação, antecipação e inquietação. Assim, transforma-se, levanta-se hipóteses e traça estratégias para a busca de soluções.
Entendemos que utilizar uma proposta que privilegie o brincar (brincadeiras, jogos, histórias, dramatização e manifestações artísticas) atraia, motive e acima de tudo, convoque a criança a participar. Esta participação espontânea faz com que ela se torne uma “pesquisadora” consciente do objeto de ensino, objeto que nós os professores colocamos ao seu alcance. Desta forma, gerenciamos o aprendizado à medida que escolhemos o que colocamos à disposição desta pesquisa, o conteúdo que julgamos ser importante e estar no momento adequado para a criança aprender. Consideramos que o brincar deva ocupar um espaço central na educação das crianças e, entendemos que o professor é figura fundamental para que isso aconteça, criando os espaços, oferecendo material e partilhando das brincadeiras.
Se, para criança, a escrita é uma
atividade complexa, o jogo, ao contrário, é um comportamento ativo cuja
estrutura ajuda na apropriação motora necessária para a escrita. Ao lado das
atividades de integração da criança à escola, deve-se promover a leitura e a
escrita juntamente, utilizando-se para isto a dramatização, conversas,
recreação, desenho, música, histórias lidas e contadas, gravuras, contos e
versos. O jogo se convenientemente planejado, é um recurso pedagógico eficaz
para a construção do conhecimento sistemático. Três aspectos, por si só,
justificam a incorporação do jogo nas aulas: o caráter lúdico, o
desenvolvimento de técnicas intelectuais e a formação de relações sociais. Os
jogos fornecem um suporte metodológico importante, pois através deles, os
alunos podem criar, pesquisar, brincar e aprender. Quando a criança brinca, ela
o faz de modo bastante compenetrado, nesse momento, ela não está preocupada com
a aquisição do conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou
física, mas, é nesse momento que ocorre a aprendizagem.
Porém essa perspectiva não é tão
fácil de ser adotada na prática. Podemos nos perguntar: como? O bom uso de
jogos em aula requer que tenhamos uma noção clara do que queremos explorar ali e
de como fazê-lo. Questões práticas quanto à implantação dos jogos e quanto à
regularidade com que o jogamos também precisam ser discutidas para que possamos
tirar pleno proveito do jogo como recurso pedagógico e instrumento de trabalho.
A partir da construção e da vivência em ambientes lúdicos com materiais
escritos, a criança poderá ter a oportunidade de apresentar um comportamento de
letramento. A grande contribuição da construção desse ambiente é a
possibilidade de proporcionar o contato com a leitura e a escrita de maneira
contextualizada, divertida e, acima de tudo, com possibilidade de
transformação.
Saiba
Mais
·
BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; ROSA, Ester Calland de Souza (orgs.). Leitura e
produção de textos na alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica,
2005. Disponível em: http://www.ceelufpe.com.br/e-books/Leitura_Livro.pdf
·
SILVA, Alexsandro da; MORAIS, Artur Gomes; MELO, Kátia Leal Reis de (orgs.).
Ortografia na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. Disponível
em: http://www.ceelufpe.com.br/e-books/Ortografia_Livro.pdf
·
PERRUSI, Ana Carolina; LEAL, Telma Ferraz (orgs.). Produção de textos na
escola: reflexões e práticas no ensino fundamental. Belo Horizonte: Autêntica,
2007. Disponível: http://www.ceelufpe.com.br/e-books/Producao_Livro.pdf
2 O
Planejamento Pedagógico em relação à leitura e escrita
É fundamental planejar. Planejar
permite tornar consciente a intencionalidade que preside a intervenção; permite
prever as condições mais adequadas para alcançar os objetivos propostos; e
permite dispor de critérios para regular todo o processo. Se admitirmos que as
finalidades da educação – favorecer o desenvolvimento da criança em todas as
suas capacidades – alcançam-se mediante o trabalho que se realiza em torno dos
conteúdos que fazem parte do currículo, é inegável que a análise e a tomada de
decisões sobre o planejamento constituem um elemento indispensável para
assegurar a coerência entre o que se pretende e o que se sucede na sala de
aula. Planejar é refletir sobre o que se pretende, reflexão como se faz e como
se avalia. Trata-se de uma reflexão que permita fundamentar as decisões que são
tomadas e observadas pela coerência e pela continuidade.
REFERÊNCIAS
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Educação Infantil. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando
sem o ba-bé-bi-bó-bu. São Paulo: Scipione, 1998.
CARDOSO, Beatriz, EDNIR Madza. Ler
e escrever, muito prazer! São Paulo: Ática, 1998.
PIAGET,
J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho,
imagem e representação. 3ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
OLIVEIRA,
V.B (org). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos de idade.
Petrópolis: Vozes, 2000.
WAJSKOP,
G. O Brincar na Educação Infantil. Cadernos de Pesquisa, 92,
62-69, 1995.
FERREIRO, Emilia, TEBEROSKY, Ana. Psicogênese
da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
SOARES. Magda. Letramento e
alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, Minas
Gerais, n. 25, p. 5-17, jan./fev./mar./abr./ 2004.
SOARES, M. Letramento: um tema
em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo. 41ª ed.Cortez.
2001.
TFOUNI,
L.V. Letramento e alfabetização. São Paulo, Cortez,1995.
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