Seu objetivo peculiar é desvendar o que diferencia
um texto de um não-texto.Por Elenilza
Maria de Araújo
O presente artigo visa demonstrar a coesão referencial em textos, sendo
que este é um
dos propósitos da Linguística Textual, posto que a função dos
marcadores textuais
é concatenar ideias para uma possível formação de um todo discursivo.
Este trabalho busca efetuar também algumas reflexões sobre o processo de
coesão
referencial, considerando-o não um fenômeno sintático-textual, mas um princípio
discursivo que revela a função desse fenômeno para organização das ideias no
âmbito textual.
Dessa maneira, pode-se explicar que de alguma forma não é possível
que um texto
se articule sem algum tipo de costura ou de elo coesivo: de amarração.
Por isso, acredita-se que o referido trabalho possa contribuir, de certa
forma, para o
reforço ao uso e/ou função dos elementos de referências em
construções de textos.
É interessante lembrar que Koch explica que “a reativação de referentes
no
texto é por meio da referenciação anafórica ou catafórica,
formando-se,
desse modo, cadeias mais ou menos longas” (2007, p. 47).
Com isso a autora reforça a ideia de que a função dos elementos
marcadores no
texto é de reativar algo colocado antes ou depois dos discursos.
Com base
nisso, procurou desenvolver uma pesquisa bibliográfica que
objetivasse melhorias
no ensino de língua portuguesa, principalmente no que alude o mau
uso de elementos
remissivos, como também a boa colocação desses elementos em
textos.
Diante disso, pretende-se apresentar uma pesquisa teórica em que se tem
a opinião
de vários pesquisadores que seguem uma linha de raciocínio ligada
ao texto
com a finalidade de dar sustentação às opiniões da pesquisadora.
Reforça-se
que a coesão referencial é executada com o auxílio de vários
elementos de
natureza gramatical e cada um tem uma função peculiar dentro da
superfície textual.
COESÃO TEXTUAL E MECANISMOS
O fenômeno da coesão tem sido objeto de estudo por vários pesquisadores,
objetivando desvendar a função dos elementos referenciais dentro do
texto.
Halliday e Hasan (apud KOCH), definem coesão textual como “um conceito
semântico que se refere às relações de sentido existentes no
interior do texto
é o que definem como um texto” (1996, p. 17).
Nesse sentido, percebe-se que a coesão pode estabelecer uma relação
de
sentido no texto, posto que forma um elo coesivo com o que está dentro
do texto (endofórico) e para fora (exofórico).
Beaugrande e Dressler (apud KOCH), por seu turno, defendem a
coesão
em conformidade com os componentes da superfície textual —
isto é, “as palavras e frases que compõem um texto encontram-se
conectadas numa sequência linear por meio de dependência de
ordem
gramatical” (1996 p. 18).
Assim, pode-se dizer que a coesão
tem a função de ligar cadeias coesivas
formando uma dependência entre
tais elementos numa sucessão linear,
responsável, por um fator
fundamental, a textualidade.Assim, pode-se explicitar
que a coesão, para ser
alcançada, necessita da união de elementos que funcionem
como “veículos” de
ancoração para o seu funcionamento na superfície do texto.
Marcuschi define
os elementos de coesão como “aqueles que dão conta da
estruturação da sequência do
texto (1995, p.18)”, afirmando que não se trata
de princípios meramente
sintáticos, mas de “uma espécie de semântica de sintaxe
textual”, isto é, dos
mecanismos formais de uma língua que permitem estabelecer,
entre os elementos
linguísticos do texto, relação de sentido.
Tal premissa opõe-se à opinião de Halliday e Hasan (apud Koch
1996),
que argumentam que a “coesão” é uma condição necessária, embora
não
suficiente para criação textual. Com isso Marcuschi (1995) explica
que existem
textos sem auxílio de elementos coesivos, mas o sentido
se dá ao nível contextual, como também há texto auxiliado de mecanismos
de coesão, com discursos isolados, sem condições necessárias para
formação
textual.
Vale lembrar, de acordo com a opinião do último, que para haver
funcionamento das coesivas muitas vezes é preciso que o contexto
dê
sustentação, assim facilitará a formação de um sentido no texto.
Abaurre et al pede que se pense na construção de uma casa. Todos
sabem que as paredes são essenciais para sua sustentação (2004).
No texto, as ideias, as informações e os argumentos equivaleriam
aos
tijolos, que, dispostos lado a lado, permitem que as paredes de uma
casa
sejam erguidas.
Nessa perspectiva e de forma analógica, percebe-se que, assim como
a casa, acontece também com o texto, pois na primeira se
colocam
apenas os tijolos, um ao lado do outro, não conseguindo
concretizar
uma construção e na segunda precisa-se juntar os em agrupamentos
para que se estabeleça uma ligação entre eles, assim como a
argamassa
que vai ser usada para unir os tijolos da construção.
Em outras palavras, Koch afirma que “o conceito de coesão textual
diz respeito a todos os processos de sequencialização que asseguram
(ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa
entre
os elementos que ocorrem na superfície textual” (1996, p.
19).
COESÃO REFERENCIAL
Koch chama de coesão referencial “aquela em que um componente da
Koch chama de coesão referencial “aquela em que um componente da
superfície textual faz remissão a outro(s) elemento(s) do universo
textual
(1996, p. 30). Com isso a autora chama este de elemento de
referência
ou referente textual, enquanto aquele, forma remissiva ou
referencial.
Os elementos de referência, nesse caso, são usados para reforçar uma
ideia dita antes da forma remissiva, como também antecipar algo
que
vai ser dito posteriormente. Concretiza-se que só haverá
paralisação
no uso desses elementos com o aparecimento de novas manifestações
discursivas, que consequentemente trarão à tona novas formas
remissivas,
sem com isso fugir da temática textual.
À remissão feita para trás dá-se o nome de anáfora e a remissão
feita
para a frente recebe o nome de catáfora (Koch 1996).
Observe-se os exemplos:
anáforaÚ1-Luana mora com a tia. Ela faz faculdade de direito.
anáforaÚ1-Luana mora com a tia. Ela faz faculdade de direito.
Ela – retomada de Luana
2- João ganhou um cachorro. O cachorro chamava-se lulu.
2- João ganhou um cachorro. O cachorro chamava-se lulu.
“Um catáforaÚcachorro”,
informação para a frente, “o cachorro”
Halliday diz que:
Os elementos de referência são itens da língua que, em vez de
Os elementos de referência são itens da língua que, em vez de
serem interpretados semanticamente pelo seu sentido próprio,
relacionam-se a outros elementos necessários a sua interpretação.
A referência pode ser situacional (extratextual) ou textual
(apud Fávero e Koch, 2000 p. 38).
Reforça-se essa ideia dizendo que há referência textual quando
se trata de elementos que estão explícitos ao texto e que a
situacional necessita da ajuda de outros elementos
fora do texto que são atraídos com a manifestação de inferências.
Fávero e Koch inferem que:
Através da anáfora estabelece-se uma relação coesiva de referência
Através da anáfora estabelece-se uma relação coesiva de referência
que permite a interpretação de um item pela relação em que
se
encontra com algo que o precede no texto e um elemento de
referência
é catafórico quando sua interpretação depende de
algo que se segue no texto (2000 p. 39).
Koch postula coesão por remissão como fator que desempenha
de (re)ativação de referentes, quer a de “sinalização” textual (2007, p. 47).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado proporcionará à pesquisadora, de certa forma,
uma reflexão sobre elementos marcadores em textos.
Convém lembrar que os textos estão presentes diariamente e
que de algum modo as pessoas os constroem num ato comunicativo,
mesmo involuntariamente, utilizam os mecanismos de coesão
nos atos discursivos.
Assim, pode-se inferir, através das experiências que já se tem como
docente,
que os alunos que conseguem usar com maior clareza os mecanismos
de coesão
em textos são exatamente os que têm um melhor desempenho nas
aulas de leitura
e produção de textos. Com isso argumenta-se que é papel do
professor estar
sempre à procura de maiores informações sobre o assunto em
questão, com o objetivo de reforçar a importância desses mecanismos em
textos.
Em observância a isso, espera-se que o corpo docente procure uma melhor
interação relacionada à escritura de textos enfatizando o
funcionamento
dos marcadores textuais. Nesse sentido, esclarece que esse
trabalho
priorizou realizar uma discussão acerca dos elementos referenciais,
enfocando seu funcionamento na tessitura do texto.
Assim, através do trabalho bibliográfico, espera-se poder
ter contribuído no trabalho com textos dentro do processo
ensino-aprendizagem.
Os termos “anáfora” e “catáfora” dicionarizados
O dicionário Michaelis registra os termos da seguinte forma:
a.ná.fo.ra sf (gr anaphorá) Ret Repetição de uma ou mais palavras no
O dicionário Michaelis registra os termos da seguinte forma:
a.ná.fo.ra sf (gr anaphorá) Ret Repetição de uma ou mais palavras no
começo de dois ou mais
versos, orações subordinadas ou sucessivas, para efeitos
retóricos ou poéticos.
ca.tá.fo.ra
sf (gr kataphorá) Med 1 Sonolência mórbida, sem febre nem delírio.
ca.tá.fo.ra
sf (gr kataphorá) Med 1 Sonolência mórbida, sem febre nem delírio.
2 Estado de letargia alternada com vigília, sendo ambas
imperfeitas.
3 Ling Antecipação de um signo, a ser enunciado na sequência.
Em: Aqui, em São Paulo, todos correm, o signo aqui é catafórico,
porque
se refere a um item que vem enunciado depois.
Porém, o Dicionário Aurélio registra somente o significado de
catáfora na medicina: Catáfora.
(Do gr. kataphorá.) S.f. Patol. Sonolência mórbida, sem febre nem
delírio.
E também: “letargia entremeada por períodos de despertar
incompletos”.
O dicionário ignora seu significado como vocábulo da
linguagem literária.
No Dicionário de Semiótica, de A.J. Greimas e J. Courtês, a palavra catáfora
é definida da seguinte forma: “Ao contrário da anáfora, mas
traduzindo
como ela a mesma relação de identidade parcial entre dois termos
inscritos
no eixo sintagmático do discurso, a catáfora se caracteriza pelo fato de
o termo retomado preceder o termo em expansão.”
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa diz que anáfora é o “processo
pelo qual um termo gramatical (um pronome ou um advérbio de lugar,
p. ex.)
retoma a referência de um sintagma anteriormente us. na mesma
frase
(p. ex.: Comeram, beberam, conversaram, e a noite ficou nisso) ou
no
mesmo discurso (p. ex.: Fui ao Museu de Artes Modernas. Lá,
encontrei
vários de meus amigos)”.
A catáfora é definida pelo Dicionário de Termos Linguísticos do seguinte
modo: “relação de dependência entre A e B em que B precede A numa
relação paralela à da anáfora. Exemplo: "desde que a Maria o
deixou,
o João nunca mais foi o mesmo", o significado do pronome
complemento
(o) da primeira oração é determinado pelo
sujeito nominal (o João)
da segunda oração.”
Fonte:
http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/
gramatica-ortografia/30/artigo219546-2.asp
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