e-book "Supere a si mesmo todos os dias"

https://pay.hotmart.com/I84444557Q

domingo, 27 de novembro de 2011


Em séculos de sombra
Cecília Meireles


LAMENTO DO OFICIAL POR SEU CAVALO MORTO

Nós merecemos a morte,
porque somos humanos
e a guerra é feita pelas nossas mãos,
pela nossa cabeça embrulhada em séculos de
                                                [ sombra,
por nosso sangue estranho e instável, pelas
                                                [ ordens
que trazemos por dentro, e ficam sem
                                          [ explicação.

Criamos o fogo, a velocidade, a nova
                                          [ alquimia,
os cálculos do gesto,
embora sabendo que somos irmãos.
Temos até os átomos por cúmplices, e que
                                          [ pecados
de ciência, pelo mar, pelas nuvens,
                                          [ nos astros!
Que delírio sem Deus, nossa imaginação!
  E aqui morreste! Oh, tua morte é a minha
                                  [ que, enganada,
recebes. Não te queixas. Não pensas. Não
                               [ sabes. Indigno,
ver parar, pelo meu, teu inofensivo coração.

Animal encantado — melhor que nós todos! —
                              [ que tinhas tu com este
                              [ mundo dos homens?
Aprendias a vida, plácida e pura, e
                                      [ entrelaçada
em carne e sonho, que os teus olhos
                                      [ decifravam...
Rei das planícies verdes, com rios trêmulos
                                      [ de relinchos...
Como vieste a morrer por um que mata seus
                                      [ irmãos?

Poesias



Moderno, com 400 anos
Luís Vaz de Camões


MUDAM-SE OS TEMPOS...

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía. 


AMOR É UM FOGO...
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?


SETE ANOS DE PASTOR...
Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assim negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida;

começa de servir outros sete anos,
dizendo: — Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Aspectos pedagógicos


Psicologia e trabalho pedagógico
A resenha a seguir aborda os capítulos “A abordagem inatista-maturacionista”, “A abordagem comportamentalista”, “A abordagem Piagetiana”, “A abordagem histórico-cultural”, As relações da criança com a escrita” e “O estudo experimental da construção da escrita pela criança” contidos no livro “Psicologia e Trabalho Pedagógico” de Roseli Fontana e Maria Nazaré da Cruz que se utilizam de abordagens psicológicas para analisar o trabalho pedagógico.
No capítulo “A abordagem inatista-maturacionista” autoras abordam a perspectiva pscológica “inatista-maturacionista” que entende os fatores hereditários ou de maturação como determinantes para as aptidões individuais e de inteligência. È nesse contexto que surgem o francês Alfred Binet e o norte-americano Arnold Gessell que orientam seus estudos para descrever comportamentos e habilidades típicas de cada faixa etária, ou seja, o que é próprio para cada idade. São esses experimentos que Binet utilizará para a construção dos testes para determinar a idade mental e o quociente de inteligência (QI) da criança. Gessell por outro lado emprega câmeras cinematográficas para registrar os comportamentos da criança e assim estabelece comportamentos típicos de cada faixa etária. Desse modo, a criança “normal” deve apresentar tais comportamentos tenha nascido em qualquer lugar e época. A abordagem inatista-maturacionista marca a relação entre psicologia científica e a educação. No Brasil o primeiro teste para avaliar a prontidão de crianças para alfabetização foi desenvolvido por um educador e colocou em destaque as noções de prontidão, maturidade e aptidão que englobam a teoria.
Em “A abordagem comportamentalista” Fontana e Cruz se debruçam sobre a teoria que enfatiza a influência de fatores externos do ambiente e da experiência sobre o comportamento (do inglês behaviour) da criança. O fundador, John B. Watsson sustentava o comportamento é sempre como resposta do organismo a algum estímulo, cabendo ao comportamentalista descobrir quais são os estímulos que provocam determinado comportamento. Burrhus Frederic Skinner dá continuidades às concepções de Watson e diferencia dois tipos de aprendizagem: por condicionamento clássico e por condicionamento operante. No primeiro a resposta é simplesmente uma reação do organismo e no segundo o comportamento emitido pelo próprio organismo são seguidos por algum tipo de seqüência. As autoras ainda expõem a aprendizagem de comportamentos emocionais, como o medo, pesquisa de Watson e a modelagem do comportamento de Skinner. Entende-se a influência do comportamentalismo na escola por conta da progressão gradual, ou seja, organiza-se a aprendizagem da criança em um processo gradual seguindo a modelagem do comportamento.
“A abordagem Piagetiana” é o capítulo utilizado pelas autoras para esclarecerem a teoria de Jean Piaget que se preocupou na questão de como se dá a elaboração dos conhecimentos humanos (conhecer é organizar, estruturar e explicar a realidade a partir daquilo que se vivencia nas experiências como os objetos de conhecimento) desenvolvendo assim o que chamou de psicologia genética. Segundo Piaget, por meio da ação do indivíduo sobre o objeto se dão os processos de assimilação e acomodação e através desse processo ele adapta-se ao meio e seu próprio funcionamento cognitivo vai se estruturando, se organizando por noções de esquema (reconhecer e diferenciar uma ação de outra) e de equilibração (toda vez que surgem conflitos ou tipos de dificuldade essa capacitada é despertada). Além disso, Piaget concebe um modelo de desenvolvimento cognitivo no qual destaca quatro períodos: o sensório-motor (do nascimento até aproximadamente os 2 anos de idade), o pré-operatório (dos 2 aos 7 anos), o operatório concreto (dos 7 aos 11 anos) e o operatório formal (dos 11 aos 15 anos). Fontana e Cruz ainda exploram o método clínico de Piaget e ressaltam a relevância de seus estudos na comunidade pedagógica brasileira
Fontana e Cruz destinam o capítulo “A abordagem histórico-cultural” à influência do soviético L.S. Vygotsky e seu interesse em explicar como se formaram as características do comportamento humano e sua produção de cultura ao longo da história. Para ele o uso de signos (linguagem) e instrumentos (tudo aquilo que se interpõe entre o homem e o ambiente) define o processo de transformação do eu próprio, indo além de uma experiência pessoal. As origens e as explicações do funcionamento psicológico devem ser buscadas, dessa forma, nas interações sociais. A influência de Vygotsky no ambiente educacional se dá por conta do entendimento da escola e o professor tendo um papel significativo no desenvolvimento dos indivíduos. É nessa interação que se dará o fazer juntos, a demonstração, o fornecimento de pistas e o aumento da proximidade do professor e aluno.
No capítulo, “As relações da criança com a escrita”, Fontana e Cruz apresentam as contraposições dos estudos Emilia Ferreiro e Vygotsky. Ferreiro considera a escrita como processo evolutivo construído pela criança com base no conhecimento que “a priori” já possui. Os estudos de Ferreiro apontam que para se chegar à lógica da escrita alfabética a criança desenvolve uma série de concepções ou hipóteses num processo progressivo e regular que é sistematizado em formas de escrita que evoluem de etapa para etapa.  Por outro lado, para Vygotsky o princípio da escrita compreende uma prática social, uma forma de linguagem. Sendo assim, a elaboração da escrita não começa dentro da criança e sim, nas suas relações sociais. Os estímulos que as crianças recebem (placas, propaganda na rua, supermercado, Tv entre outros) desencadeiam a compreensão da comunicação escrita, seus princípios de organização e sua natureza. Portanto, para Vygotsky existe uma mediação: a partipação do outro no processo que se torna parte da criança, não sendo originada cognitivamente como sustenta a teoria de Ferreiro.
Em “O estudo experimental da construção da escrita pela criança”, as autoras esclarecem os experimentos que culminaram nos conceitos teóricos de Emília Ferreiro. Ela aplicou o método clínico de Piaget a um grupo de crianças de quatro a seis anos de diferentes classes sociais e países (Argentina, México, Espanha e Brasil) que não conheciam os princípios da escrita convencional. Os objetivos eram identificar os critérios em que as crianças se baseiam para aceitar ou rejeitar algo que considera adequado para ler e os meios de que as crianças se utilizam para representar o que querem e como diferenciam suas representações. Por meio desses experimentos, Ferreiro pôde identificar três etapas: o processo pré-silábico, silábico e alfabético. Em primeiro lugar, a criança distingue o desenho da escrita. Em seguida diferencia qualitativamente e quantativamente a escrita produzida com e sem o auxílio de figuras. A terceira etapa se caracteriza pela fonetização da escrita na qual a criança dá atenção às relações entre o contexto gráfico do registro.
Referências
FONTANA, Roseli. CRUZ, Nazaré. Psicologia e Trabalho Pedagógico. São Paulo – SP. Ed. ATUAL, 1997.

Um pouquinho de sintaxe


Aposto
Aposto é um termo acessório da oração que se liga a um substantivo, tal como o adjunto adnominal, mas que, no entanto sempre aparecerá com a função de explicá-lo, aparecendo de forma isolada, ora entre vírgulas, ora separado por uma única vírgula no início ou no final de uma oração ou ainda por dois pontos.
Existem sete tipos de aposto: O aposto explicativo, o aposto enumerativo, o aposto especificativo, o aposto distributivo, aposto oracional, aposto comparativo e o aposto recapitulativo (resumidor). Na norma culta é permitido utilizar qualquer um dos apostos também entre parênteses ou entre dois travessões e outros tipos de adjunto.
Aposto explicativo
É aquele que explica o termo do estudado. É acompanhado por vírgulas. Exemplo:
  • Hagar, o terrível.
  • Helena, a menina que encontramos, estava triste.
  • A morte, angústia de quem vive, ocorre ao acaso.
  • ECA ( estatuto da criança e do adolescente).
Aposto enumerativo
É aquele utilizado para enumerar dados relacionados ao termo fundamental.
Exemplo:
  • Mario possui quatro filhas: Janaína, Vitória, Bruna e Karine.
  • Tenho três amigos: José, Marcos e André.
  • A pesquisa analisou dois grupos: crianças e adolescentes.
Aposto especificativo
É aquele que especifica o termo a que se refere. Não é acompanhado de vírgulas.
Exemplo:
  • A melhor praia de Salvador é a de São Tomé.
  • A cidade de São Paulo é muito famosa.
Observe, no entanto, a diferença entre As ruas de São Paulo (Adjunto adnominal) e A cidade de São Paulo (Aposto especificativo). No aposto especificativo, há uma ideia de igualdade de termos, ou seja, "A cidade" = "São Paulo", o que não ocorre em As ruas de São Paulo (paulistanas).
Aposto distributivo
É aquele que distribui as informações de termos separadamente. Geralmente, utilizado com ponto e vírgula.
Exemplo:
  • Henrique e Núbia moram no mesmo país; esta na cidade do Porto, e aquele, na cidade de Lisboa.
Aposto oracional
É o aposto que possui um verbo.
Exemplo:
  • Desejo uma única coisa: que plantem novas árvores.
  • Ele me disse apenas isso: 'a nossa sociedade acabou
Aposto Recapitulativo (resumidor)
É o aposto que recapitula toda a oração.
Exemplo:
  • Trocar fraldas, amamentar, limpar o nariz, acordar de noite, tudo exige paciência.
  • Vento, chuva, neve, nada o impediu de cumprir sua missão.
Aposto Comparativo
É o aposto que compara. Geralmente entre vírgulas.
  • A inflação, que parece um monstro devorador dos salários, é sempre uma ameaça à estabilidade econômica do país.
Vocativo
Dentro da sintaxe, o vocativo é um termo de natureza exclamativa, que tem como função chamar alguém ou alguma coisa personificada. É o único termo isolado dentro da oração, pois não se liga ao verbo nem ao nome. Não faz parte do sujeito nem do predicado. A função do vocativo é chamar ou interpelar o elemento a que se está dirigindo. É marcado por sinal de pontuação e admite anteposição de interjeição de chamamento. Exemplos
  • "Tenho certeza, amigos, de que isso vai acabar bem."
  • "Ide lá, rapazes!"
  • "José, venha cá."
  • "wallisson', vamos logo!"
  • "Camila, saia daí!"
  • "Isabel,olhe aqui!"
  • "Deus, tenha piedade de nós!"
Os verbos de ligação e suas minucidades

Em meio ao aprendizado dos fatos linguísticos conferidos pela gramática, comumente deparamos com uma exposição um tanto quanto estereotipada por parte dos educadores. E em consequência deste procedimento, obtém-se nada menos que a famosa “decoreba” por parte dos educandos, uma vez que estes apenas internalizam uma dada informação, tornando-se incapazes de analisar um termo visto sob uma ótica contextual.

Uma situação que bem ilustra a presente afirmativa é simples, simples. Bastando para isso que recorramos ao caso do sujeito e predicado. “O sujeito vem antes do predicado”.
Ora, será mesmo que não poderá vir antes?

Atormentada a aluna estava.
E aí, como explicar a ocorrência?

Servimo-nos destes pressupostos para evidenciarmos de forma plena o tema em questão, o qual também se adequa a essa mesma situação. Muitas vezes temos a noção de que os verbos de ligação são apenas representados por “ser, estar, permanecer, ficar”. Mas, afinal, por que são assim denominados?

Diante dessa perspectiva, engajar-nos-emos rumo a mais uma descoberta, tendo como suporte o exemplo supracitado:

A aluna estava atormentada. Analisando-a, levando-se em consideração suas características sintáticas, obteríamos:

A aluna – sujeito simples
estava – verbo estar (de ligação)
atormentada – predicativo do sujeito.

Esses dois últimos termos representam o ponto-chave de nossa discussão, pois o referido verbo (estar) ocupou-se da função de ligar o sujeito a uma qualidade (atormentada) – motivo de ele assim se caracterizar. Percebeu como se torna fácil ao optarmos por uma análise mais aprofundada em detrimento a meros superficialismos?

Pois bem, ainda há outros pormenores aos quais devemos uma merecida atenção – o fato de os verbos de ligação exprimirem distintas características em relação ao sujeito. Vejamo-las, portanto:

* Estado permanente representado pelos verbos ser, viver.
Exemplos:

Carlos é estudioso. (ele possui sempre essa característica)
Pedro vive alegre. (idem à prerrogativa anterior)

* Estado transitório – verbos estar, andar, achar-se, encontrar-se.

Ex: Minha melhor amiga encontra-se doente. (constatamos que se trata de algo momentâneo, mas que irá passar)

* Estado mutatório – verbos ficar, virar, tornar-se, fazer-se.

Ex: Mariana ficou bonita, sem ao menos percebermos. (literalmente, identificamos uma mudança advinda do próprio sujeito)

* Estado de continuidade – verbos continuar, permanecer.

Ex: Fabiana continua eufórica. (aqui, notamos que se trata de algo ininterrupto)

* Estado aparente – verbo parecer.

Você parece preocupada. (revela-se pela impressão que temos do próprio sujeito)

Observações passíveis de nota:

Como dito anteriormente, a análise contextual é de suma importância para que possamos identificar de fato qual a posição ocupada por um determinado verbo, pois, dependendo do enunciado em que se encontra inserido, pode desempenhar outra posição, diferente da convencional. Assim, temos:

* O verbo “ser” pode também ser intransitivo quando seu significado se equivaler a “realizar-se”, “ocorrer”, acompanhado sempre de um adjunto adverbial de tempo ou lugar.

Ex: A solenidade de formatura será no Central Park.
Sujeito |verbo intransitivo | adjunto adverbial de lugar


* Os verbos, ser, estar, permanecer, ficar e continuar classificar-se-ão como intransitivos quando indicarem posição do sujeito em um dado lugar.

Ex: Os candidatos permanecem na sala de provas.
Sujeito | verbo intransitivo | adjunto adverbial de lugar


* Em determinados contextos linguísticos, haverá a possibilidade de os verbos transitivos e intransitivos ocuparem o posto de verbo de ligação.

Ex: Aqui a menina vira um anjo.

aqui - adjunto adverbial de lugar
a menina – sujeito
vira – verbo transitivo direto
um anjo – objeto direto

* O predicativo do sujeito também poderá ocorrer com verbos intransitivos ou transitivos.

Ex: A aluna, atormentada, caminhava pela escola.
Sujeito |predicativo | verbo intransitivo

Os verbos de ligação – traços peculiares
O primeiro conceito que se atribui aos chamados “verbos de ligação” é que estes são representados pelos verbos ser, estar, permanecer, ficar, parecer, continuar. Contudo, há que se ressaltar que tais concepções denotam um caráter um tanto quanto superficial, dada a complexidade da qual se perfazem os fatos linguísticos. Em função disso, uma compreensão acerca dos mínimos traços que os demarcam funciona como ponto de partida para entendermos como estes fatos realmente se materializam.

Dessa forma, precisamos nos conscientizar de que tal conceituação vai muito além daquela anteriormente retratada, pois há um aspecto de total relevância e que precisa ser mencionado: o fato de serem assim denominados em virtude de ligarem o sujeito a uma característica, a uma qualidade – ora denominada de predicativo do sujeito. Portanto, ao analisarmos o enunciado subsequente, obtemos:

A humildade é uma virtude.

Constata-se que o termo “virtude” tem a função de qualificar o sujeito expresso pelo vocábulo “humildade”. Assim sendo, é bom que estejamos atentos a um detalhe: nem sempre o predicativo do sujeito é representado por um adjetivo, haja vista que no caso em questão se trata de um substantivo abstrato (virtude).

Com base nesses pressupostos, partamos então para as peculiaridades inerentes aos verbos de ligação, materializadas pelas seguintes circunstâncias:

* O verbo “ser” pode também ser intransitivo quando se referir ao sentido de realizar-se, ocorrer, estando sempre acompanhado de um adjunto adverbial de tempo ou lugar.

As manifestações    serão    na    Praça da Matriz.
(sujeito)               (Verbo intransitivo)

Identificamos que o termo em destaque se classifica como adjunto adverbial de lugar.

* Os verbos estar, permanecer, ficar e continuar poderão se classificar como intransitivos quando indicarem a posição do sujeito num dado lugar.

Os alunos     permaneceram        no pátio.
(sujeito)         (verbo intransitivo)  (adjunto adverbial de lugar)

Os professores   estão                      na secretaria.
(sujeito)            (verbo intransitivo)    (adjunto adverbial de lugar)

* Muitas vezes, alguns verbos intransitivos ou transitivos podem exercer a função de verbo de ligação. Para tanto, comparemos os dois exemplos:

O motorista virou o carro bruscamente.
(verbo transitivo direto)

O motorista virou           uma fera.
(verbo de ligação)            (predicativo do sujeito)

* O objeto indireto e o objeto direto podem ser caracterizados por um predicativo.

Consideramos                 louvável                               sua atitude.
(verbo transitivo direto)  (predicativo do objeto)         (objeto direto)

* O predicativo do sujeito também pode ocorrer com verbos transitivos ou intransitivos. Nesse caso, ele poderá ocupar qualquer lugar no contexto oracional.

O aluno,      acanhado,                          apresentou o trabalho.
(sujeito)     (predicativo do sujeito)    (verbo transitivo direto)

O aluno          apresentou o trabalho      acanhado.
(sujeito)        (verbo transitivo direto)        (predicativo do sujeito)