Aposto
Aposto é um termo acessório da oração que se liga a um substantivo, tal como o adjunto adnominal, mas que, no entanto sempre aparecerá com a função de explicá-lo, aparecendo de forma isolada, ora entre vírgulas, ora separado por uma única vírgula no início ou no final de uma oração ou ainda por dois pontos.
Existem sete tipos de aposto: O aposto explicativo, o aposto enumerativo, o aposto especificativo, o aposto distributivo, aposto oracional, aposto comparativo e o aposto recapitulativo (resumidor). Na norma culta é permitido utilizar qualquer um dos apostos também entre parênteses ou entre dois travessões e outros tipos de adjunto.
Aposto explicativo
É aquele que explica o termo do estudado. É acompanhado por vírgulas. Exemplo:
- Hagar, o terrível.
- Helena, a menina que encontramos, estava triste.
- A morte, angústia de quem vive, ocorre ao acaso.
- ECA ( estatuto da criança e do adolescente).
Aposto enumerativo
É aquele utilizado para enumerar dados relacionados ao termo fundamental.
Exemplo:
- Mario possui quatro filhas: Janaína, Vitória, Bruna e Karine.
- Tenho três amigos: José, Marcos e André.
- A pesquisa analisou dois grupos: crianças e adolescentes.
Aposto especificativo
É aquele que especifica o termo a que se refere. Não é acompanhado de vírgulas.
Exemplo:
- A melhor praia de Salvador é a de São Tomé.
- A cidade de São Paulo é muito famosa.
Observe, no entanto, a diferença entre As ruas de São Paulo (Adjunto adnominal) e A cidade de São Paulo (Aposto especificativo). No aposto especificativo, há uma ideia de igualdade de termos, ou seja, "A cidade" = "São Paulo", o que não ocorre em As ruas de São Paulo (paulistanas).
Aposto distributivo
É aquele que distribui as informações de termos separadamente. Geralmente, utilizado com ponto e vírgula.
Exemplo:
- Henrique e Núbia moram no mesmo país; esta na cidade do Porto, e aquele, na cidade de Lisboa.
Aposto oracional
É o aposto que possui um verbo.
Exemplo:
- Desejo uma única coisa: que plantem novas árvores.
- Ele me disse apenas isso: 'a nossa sociedade acabou
Aposto Recapitulativo (resumidor)
É o aposto que recapitula toda a oração.
Exemplo:
- Trocar fraldas, amamentar, limpar o nariz, acordar de noite, tudo exige paciência.
- Vento, chuva, neve, nada o impediu de cumprir sua missão.
Aposto Comparativo
É o aposto que compara. Geralmente entre vírgulas.
- A inflação, que parece um monstro devorador dos salários, é sempre uma ameaça à estabilidade econômica do país.
Vocativo
Dentro da sintaxe, o vocativo é um termo de natureza exclamativa, que tem como função chamar alguém ou alguma coisa personificada. É o único termo isolado dentro da oração, pois não se liga ao verbo nem ao nome. Não faz parte do sujeito nem do predicado. A função do vocativo é chamar ou interpelar o elemento a que se está dirigindo. É marcado por sinal de pontuação e admite anteposição de interjeição de chamamento. Exemplos - "Tenho certeza, amigos, de que isso vai acabar bem."
- "Ide lá, rapazes!"
- "José, venha cá."
- "wallisson', vamos logo!"
- "Camila, saia daí!"
- "Isabel,olhe aqui!"
- "Deus, tenha piedade de nós!"
Os verbos de ligação e suas minucidades
Em meio ao aprendizado dos fatos linguísticos conferidos pela gramática, comumente deparamos com uma exposição um tanto quanto estereotipada por parte dos educadores. E em consequência deste procedimento, obtém-se nada menos que a famosa “decoreba” por parte dos educandos, uma vez que estes apenas internalizam uma dada informação, tornando-se incapazes de analisar um termo visto sob uma ótica contextual.
Uma situação que bem ilustra a presente afirmativa é simples, simples. Bastando para isso que recorramos ao caso do sujeito e predicado. “O sujeito vem antes do predicado”.
Ora, será mesmo que não poderá vir antes?
Atormentada a aluna estava.
E aí, como explicar a ocorrência?
Servimo-nos destes pressupostos para evidenciarmos de forma plena o tema em questão, o qual também se adequa a essa mesma situação. Muitas vezes temos a noção de que os verbos de ligação são apenas representados por “ser, estar, permanecer, ficar”. Mas, afinal, por que são assim denominados?
Diante dessa perspectiva, engajar-nos-emos rumo a mais uma descoberta, tendo como suporte o exemplo supracitado:
A aluna estava atormentada. Analisando-a, levando-se em consideração suas características sintáticas, obteríamos:
A aluna – sujeito simples
estava – verbo estar (de ligação)
atormentada – predicativo do sujeito.
Esses dois últimos termos representam o ponto-chave de nossa discussão, pois o referido verbo (estar) ocupou-se da função de ligar o sujeito a uma qualidade (atormentada) – motivo de ele assim se caracterizar. Percebeu como se torna fácil ao optarmos por uma análise mais aprofundada em detrimento a meros superficialismos?
Pois bem, ainda há outros pormenores aos quais devemos uma merecida atenção – o fato de os verbos de ligação exprimirem distintas características em relação ao sujeito. Vejamo-las, portanto:
* Estado permanente – representado pelos verbos ser, viver.
Exemplos:
Carlos é estudioso. (ele possui sempre essa característica)
Pedro vive alegre. (idem à prerrogativa anterior)
* Estado transitório – verbos estar, andar, achar-se, encontrar-se.
Ex: Minha melhor amiga encontra-se doente. (constatamos que se trata de algo momentâneo, mas que irá passar)
* Estado mutatório – verbos ficar, virar, tornar-se, fazer-se.
Ex: Mariana ficou bonita, sem ao menos percebermos. (literalmente, identificamos uma mudança advinda do próprio sujeito)
* Estado de continuidade – verbos continuar, permanecer.
Ex: Fabiana continua eufórica. (aqui, notamos que se trata de algo ininterrupto)
* Estado aparente – verbo parecer.
Você parece preocupada. (revela-se pela impressão que temos do próprio sujeito)
Observações passíveis de nota:
Como dito anteriormente, a análise contextual é de suma importância para que possamos identificar de fato qual a posição ocupada por um determinado verbo, pois, dependendo do enunciado em que se encontra inserido, pode desempenhar outra posição, diferente da convencional. Assim, temos:
* O verbo “ser” pode também ser intransitivo quando seu significado se equivaler a “realizar-se”, “ocorrer”, acompanhado sempre de um adjunto adverbial de tempo ou lugar.
Ex: A solenidade de formatura será no Central Park.
Sujeito |verbo intransitivo | adjunto adverbial de lugar
* Os verbos, ser, estar, permanecer, ficar e continuar classificar-se-ão como intransitivos quando indicarem posição do sujeito em um dado lugar.
Ex: Os candidatos permanecem na sala de provas.
Sujeito | verbo intransitivo | adjunto adverbial de lugar
* Em determinados contextos linguísticos, haverá a possibilidade de os verbos transitivos e intransitivos ocuparem o posto de verbo de ligação.
Ex: Aqui a menina vira um anjo.
aqui - adjunto adverbial de lugar
a menina – sujeito
vira – verbo transitivo direto
um anjo – objeto direto
* O predicativo do sujeito também poderá ocorrer com verbos intransitivos ou transitivos.
Ex: A aluna, atormentada, caminhava pela escola.
Sujeito |predicativo | verbo intransitivo
Os verbos de ligação – traços peculiares
O primeiro conceito que se atribui aos chamados “verbos de ligação” é que estes são representados pelos verbos ser, estar, permanecer, ficar, parecer, continuar. Contudo, há que se ressaltar que tais concepções denotam um caráter um tanto quanto superficial, dada a complexidade da qual se perfazem os fatos linguísticos. Em função disso, uma compreensão acerca dos mínimos traços que os demarcam funciona como ponto de partida para entendermos como estes fatos realmente se materializam.
Dessa forma, precisamos nos conscientizar de que tal conceituação vai muito além daquela anteriormente retratada, pois há um aspecto de total relevância e que precisa ser mencionado: o fato de serem assim denominados em virtude de ligarem o sujeito a uma característica, a uma qualidade – ora denominada de predicativo do sujeito. Portanto, ao analisarmos o enunciado subsequente, obtemos:
A humildade é uma virtude.
Constata-se que o termo “virtude” tem a função de qualificar o sujeito expresso pelo vocábulo “humildade”. Assim sendo, é bom que estejamos atentos a um detalhe: nem sempre o predicativo do sujeito é representado por um adjetivo, haja vista que no caso em questão se trata de um substantivo abstrato (virtude).
Com base nesses pressupostos, partamos então para as peculiaridades inerentes aos verbos de ligação, materializadas pelas seguintes circunstâncias:
* O verbo “ser” pode também ser intransitivo quando se referir ao sentido de realizar-se, ocorrer, estando sempre acompanhado de um adjunto adverbial de tempo ou lugar.
As manifestações serão na Praça da Matriz.
(sujeito) (Verbo intransitivo)
Identificamos que o termo em destaque se classifica como adjunto adverbial de lugar.
* Os verbos estar, permanecer, ficar e continuar poderão se classificar como intransitivos quando indicarem a posição do sujeito num dado lugar.
Os alunos permaneceram no pátio.
(sujeito) (verbo intransitivo) (adjunto adverbial de lugar)
Os professores estão na secretaria.
(sujeito) (verbo intransitivo) (adjunto adverbial de lugar)
* Muitas vezes, alguns verbos intransitivos ou transitivos podem exercer a função de verbo de ligação. Para tanto, comparemos os dois exemplos:
O motorista virou o carro bruscamente.
(verbo transitivo direto)
O motorista virou uma fera.
(verbo de ligação) (predicativo do sujeito)
* O objeto indireto e o objeto direto podem ser caracterizados por um predicativo.
Consideramos louvável sua atitude.
(verbo transitivo direto) (predicativo do objeto) (objeto direto)
* O predicativo do sujeito também pode ocorrer com verbos transitivos ou intransitivos. Nesse caso, ele poderá ocupar qualquer lugar no contexto oracional.
O aluno, acanhado, apresentou o trabalho.
(sujeito) (predicativo do sujeito) (verbo transitivo direto)
O aluno apresentou o trabalho acanhado.
(sujeito) (verbo transitivo direto) (predicativo do sujeito)