Escolas religiosas: Deus
seria a explicação até para o que se aprende nos livros?
Ao ouvir
falar em escola religiosa, você já se perguntou o que um segmento tem a ver com
o outro? Por que a escola precisa ter ligação com a crença religiosa? E mais:
por que até hoje as instituições de ensino cuja metodologia está ligada a
alguma religião são tidas como as mais sérias, rigorosas e até mesmo de melhor
educação para crianças e adolescentes?
Se não
para a maioria das famílias, mas ainda para muitas delas, ainda é melhor
matricular seus filhos em escolas religiosas, com a “certeza” de que essa é a
melhor opção... Mas o quanto a religião pode implicar na educação desses
estudantes e, por conseqüência, na formação dos cidadãos?
Darwin ou
Deus?
O triste
é ver que há escolas justificando religiosamente até mesmo o que Darwin já
comprovou por A mais B. Tudo bem que as escolas brasileiras e religiosas sempre
ensinaram o criacionismo, mas isso se limitava às aulas de religião (pelo menos
era o que se esperava). O que tem se tornado polêmica é que algumas (ou mais
que o suficiente) escolas evangélicas têm optado: levar às aulas de ciências a
crença de que Deus criou o mundo e todos os seres que nele habitam.
É, então,
que nos perguntamos: onde fica a Teoria da Evolução de Charles Darwin? Há
evangélicos que inclusive já reformularam os livros didáticos e criaram um
conteúdo com diversos contrapontos entre a teoria bíblica e a ciência. Muitos
dos religiosos não acreditam no evolucionismo como sendo cientificamente
comprovado e insistem na ideia de que ele não explicaria a origem da vida. E
afirmam que o criacionismo, sim, teria comprovação científica, não se
sustentando apenas pela fé. Sendo assim, há escolas ensinando por aí que o
evolucionismo “até” existe, mas que a explicação de tudo está na Bíblia.
Difícil não ver incoerência nisso tudo.
Quanto ao
Ministério da Educação, há a exigência de que todas as escolas apresentem em
seus livros didáticos a teoria evolucionista consagrada pela ciência, mesmo
que, paralelamente, elas optem por defender a versão bíblica da criação.
Enquanto isso, cresce o número de escolas que investem nos dogmas da Bíblia nas
escolas.
O que está acima das crenças nas escolas?
Em
contrapartida a essas escolas, há aquelas que abrem mão do direcionamento
catequético e priorizam o que, de fato, toda instituição de ensino deveria: a
melhor educação e outros fatores que contribuam para a formação de um cidadão.
Ao mesmo
tempo que muitas famílias ainda se apegam às escolas religiosas pela tradição,
pelo rigor ou por melhor infraestrutura, por exemplo, há muitas outras que
preferem as instituições com bons resultados em rankings de desempenho,
as que oferecem ensino bilíngue ou as que investem em uma formação moral com
valores universais.
Com isso,
as escolas religiosas começam a adotar um novo perfil para atrair os pais
interessados em mais do que crença. “Na opinião da psicopedagoga Mari Angela
Calderari Oliveira, professora do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, muitas estão obtendo êxito. ‘A maioria das confessionais
trabalha hoje a questão de valores morais, mas sem impor uma crença. Paralelamente
a isso, melhoraram muito a qualidade de ensino’”, diz ela em entrevista ao
jornal Gazeta do Povo.
Mais um
ponto positivo a ser destacado é o fato de que o ambiente familiar
tradicionalmente valorizado em instituições religiosas continua a pesar na
escolha dos pais. Cabe a elas, então, criar um equilíbrio entre crença e
educação. Voltando à reflexão do início: o quanto a religião pode implicar na
educação dos estudantes e, por consequência, na formação dos cidadãos?
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