Resumo elaborado pela professora Osvanete
O que é Literatura Infantil?
A designação infantil faz com que esta modalidade
literária seja considerada "menor" por alguns, infelizmente.
Principalmente os educadores vivenciam de perto a
evolução do maravilhoso ser que é a criança. O contato com textos recheados de
encantamento faz-nos perceber quão importante e cheia de responsabilidade é
toda forma de literatura.
A palavra literatura é intransitiva e, independente
do adjetivo que receba, é arte e deleite. Sendo assim, o termo infantil
associado à literatura não significa que ela tenha sido feita necessariamente
para crianças. Na verdade, a literatura infantil acaba sendo aquela que corresponde
de alguma forma, aos anseios do leitor e que se identifique com ele.
A autêntica literatura infantil não deve ser feita
essencialmente com intenção pedagógica, didática ou para incentivar hábito de
leitura. Este tipo de texto deve ser produzido pela criança que há em cada um
de nós. Assim o poder de cativar esse público tão exigente e importante
aparece.
O grande segredo é trabalhar o imaginário e a
fantasia. E como foi que tudo começou?
Origens da
Literatura Infantil
O impulso de contar histórias deve ter nascido no
homem, no momento em que ele sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma
experiência sua, que poderia ter significação para todos. Não há povo que não
se orgulhe de suas histórias, tradições e lendas, pois é a expressão de sua
cultura e devem ser preservadas. Concentra-se aqui a íntima relação entre a
literatura e a oralidade.
A célula máter da Literatura Infantil, hoje
conhecida como "clássica", encontra-se na Novelística Popular
Medieval que tem suas origens na Índia. Descobriu-se que, desde essa época, a
palavra impôs-se ao homem como algo mágico, como um poder misterioso, que tanto
poderia proteger, como ameaçar, construir ou destruir. São também de caráter
mágico ou fantasioso as narrativas conhecidas hoje como literatura primordial.
Nela foi descoberto o fundo fabuloso das narrativas orientais, que se forjaram
durante séculos a.C., e se difundiram por todo o mundo, através da tradição
oral.
A Literatura Infantil constitui-se como gênero
durante o século XVII, época em que as mudanças na estrutura da sociedade
desencadearam repercussões no âmbito artístico.
O aparecimento da Literatura Infantil tem
características próprias, pois decorre da ascensão da família burguesa, do novo
"status" concedido à infância na sociedade e da reorganização da
escola. Sua emergência deveu-se, antes de tudo, à sua associação com a
Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se converterem em
instrumento dela.
É a partir do século XVIII que a criança passa a
ser considerado um ser diferente do adulto, com necessidades e características
próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma
educação especial, que a preparasse para a vida adulta.
As Mil e Uma Noites
Coleção de contos árabes (Alf Lailah Oua Lailah)
compilados provavelmente entre os séculos XIII e XVI. São estruturados como
histórias em cadeia, em que cada conto termina com uma deixa que o liga ao
seguinte. Essa estruturação força o ouvinte curioso a retornar para continuar a
história, interrompida com suspense no ar.
Foi o orientalista francês Antoine Galland o
responsável por tornar o livro de As mil e uma Noites conhecido
no ocidente (1704). Não existe texto fixo para a obra, variando seu conteúdo de
manuscrito a manuscrito. Os árabes foram reunindo e adaptando esses contos
maravilhosos de várias tradições. Assim, os contos mais antigos são
provavelmente do Egito do séc. XII. A eles foram sendo agregados contos hindus,
persas, siríacos e judaicos.
O uso do número 1001 sugere que podem aparecer mais
histórias, ligadas por um fio condutor infinito. Usar 1000 talvez desse a ideia
de fechamento, inteiro, que não caracteriza a proposta da obra.
Os mais famosos contos são:
- O Mercador e o Gênio
- Aladim ou a Lâmpada
Maravilhosa
- Ali-Babá e os Quarenta
Ladrões Exterminados por uma Escrava
- As Sete Viagens de Simbá, o Marinheiro.
O rei persa Shariar, vitimado pela infidelidade de
sua mulher, mandou matá-la e resolveu passar cada noite com uma esposa
diferente, que mandava degolar na manhã seguinte. Recebendo como mulher a Sherazade,
esta iniciou um conto que despertou o interesse do rei em ouvir-lhe a
continuação na noite seguinte. Sherazade, por artificiosa ligação dos seus
contos, conseguiu encantar o monarca por mil e uma noites e foi poupada da
morte.
A história conta que, durante três anos, moças eram
sacrificadas pelo rei, até que já não havia mais virgens no reino, e o vizir
não sabia mais o que fazer para atender o desejo do rei. Foi quando uma de suas
filhas, Sherazade, pediu-lhe que a levasse como noiva do rei, pois sabia um
estratagema para escapar ao triste fim que a esperava. A princesa, após ser
possuída pelo rei, começa a contar a extraordinária "História do Mercador
e do Efrit", mas, antes que a manhã rompesse, ela parava seu relato,
deixando um clima de suspense, só dando continuidade à narrativa na manhã
seguinte. Assim, Sherazade conseguiu sobreviver, graças à sua palavra sábia e à
curiosidade do rei. Ao fim desse tempo, ela já havia tido três filhos e, na
milésima primeira noite, pede ao rei que a poupe por amor às crianças. O rei
finalmente responde que lhe perdoaria, sobretudo pela dignidade de Sherazade.
Fica então a metáfora traduzida por Sherazade: a
liberdade se conquista com o exercício da criatividade.
A importância do Maravilhoso na \Literatura Infantil
Em seus primórdios, a Literatura foi
essencialmente fantástica. Nessa época era inacessível à humanidade o
conhecimento científico dos fenômenos da vida natural ou humana, assim sendo o
pensamento mágico dominava em lugar da lógica que conhecemos. A essa fase
mágica, e já revelando preocupação crítica às relações humanas ao nível do
social, correspondem as fábulas. Compreende-se, pois, porque essa literatura
arcaica acabou se transformando em Literatura Infantil: a natureza mágica de
sua matéria atrai espontaneamente as crianças.
A literatura fantasista foi à forma
privilegiada da Literatura Infantil, desde seus primórdios (sec. VII), até a
entrada do Romantismo, quando o maravilhoso dos contos populares é
definitivamente incorporado ao seu acervo (pelo trabalho dos Irmãos, na Alemanha; de Hans Christian
Andersen, na Dinamarca; Garret e Herculano em Portugal; etc.)
Consideram-se como Maravilhoso todas
as situações que ocorrem fora do nosso entendimento da dicotomia espaço/tempo
ou realizada em local vago ou indeterminado na terra. Tais fenômenos não
obedecem às leis naturais que regem o planeta.
O Maravilhoso sempre foi e continua
sendo um dos elementos mais importantes na literatura destinada às crianças.
Através do prazer ou das emoções que as estórias lhes proporcionam, o
simbolismo que está implícito nas tramas e personagens vai agir em seu
inconsciente, atuando pouco a pouco para ajudar a resolver os conflitos
interiores normais nessa fase da vida.
A Psicanálise afirma que os
significados simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos eternos
dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional. É
durante essa fase que surge a necessidade da criança em defender sua vontade e
sua independência em relação ao poder dos pais ou à rivalidade com os irmãos ou
amigos.
É nesse sentido que a Literatura
Infantil e, principalmente, os contos de fadas podem ser decisivos para a
formação da criança em relação a si mesma e ao mundo à sua volta. O maniqueísmo
que divide as personagens em boas e más, belas ou feias, poderosas ou fracas,
etc. facilita à criança a compreensão de certos valores básicos da conduta
humana ou convívio social. Tal dicotomia, se transmitida através de uma
linguagem simbólica, e durante a infância, não será prejudicial à formação de
sua consciência ética.. O que as crianças encontram nos contos de fadas são, na
verdade, categorias de valor que são perenes. O que muda é apenas o conteúdo
rotulado de bom ou mau, certo ou errado.
Lembra a Psicanálise, que a criança é
levada a se identificar com o herói bom e belo, não devido à sua bondade ou
beleza, mas por sentir nele a própria personificação de seus problemas
infantis: seu inconsciente desejo de bondade e beleza e, principalmente, sua
necessidade de segurança e proteção. Pode assim superar o medo que a inibe e
enfrentar os perigos e ameaças que sente à sua volta, podendo alcançar
gradativamente o equilíbrio adulto.
A área do Maravilhoso, da fábula, dos
mitos e das lendas tem linguagem metafórica que se comunica facilmente com o
pensamento mágico, natural das crianças.
Segundo a Psicanálise, os significados
simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos eternos dilemas que o
homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional.
As histórias infantis como forma de consciência de mundo
É no encontro com qualquer forma de Literatura que
os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria
experiência de vida. Nesse sentido, a Literatura apresenta-se não só como
veículo de manifestação de cultura, mas também de ideologias.
A Literatura Infantil, por iniciar o homem no mundo
literário, deve ser utilizada como instrumento para a sensibilização da
consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo.
Sendo fundamental mostrar que a literatura deve ser encarada, sempre, de modo
global e complexo em sua ambiguidade e pluralidade.
Até bem pouco tempo, em nosso século, a Literatura
Infantil era considerada como um gênero secundário, e vista pelo adulto como
algo pueril (nivelada ao brinquedo) ou útil (forma de entretenimento). A
valorização da Literatura Infantil, como formadora de consciência dentro da
vida cultural das sociedades, é bem recente.
Para investir na relação entre a interpretação do
texto literário e a realidade, não há melhor sugestão do que obras infantis que
abordem questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser
humano.
"Infantilizar" as crianças não cria
cidadãos capazes de interferir na organização de uma sociedade mais consciente
e democrática.
Fases normais no desenvolvimento da criança
O caminho para a redescoberta da Literatura
Infantil, em nosso século, foi aberto pela Psicologia Experimental que,
revelando a Inteligência como um elemento estruturador do universo que cada
indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de
seu desenvolvimento (da infância à adolescência) e sua importância fundamental
para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto. A sucessão das
fases evolutivas da inteligência (ou estruturas mentais) é constante e igual
para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mudar, dependendo
da criança, ou do meio em que ela vive.
Primeira Infância: Movimento X Atividade (15/17 meses aos 3 anos)
·
Maturação, início do
desenvolvimento mental;
·
Fase da invenção da mão -
reconhecimento da realidade pelo tato;
·
Descoberta de si mesmo e dos
outros;
·
Necessidade grande de contatos
afetivos;
·
Explora o mundo dos sentidos;
·
Descoberta das formas concretas
e dos seres;
·
Conquista da linguagem;
·
Nomeação de objetos e coisas -
atribui vida aos objetos;
·
Começa a formar sua autoimagem,
de acordo com o que o adulto diz que ela é, assimilando, sem questionamento, o
que lhe é dito;
·
Egocentrismo, jogo simbólico;
·
Reconhece e nomeia partes do
corpo;
·
Forma frases completas;
·
Nomeia o que desenha e constrói;
·
Imita, principalmente, o adulto.
Segunda Infância: Fantasia e Imaginação (dos 3 aos 6 anos)
·
Fase lúdica e predomínio do
pensamento mágico;
·
Aumenta, rapidamente, seu
vocabulário;
·
Faz muitas perguntas. Quer saber
"como" e "por quê?";
·
Egocentrismo - narcisismo;
·
Não diferenciação entre a
realidade externa e os produtos da fantasia infantil;
·
Desenvolvimento do sentido do
"eu";
·
Tem mais noção de limites
(meu/teu/nosso/certo/errado);
·
Tempo não tem significação - não
há passado nem futuro, a vida é o momento presente;
·
Muitas imagens ainda
completando, ou sugerindo os textos;
·
Textos curtos e elucidativos;
·
Consolidação da linguagem, onde
as palavras devem corresponder às figuras;
·
Para Piaget, etapa animista,
pois todas as coisas são dotadas de vida e vontade;
·
O elemento maravilhoso começa a
despertar interesse na criança.
Dos 6 aos 6 anos e 11 meses, aproximadamente
·
Interesse por ler e escrever. A
atenção da criança esta voltada para o significado das coisas;
·
O egocentrismo está diminuindo.
Já inclui outras pessoas no seu universo;
·
Seu pensamento está se tornando
estável e lógico, mas ainda não é capaz de compreender ideias totalmente abstratas;
·
Só consegue raciocinar a partir
do concreto;
·
Começa a agir cooperativamente;
·
Textos mais longos, mas as
imagens ainda devem predominar sobre o texto;
·
O elemento maravilhoso exerce um
grande fascínio sobre a criança.
Histórias para crianças (faixa etária / áreas de interesse / materiais /
livros)
1 a 2 anos
A criança, nessa faixa etária, prende-se ao
movimento, ao tom de voz, e não ao conteúdo do que é contado. Ela presta
atenção ao movimento de fantoches e a objetos que conversam com ela. As histórias
devem ser rápidas e curtas. O ideal é inventá-las na hora. Os livros de pano,
madeira e plástico, também prendem a atenção. Devem ter, somente, uma gravura
em cada página, mostrando coisas simples e atrativas visualmente. Nesta fase,
há uma grande necessidade de pegar a história, segurar o fantoche, agarrar o
livro, etc..
2 a 3 anos
Nessa fase, as histórias ainda devem ser rápidas,
com pouco texto de um enredo simples e vivo poucos personagens, aproximando-se,
ao máximo, das vivências da criança. Devem ser contadas com muito ritmo e
entonação. Tem grande interesse por histórias de bichinhos, brinquedos e seres
da natureza humanizados. Identifica-se, facilmente, com todos eles. Prendem-se
a gravuras grandes e com poucos detalhes. Os fantoches continuam sendo o
material mais adequado. A música exerce um grande fascínio sobre ela. A criança
acredita que tudo ao seu redor tem vida e vivência, por isso, a história
transforma-se em algo real, como se estivesse acontecendo mesmo.
3 a 6 anos
Os livros adequados a essa fase devem propor
"vivências radicadas" no cotidiano familiar da criança e apresentar
determinadas características estilísticas.
Predomínio absoluto da imagem, (gravuras,
ilustrações, desenhos, etc.), sem texto escrito, ou com textos brevíssimos, que
podem ser lidos, ou dramatizados pelo adulto, a fim de que a criança perceba a
inter-relação existente entre o "mundo real", que a cerca, e o
"mundo da palavra", que nomeia o real. É a nomeação das coisas que
leva a criança a um convívio inteligente, afetivo e profundo com a realidade
circundante.
As imagens devem sugerir uma situação que seja
significativa para a criança, ou que lhe seja, de alguma forma, atraente.
A graça, o humor, certo clima de expectativa, ou
mistério são fatores essenciais nos livros para o pré-leitor.
As crianças, nessa fase, gostam de ouvir a história
várias vezes. É a fase de "conte outra vez".
Histórias com dobraduras simples, que a criança
possa acompanhar, também exercem grande fascínio. Outro recurso é a
transformação do contador de histórias com roupas e objetos característicos. A
criança acredita, realmente, que o contador de histórias se transformou no
personagem ao colocar uma máscara, chapéu, capa, etc..
Podemos enriquecer a base de experiências da
criança, variando o material que lhe é oferecido. Materiais como massa de
modelar e argila atraem a criança para novas experimentações. Por exemplo, a
história do "Bonequinho Doce" sugere a confecção de um bonequinho de
massa, e a história da "Galinha Ruiva" pode sugerir amassar e assar
um pão.
Assim como as histórias infantis, os contos de
fadas têm um determinado momento para serem introduzidos no desenvolvimento da
criança, variando de acordo com o grau de complexidade de cada história.
Os contos de fadas, tais como: "O Lobo e os
Sete Cabritinhos", "Os Três Porquinhos", "Cachinhos de
Ouro", "A Galinha Ruiva" e "O Patinho Feio" apresentam uma estrutura bastante simples e têm poucos
personagens, sendo adequados à crianças entre 3 e 4 anos. Enquanto,
"Chapeuzinho Vermelho", "O Soldadinho de Chumbo" (conto
de Andersen), "Pedro e o Lobo", "João e Maria",
"Mindinha" e o "Pequeno Polegar" são adequados a crianças
entre 4 e 6 anos.
6 anos a 6 anos e 11 meses
Os contos de fadas citados na fase anterior ainda
exercem fascínio nessa fase. "Branca de Neve e os Sete Anões", "Cinderela", "A Bela
Adormecida", "João e o Pé de Feijão", "Pinóquio" e
"O Gato de Botas" podem ser contadas com poucos detalhes.
Resumo
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Textos
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Ilustrações
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Materiais
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1 a 2 anos
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As histórias devem ser rápidas
e curtas
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Uma gravura em cada página,
mostrando coisas simples e atrativas visualmente.
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Livros de pano, madeira, e
plástico. É recomendado o uso de fantoches
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2 a 3 anos
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As histórias devem ser
rápidas, com pouco texto de um enredo simples e vivo poucos personagens,
aproximando-se, ao máximo das vivências da criança.
|
Gravuras grandes e com poucos
detalhes
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Os fantoches continuam sendo o
material mais adequado. Música também exerce um grande fascínio sobre a
criança
|
3 a 6 anos
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Os livros adequados a essa
fase devem propor vivências radicadas no cotidiano familiar da criança.
|
Predomínio absoluto da imagem,
sem texto escrito ou com textos brevíssimos.
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Livros com dobraduras simples.
Outro recurso é a transformação do contador de histórias com roupas e objetos
característicos. A criança acredita, realmente, que o contador de histórias
se transformou no personagem ao colocar uma máscara.
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6 ou 7 anos (fase de
alfabetização)
|
Trabalho com figuras de
linguagem que explorem o som das palavras. Estruturas frasais mais simples
sem longas construções. Ampliação das temáticas com personagens inseridas na
coletividade, favorecendo a socialização, sobretudo na escola.
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Ilustração deve integrar-se ao
texto a fim de instigar o interesse pela leitura. Uso de letras ilustradas,
palavras com estrutura dimensiva diferenciada e explorando caráter pictórico.
|
Excelente momento para inserir
poesia, pois brinca com palavras, sílabas, sons. Apoio de instrumentos
musicais ou outros objetos que produzam sons. Materiais como massinha,
tintas, lápis de cor ou cera podem ser usados para ilustrar textos.
|
Diversas modalidades de textos infantis: fábula, contos de
fadas, lendas e poesia
Narrativa alegórica de uma situação vivida por
animais, que referencia uma situação humana e tem por objetivo transmitir
moralidade. A exemplaridade desses textos espelha a moralidade social da época
e o caráter pedagógico que encerram. É oferecido, então, um modelo de
comportamento maniqueísta; em que o "certo" deve ser copiado e o
"errado", evitado. A importância dada à moralidade era tanta que os
copistas da Idade Média escreviam as lições finais das fábulas com letras
vermelhas ou douradas para destacar.
A presença dos animais deve-se, sobretudo, ao
convívio mais efetivo entre homens e animais naquela época. O uso constante da
natureza e dos animais para a alegorização da existência humana aproxima o
público das "moralidades". Assim apresentam similaridade com a
proposta das parábolas bíblicas.
Algumas associações entre animais e características
humanas, feitas pelas fábulas, mantiveram-se fixas em várias histórias e
permanecem até os dias de hoje.
- Leão - poder real
- Lobo - dominação do mais
forte
- Raposa - astúcia e esperteza
- Cordeiro - ingenuidade
A proposta principal da fábula é a fusão de dois
elementos: o lúdico e o pedagógico. As histórias, ao mesmo tempo em que
distraem o leitor, apresentam as virtudes e os defeitos humanos através de
animais. Acreditavam que a moral, para ser assimilada, precisava da alegria e
distração contida na história dos animais que possuem características humanas.
Desta maneira, a aparência de entretenimento camufla a proposta didática
presente.
A fabulação é a lição moral apresentada através da
narrativa. O epitímio constitui o texto que explicita a moral da fábula, sendo
o cerne da transmissão dos valores ideológicos sociais.
Acredita-se que esse tipo de texto tenha nascido no
século XVIII a.C., na Suméria. Há registros de fábulas egípsias e hindus, mas
atribui-se à Grécia a criação efetiva desse gênero narrativo. Nascido no
Oriente vai ser reinventado no Ocidente por Esopo(Séc. V a.C.) e aperfeiçoado, séculos mais tarde, pelo escravo romano
Fedro (Séc. I a.C.) que o enriqueceu estilisticamente. Entretanto, somente no
século X, começaram a serem conhecidas às fábulas latinas de Fedro.
Ao francês Jean La Fontaine (1621/1692) coube o mérito de dar a forma definitiva a uma das
espécies literárias mais resistentes ao desgaste dos tempos: a fábula,
introduzindo-a definitivamente na literatura ocidental. Embora tenha escrito
originalmente para adultos, La Fontaine tem sido leitura obrigatória para crianças de todo mundo.
Podem-se citar algumas fábulas imortalizadas
por La Fontaine: "O lobo e o cordeiro", "A raposa e o esquilo",
"Animais enfermos da peste", "A corte do leão", "O
leão e o rato", "O pastor e o rei", "O leão, o lobo e a
raposa", "A cigarra e a formiga", "O leão doente e a
raposa", "A corte e o leão", "Os funerais da leoa",
"A leiteira e o pote de leite".
O brasileiro Monteiro Lobato dedica um volume de sua produção literária para crianças às
fábulas, muitas delas adaptadas de Fontaine. Dessa coletânea, destacam-se os seguintes textos: "A cigarra e a
formiga", "A coruja e a águia", "O lobo e o cordeiro",
"A galinha dos ovos de ouro" e "A raposa e as uvas".
Quem lê "Cinderela" não imagina que há
registros de que essa história já era contada na China, durante o século IX d.
C.. E, assim como tantas outras, tem-se perpetuado há milênios, atravessando
toda a força e a perenidade do folclore dos povos, sobretudo, através da
tradição oral.
Pode-se dizer que os contos de fadas, na versão
literária, atualizam ou reinterpretam, em suas variantes questões universais,
como os conflitos do poder e a formação dos valores, misturando realidade e
fantasia, no clima do "Era uma vez...".
Por lidarem com conteúdos da sabedoria popular, com
conteúdos essenciais da condição humana, é que esses contos de fadas são
importantes, perpetuando-se até hoje. Neles encontramos o amor, os medos, as
dificuldades de ser criança, a carência (materiais e afetivas), as
auto-descobertas, as perdas, as buscas, a solidão e o encontro.
Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do
elemento "fada". Etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum
(destino, fatalidade, oráculo).
Tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou
imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas
de virtudes e poderes sobrenaturais, interferem na vida dos homens, para
auxiliá-los em situações-limite, quando já nenhuma solução natural seria
possível.
Podem, ainda, encarnar o Mal e apresentarem-se como
o avesso da imagem anterior, isto é, como bruxas. Vulgarmente, se diz que fada
e bruxa são formas simbólicas da eterna dualidade da mulher, ou da condição
feminina.
O enredo básico dos contos de fadas expressa os
obstáculos, ou provas, que precisam ser vencidas, como um verdadeiro ritual iniciativo,
para que o herói alcance sua auto-realização existencial, seja pelo encontro de
seu verdadeiro "eu", seja pelo encontro da princesa, que encarna o
ideal a ser alcançado.
Estrutura básica dos contos de
fadas
- Início - nele aparece o
herói (ou heroína) e sua dificuldade ou restrição. Problemas vinculados à
realidade, como estados de carência, penúria, conflitos, etc., que
desequilibram a tranquilidade inicial;
- Ruptura - é quando o
herói se desliga de sua vida concreta, sai da proteção e mergulha no
completo desconhecido;
- Confronto e superação de
obstáculos e perigos - busca de soluções no plano da fantasia com a
introdução de elementos imaginários;
- Restauração - início do
processo de descobrir o novo, possibilidades, potencialidades e
polaridades opostas;
- Desfecho - volta à
realidade. União dos opostos, germinação, florescimento, colheita e
transcendência.
Nas primeiras idades do mundo, os seres humanos não
escreviam, mas conservavam suas lembranças na tradição oral. Onde a memória
falhava, entrava a imaginação para suprir-lhe a falta. Assim, esse tipo de
texto constitui o resumo do assombro e do temor dos seres humanos diante do
mundo e uma explicação necessária das coisas da vida.
A lenda é uma narrativa baseada na tradição oral e
de caráter maravilhoso, cujo argumento é tirado da tradição de um dado lugar.
Sendo assim, relata os acontecimentos numa mistura entre referenciais
históricos e imaginários. Um sistema de lendas que tratem de um mesmo tema
central constitui um mito (mais abrangente geograficamente e sem fixação no
tempo e no espaço).
A lenda tem caráter
anônimo e, geralmente, está marcada por um profundo sentimento de fatalidade.
Tal sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o
que não se pode lutar e demonstra o pensamento humano dominado pela força do
desconhecido.
O folclore brasileiro é rico em lendas regionais.
Destacam-se entre as lendas brasileiras os seguintes títulos: "Boitatá",
"Boto cor-de-rosa", "Caipora ou Curupira",
"Iara", "Lobisomem", "Mula-sem-cabeça",
"Negrinho do Pastoreio", "Saci Pererê" e "Vitória
Régia".
Nas primeiras idades do mundo, os homens não
escreviam. Conservavam suas lembranças na tradição oral. Onde a memória
falhava, entrava a imaginação para supri-la e a imaginação era o que povoava de
seres o seu mundo.
Todas as formas expressivas nasceram, certamente, a
partir do momento em que o homem sentiu necessidade de procurar uma explicação
qualquer para os fatos que aconteciam a seu redor: os sucessos de sua luta
contra a natureza, os animais e as inclemências do meio ambiente, uma espécie
de exorcismo para espantar os espíritos do mal e trazer para sua vida os atos
dos espíritos do bem.
A lenda, em especial as mitológicas, constitui o
resumo do assombro e do temor do homem diante do mundo e uma explicação
necessária das coisas. A lenda, assim, não é mais do que o pensamento infantil
da humanidade, em sua primeira etapa, refletindo o drama humano ante o outro, em
que atuam os astros e meteoros, forças desencadeadas e ocultas.
A lenda é uma forma de narrativa antiquíssima, cujo
argumento é tirado da tradição. Relato de acontecimentos, onde o maravilhoso e
o imaginário superam o histórico e o verdadeiro.
Geralmente, a lenda está marcada por um profundo
sentimento de fatalidade. Este sentimento é importante, porque fixa a presença
do Destino, aquilo contra o que não se pode lutar e demonstra irrecusavelmente,
o pensamento do homem dominado pela força do desconhecido.
De origem muitas vezes anônima, a lenda é
transmitida e conservada pela tradição oral.
O gênero poético tem uma configuração distinta dos
demais gêneros literários. Sua brevidade, aliada ao potencial simbólico
apresentado, transforma a poesia em uma atraente e lúdica forma de contato com
o texto literário.
Há poetas que quase brinca com as palavras, de modo
a cativar as crianças que ouvem, ou leem esse tipo de texto. Lidam com toda uma
ludicidade verbal, sonora e musical, no jeito como vão juntando as palavras e acaba
por tornar a leitura algo muito divertido.
Como recursos para despertar o interesse do pequeno
leitor, os autores utilizam-se de rimas bem simples e que usem palavras do
cotidiano infantil; um ritmo que apresente certa musicalidade ao texto;
repetição, para fixação da ideias, e melhor compreensão dentre outros.
Alguns autores
da Literatura Infantil
·
Célebre fabulista grego, provavelmente nascido pelo ano de
620 a. C.
Segundo o historiador Heródoto, Esopo teria nascido
na Trácia, região da Ásia Menor, tornando-se escravo na Grécia. Outro
hstoriador, Heráclites do Ponto, afirma ser o roubo de um objeto sagrado a
causa da morte do fabulista. Como era costume no caso de sacrilégios, Esopo
teria sido atirado do alto de um rochedo.
Discute-se a sua existência real, assim como
acontece com Homero. Assim, há ainda alguns detalhes atribuídos à biografia de
Esopo, cuja veracidade não se pode comprovar: seria aleijado, dificuldades de
fala e seria um protegido do rei Creso.
Levanta-se a possibilidade de a obra esopiana ser
uma compilação de fábulas ditadas pela sabedoria popular da antiga
Grécia. Seja lá como for o realmente importante é a imortalidade das fábulas a
ele atribuídas.
As primeiras versões escritas das fábulas de Esopo
datam do séc. III d. C. Muitas traduções foram feitas para várias línguas, não
existindo uma versão que se possa afirmar ser mais próxima da primordial.
Destaca-se, entre os estudiosos da obra esopiana, Émile Chambry, profundo
conhecedor da língua e da cultura gregas. Chambry publicou, em 1925, Aesopi -
Fabulae em que trabalha com 358 fábulas.
Características das fábulas esopianas:
- Narrativas, geralmente,
curtas, bem-humoradas e relacionadas ao cotidiano.
- Encerram em si uma linguagem
simples, pois se dirigem ao povo.
- Apresentam-se repetições
vocabulares num texto em prosa
- Contêm simples conselhos
sobre lealdade, generosidade e as virtudes do trabalho.
- A moral é representada por
um pensamento, nem sempre relacionada diretamente à narrativa.
- Personagens são,
basicamente, animais que apresentam comportamento humano.
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Séc. XVII Absolutismo e Classicismo.
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Contemporâneo do fabulista
gaulês La
Fontaine, Charles Perrault sempre viveu
em Paris e morreu aos 75 anos. O poeta da Academia Francesa não atuou
exclusivamente no mundo das letras. Além de trabalhar como advogado tornou-se
superintendente de construções do Rei Sol Luís XIV, posição política em que se
destacou ao lado do ministro Colbert.
Membro da alta burguesia, Perrault foi imortalizado
por criar uma literatura de cunho popular que caiu no gosto infantil e contou
também com a aprovação dos adultos. Com pouco mais de 50 anos, trocou o serviço
ativo pela educação dos filhos. Movido por esse desejo, começou a registrar as
histórias da tradição oral contadas, principalmente, pela mãe ao pé da lareira.
Com quase 70 anos, publicou um livro de contos
conhecido, na época, como "contos de velha", "contos da
cegonha" ou "contos da
mamãe gansa", sendo o último o título
por que ficou conhecida a obra em todo o mundo. A primeira edição, de onze de
janeiro de 1697, recebeu o nome de "Histórias ou contos do tempo passado
com moralidades", que remete à famosa moral da história presente ao final
de cada texto.
Com redação simples e fluente, as histórias eram
adaptações literárias que traziam ao final conceito morais em forma de verso.
Essa perspectiva promove, desde a fase inicial, na chamada literatura infantil
a existência de um teor pedagógico associado ao lúdico.
Os "Contos da mamãe gansa" se constituem
de uma coletânea de oito histórias, posteriormente acrescidas de mais três
títulos, ainda que num manuscrito de 1695, só encontrado em 1953, constassem
apenas cinco textos. Os contos que falam de princesas, bruxas e fadas trazem
histórias que habitam até hoje o imaginário infantil como "A Bela
Adormecida", "Chapeuzinho Vermelho", "Cinderela",
dentre outros.
Hans
Christian Andersen (1805-1875)
séc. XIX Romantismo
séc. XIX Romantismo
Célebre poeta e novelista dinamarquês, nascido em 2 de abril de 1805.
Era pobre, meio desajeitado e alto demais para sua idade quando criança. Há a
hipótese de que, ao escrever "O patinho
feio", o autor tenha se
inspirado em sua própria infância.
Andersen nasce no mesmo ano em que Napoleão
Bonaparte obtinha suas primeiras vitórias decisivas. Assim, desde menino, vai respirar
a atmosfera de exaltação nacionalista. A Dinamarca também se entrega à
descoberta dos valores ancestrais, não com o espírito de autoafirmação
política, mas no sentido étnico, de revelar o caráter da raça. Tal como fizeram
os Irmãos Grimm. Andersen foi um escritor que se preocupou, essencialmente, com
a sensibilidade exaltada pelo Romantismo.
Entre os títulos mais divulgados de sua obra estão:
"O patinho
feio"; "O soldadinho de
chumbo"; "A roupa nova do Imperador", "A sereiazinha"
e "João e Maria".
Embora entre suas estórias haja muitas que se
desenrolam no mundo fantástico da imaginação, a maioria está presa ao
cotidiano. Andersen teve a oportunidade de conhecer bem os contrastes da abundância
organizada, ao lado da miséria sem horizontes. Ele mesmo pertenceu a essa faixa
social. Andersen vai tornar mais explícito os padrões de comportamento exigidos
pela Sociedade Patriarcal, Liberal, Cristã, Burguesa que então se consolidavam.
A par desses valores éticos, sociais, políticos e culturais... Que regem a vida
dos homens em sociedade, Andersen insiste, também, no comportamento cristão que
devia nortear pensamentos e ações da humanidade, para ganhar o céu...
Foi, assim, a primeira voz autenticamente romântica
a contar estórias para as crianças e a sugerir-lhes padrões de comportamento a
serem adotados pela nova sociedade que se organizava. Na ternura que ele
demonstra, em suas estórias, pelos pequenos e desvalidos, encontramos a
generosidade humanista e o espírito de caridade próprios do Romantismo. No
confronto constante que Andersen estabelece entre o poderoso e o desprotegido,
o forte e o fraco, mostrando não só a injustiça do poder explorador, como,
também, a superioridade humana do explorado, vê a funda consciência de que
todos os homens devem ter direitos iguais.
É considerado o precursor da literatura infantil
mundial. Em função da data de seu nascimento, comemora-se em dois de abril o
Dia Internacional do Livro Infanto-Juvenil. O prêmio internacional mais importante
na literatura infanto-juvenil é conferido pela International Board on Books fou
Young People - IBBY. Esta premiação é representada pela medalha Hans Christian
Andersen. Em 1982, Lygia Bojunga foi a primeira representante brasileira a ser
contemplada com esta medalha.
Ziraldo
(1932...)
OBRA - Contemporaneidade
O mineiro de Caratinga Ziraldo Alves Pinto nasceu no dia 24 de outubro
de 1932. Apesar da idade e dos cabelos grisalhos, o escritor e ilustrador
mantém até hoje o espírito do menino maluquinho que virou um cara legal.
O mundo das letras não é novidade para ele, pois
desde a infância a leitura o fascinava. Na escola, no interior de Minas, era
ótimo aluno. Até o seu nome advém de um jogo de palavras, pois foi constituído
a partir das sílabas dos nomes dos pais: Zizinha e Geraldo.
Na década de 50, começou a trabalhar em jornais e
revistas, mas foi nos anos 60 que aflorou o escritor, com o surgimento da
revista A turma do Pererê. Um marco em sua carreira e na história do Brasil foi
a criação do conhecido jornal O pasquim, que durou 20 anos e marcou época. Com
o grupo de O pasquim, Ziraldo manifestava o inconformismo diante de atitudes
principalmente da ditadura militar que vigia no Brasil da época.
Ex-editor de jornal, chargista, quadrinista,
cartunista, atualmente, é escritor/ilustrador e faz inúmeras palestras para
professores, alunos e leitores em geral.
A obra de Ziraldo mescla palavras e imagens de
forma harmônica e convida o leitor à reflexão sobre a realidade. Por vezes, o
olhar é conduzido para simples partes do corpo como o umbigo Rolim e o joelho
Juvenal que se tornaram personagens principais de estórias. A proposta
principal é que uma parte do corpo, por menor que seja, pode sozinha não
parecer tão importante, mas no conjunto do funcionamento ela se torna
fundamental. Com certeza, manifesta-se nessa perspectiva o posicionamento político
e democrático que marca a obra desse escritor maluquinho.
Francês de origem burguesa, nascido na região de Champagne, foi autor de
contos, poemas, máximas, mas com as fábulas ganhou notoriedade mundial.
Resgatando fábulas do grego Esopo (século VI a. C.) e do romano Fedro (século I
d. C.), os textos de La Fontaine não apresentam grande originalidade temática,
mas recebem um tempero de fina ironia. O autor francês não só tornou mais
atuais as fábulas de Esopo, como também criou suas próprias, dentre elas
"A cigarra e a formiga" e "A raposa e as uvas".
Contemporâneo de Charles
Perrault, frequentava a corte do Rei Sol
- Luís XIV, de onde extraiu informações para sua crítica social. Integrou o
chamado "Quarteto da Rue du Vieux Colombier", composto também por
Racine, Boileau e Molière. Participou da Academia Francesa com ingresso em
1683, em que sucedeu o famoso político Colbert, a quem se opunha
ideologicamente.
Estreou no mundo literário em 1654 com uma comédia.
A publicação da primeira coletânea de fábulas data de 1668, sucedida de mais
11, lançadas até 1694. No prefácio dessa primeira coletânea, deixa bem clara
suas intenções na constituição dos textos: "Sirvo-me de animais para
instruir os homens."
Morre aos 73 anos sendo considerado o pai da fábula
moderna. As narrativas de La Fontaine estão permeadas de pensamentos
filosóficos com forte moralidade didática e, apesar de tão antigas, mantêm-se
vivas até hoje.
IRMÃOS GRIMM: JACOB E WILHELM
Inseridos num contexto histórico alemão de resistência às conquistas
napoleônicas; os Irmãos Grimm recolhem diretamente da memória popular, as
antigas narrativas, lendas ou sagas germânicas, conservadas por tradição oral.
Buscando encontrar as origens da realidade histórica germânica, os
pesquisadores encontram a fantasia, o fantástico, o mítico em temas comuns da
época medieval. Então uma grande Literatura Infantil surge para encantar
crianças de todo o mundo.
Tinham dois objetivos básicos com a pesquisa:
- Levantamento de elementos linguísticos
para fundamentação dos estudos filológicos da língua alemã;
- Fixação dos textos do
folclore literário germânico, expressão autêntica do espírito da raça.
O primeiro manuscrito da compilação de histórias
data de 1810 e apresentava 51 narrativas. Em sua primeira edição, a compilação
foi intitulada "Histórias
das crianças e do lar" e já
contava com mais algumas histórias. A quinquagésima edição, última com os
autores vivos, já totalizava 181 narrativas. Algumas dessas estórias são de
fundo europeu comum, tendo sido também recolhidas por Perrault, no séc. XVII, na França (o que remete à
existência de uma fonte comum).
Na tradição oral, as histórias compiladas não eram
destinadas ao público infantil e sim aos adultos. Foi os Irmãos Grimm que as
dedicaram às crianças por sua temática mágica e maravilhosa. Fundiram, assim,
esses dois universos: o popular e o infantil. O título escolhido para a
coletânea "Histórias das crianças e do lar" já evidencia uma
proposta educativa. Alguns temas considerados mais cruéis ou imorais foram
descartados do manuscrito de 1810.
O Romantismo trouxe ao mundo um sentido mais
humanitário. Assim, a violência (presente nos Contos de Perrault) cede lugar a um humanismo, onde se destaca o
sentido do maravilhoso da vida. Perpassam pelas histórias, de forma suave, duas
temáticas em especial: a solidariedade e o amor ao próximo. A despeito dos
aspectos negativos que continuam presentes nessas estórias, o que predomina,
sempre, são a esperança e a confiança na vida.
Ex: Confrontando os finais da estória do "Chapeuzinho
Vermelho"; em Perrault (que termina com o lobo devorando a menina e
a avó) e em Grimm (aonde o caçador chega, abre a barriga do lobo, deixando que
as duas vivessem vivas e felizes; enquanto o lobo morria com a barriga cheia de
pedras que o caçador ali colocou...).
Vários críticos afirmam serem as histórias dos
Grimm incentivadoras do conformismo e da submissão. Ainda assim, as
permanências dessas narrativas, oriundas da tradição oral, justificam o
destaque conferido a estes autores alemães.
Nos Contos de Grimm não há, propriamente, contos-de-fadas, distribuem-se
em:
- Contos-de-encantamento
(estórias que apresentam metamorfoses, ou transformações, por
encantamento, a maioria);
- Contos maravilhosos (estórias que
apresentam o elemento mágico, sobrenatural, integrado naturalmente nas
situações apresentadas);
- Fábulas (estórias vividas por
animais, algumas);
- Lendas (estórias ligadas ao
princípio dos tempos, ou da comunidade, e onde o mágico aparece como
"milagre" ligado a uma divindade);
- Contos de enigma ou mistério
(estórias que têm como eixo um enigma a ser desvendado);
- Contos jocosos (humorísticos
ou divertidos).
A característica básica de tais narrativas
(qualquer que seja sua espécie literária) é a de apresentar uma problemática
simples: um só núcleo dramático.
A repetição, ou reiteração, juntamente com a
simplicidade de problemática e da estrutura narrativa, é outro elemento
constitutivo básico dos contos populares. Da mesma forma que a elementaridade,
ou simplicidade da mente popular, ou da infantil, repudia as estruturas
narrativas complexas (devido à dificuldade de compreensão imediata que elas
apresentam), também se desinteressam da matéria literária que apresente
excessiva variedade, ou novidades que alterem continuamente as estruturas
básicas já conhecidas.
Essa reiteração dos mesmos esquemas, na literatura
popular-infantil, vai, pois, ao encontro da exigência interior de seus
leitores: apreciarem a repetição das "situações conhecidas", porque
isso permite o prazer de conhecer, por antecipação, tudo o que vai acontecer na
estória. E mais, dominando, a priori, a marcha dos acontecimentos, o leitor
sente-se seguro interiormente. É como se pudesse dominar a vida que flui e lhe escapa..
Monteiro Lobato (1882 -
1945)
Foi Lobato que, fazendo a herança do passado
submergir no presente, encontrou o novo caminho criador de que a Literatura
Infantil brasileira estava necessitando.
Seu sucesso imediato entre os pequenos leitores
ocorreu de um primeiro e decisivo fator: a realidade comum e familiar à
criança, em seu cotidiano, é, subitamente, penetrada pelo maravilhoso, com a
mais absoluta verossimilhança e naturalidade. Com o crescimento e
enriquecimento do fabuloso mundo de suas personagens, o maravilhoso passa a ser o elemento integrante
do real. Assim é que
personagens "reais" (Lúcia, Pedrinho, D. Benta, Tia Nastácia, etc.) têm o mesmo valor das personagens "inventadas" (Emília, Visconde de Sabugosa e todas as personagens que povoam o universo
literário lobatiano).
A vasta produção de Lobato, na área de Literatura
Infantil, engloba obras originais, adaptações e traduções. Dentre os originais estão:
"A Menina do Nariz Arrebitado"; "O Saci"; "Fábulas do
Marquês de Rabicó"; "Aventuras do Príncipe"; "Noivado de
Narizinho"; "O Pó de Pirlimpimpim"; "Reinações de
Narizinho"; "As Caçadas de Pedrinho"; "Emília no País da
Gramática"; "Memórias da Emília"; "O Poço do
Visconde"; "O Pica-pau Amarelo" e "A Chave do Tamanho".
Nas adaptações, Lobato preocupou-se com um duplo
objetivo: levar às crianças o conhecimento da tradição, o conhecimento do
acervo herdado e que lhes caberá transformar; e também questionar, com elas, as
verdades feitas, os valores e não valores que o tempo cristalizou e que cabe ao
presente redescobrir e renovar. Nesse sentido, merecem destaque: "D.
Quixote das Crianças"; "O Minotauro" e a mitologia grega na
série "Os Doze Trabalhos de Hércules".
Seu trabalho como tradutor foi extremamente
fecundo, foram numerosíssimas as obras importantes traduzidas, das quais
merecem especial relevo: "Alice no País das Maravilhas" de Lewis
Carroll; "O Lobo e o Mar" de Jack London; "Pollyana" e
"Pollyana Moça" de Eleanor Porter; "Novos Contos" de Andersen e "Contos de Fadas" de Perrault.
A genialidade e singularidade de Monteiro Lobato
foram mostrar o maravilhoso como possível de ser vivido por qualquer um. Com
a
mistura do mundo imaginário com a realidade concreta, ele mostra, no mundo
cotidiano, a possibilidade de ali acontecerem aventuras maravilhosas que, em
geral, só eram possíveis nos
contos de fadas, ou no mundo da fábula, e, mesmo assim, vividas por seres extraordinários.
Se há algo que Lobato sempre recusou em seus textos
foi o sentimentalismo tão em voga em sua época. Substituiu-o pela irreverência
gaiata, pelo humor e pela ironia. Também nas muitas adaptações que fez de
livros clássicos da Literatura Infantil, eliminou a sentimentalidade piegas.
Emília é a personagem mais importante para se compreender o universo
lobatiano. Ela revela-se como o protótipo-mirim do
"super-homem", com
sua vontade e domínio, além
de exacerbado individualismo. Como intenção de
valorização, aparece o espírito líder que caracteriza a boneca, a obstinação
com que ela sabe querer as coisas, ou como mantém seus
pontos de vistas e
opiniões. Positiva, também, são sua
incessante mobilidade e sua curiosidade
aberta para tudo.
Com intenção de sátira dos desmandos sociais, apresenta-se o
consciente despotismo com que Emília age em certos momentos.
A carioca Ana Maria Machado nasceu em 1942 no morro de Santa Teresa e
cresceu nas areias de Ipanema. Antes de se entregar ao mundo das letras,
iniciou a faculdade de Geografia e dedicou-se à pintura num curso que fez no
Museu de Arte Moderna no Rio.
As férias de infância junto com os primos e a casa
repleta de livros foram marcos importante na sua formação enquanto escritora.
Como ela mesma já declarou várias vezes, ela vive inventando histórias, algumas
ganham vida em papel e muitas delas transformaram-se em livros, aliás, muitos
livros (mais de 100). Como uma das principais figuras da revista Recreio, no começo
dos anos 70, teve participação efetiva na mudança do tratamento dado aos textos
infantis, numa continuidade à proposta lobatiana.
Ana Maria Machado foi professora, jornalista, dona
da livraria Malas artes, já fez programa de rádio e hoje vive da e para a
literatura. A produção de textos que o público infantil também pode ler foi a
origem da fama dessa escritora. A versatilidade da atual ocupante da cadeira de
número 1 da Academia Brasileira de Letras revela-se em seus romances e textos
teóricos. No ano de 2000, Ana Maria Machado recebeu, pelo conjunto de sua obra,
o prêmio internacional Hans Christian Andersen, considerado Nobel da literatura
para crianças e jovens. Os prêmios multiplicam-se e retratam a qualidade
literária não restrita à obra dita infantil de Ana Maria Machado.
Tal qual Raul, um de seus personagens mais famosos,
Ana não conseguiu manter-se omissa diante das imposições da ditadura militar e
foi presa em 1969. Diante da pressão política, exilou-se voluntariamente e
trabalhou basicamente como jornalista. O protesto em relação ao poder imposto é
uma constante em suas obras. O primeiro livro infantil publicado foi Bento que
bento é o frade, que recebeu um prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil - FNLIJ. Nessa obra, o personagem principal, Nita, questiona o que a
cerca, principalmente o considerado "natural". Como uma projeção de
si mesma, a menina Nita, ou Anita, viaja ao país dos Prequetés e traz de lá não
só questionamentos, mas também a esperança de mudanças.
A Importância da Literatura Para a Construção da Leitura
O ensino da literatura na educação infantil, mostrando a origem da literatura, sua expansão e a importância que ela tem para o desenvolvimento social, como emocional e cognitivo das crianças. A educação ao longo dos anos vem formando os indivíduos para viver em sociedade formandos sujeitos críticos honestos e cumpridos seu deveres, mas para isso faz-se necessários que as escolas também acompanhem as inovações que até então vem ocorrendo e utilizar-se desses novos meios para buscar melhorar a leitura, a escrita, a linguagem oral e também a visual ao posto que para desenvolver essa competência seja de fundamental importância que o ensino da literatura esteja presente desde os primeiros anos de vida e seguindo nas series inicial, pois é nessa fase que deve ser despertado na criança o habito pela leitura.
Mas, como despertar na criança o hábito da leitura? Além do prazer de entrar num mundo imaginário, a leitura iniciada na infância pode ser a chave para um bom aprendizado escolar. Para isso é necessário que o incentivo parta primeiramente do próprio lar já que a família constitui o grupo social com o qual ela inicia suas primeiras experiências de partilha e posteriormente venha á ser aperfeiçoado na escola, pois é na infância que a criança desenvolve a imaginação, as emoções, e sentimentos de forma prazerosa e significativa. Já na fase pré-escolar é de suma relevância a apresentar as crianças livros com bastantes ilustrações e menos textos, pois, assim elas criarão suas próprias histórias. E de acordo com o grau de desenvolvimento, ofertar a elas livros com menos ilustrações e mais textos para facilitar a aprendizagem da leitura, com isso, à medida que ela cresce irá adquirir o gosto pela leitura.
Mediante isso, sentimos a necessidade de produzir este trabalho com o objetivo de averiguar como vem ocorrendo o incentivo a leitura na educação infantil, possibilitando aos familiares e aos profissionais de ensino a investigar maneiras diversificadas de desenvolver competências, tornando o ser um sujeito ativo, responsável e que consiga compreender o mundo que o rodeia, podendo modificá-lo de acordo com suas necessidades. Diante disso percebi-se que ensino da literatura infantil, é de fundamental importância na vida do ser humano, porém deve ser trabalhada de maneira adequada, pois assim ela poderá contribuir de maneira positiva na família, nas instituições de ensino e para formação de cidadãos.
Breve relato do período histórico da Literatura Infantil
A literatura infantil surgiu durante o século XVII, época em que as mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no âmbito artístico, que persistem até os dias atuais. O aparecimento da Literatura Infantil tem características próprias, pois decorre da ascensão da família burguesa, do novo "status" concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola. Sua emergência deveu-se, antes de tudo, á sua associação com a Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se converterem em instrumento dela.
A partir do século XVIII, a criança passa a ser considerado um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, para que ela pudesse diferenciar-se dos mais velhos e receber uma educação especial, e que a preparasse para uma vida adulta. O caminho para a descoberta da Literatura Infantil, em nosso século, foi aberto pela Psicologia Experimental que, relevando a Inteligência como um elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à adolescência) e sua importância fundamental para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto.
Os primeiros livros literários eram direcionados de acordo com as classes sociais, ou seja, as crianças da nobreza liam os grandes clássicos e as mais pobres liam lendas e contos folclóricos, e somente depois é que a literatura atinge o publico infantil onde os clássicos sofreram adaptações e os contos folclóricos serviram de inspiração para os contos de fada. Os primeiros livros surgiram no século XVIII. Autores como La Fontaine e Charles Perrault escreviam suas obras, enfocando principalmente os contos de fadas. Desde então a literatura infantil foi ocupando seu espaço. Com isso novos autores foram surgindo, como Hans Chistian Anderson, os irmão Grimm Jacob, Wilhelm e Monteiro Lobato.
Até as duas primeiras décadas do século XX, as obras didáticas produzidas para a infância, apresentavam um caráter ético-didático, ou seja, o livro tinha a finalidade única de educar, apresentar modelos, moldar a criança de acordo com as expeditivas dos adultos. A obra dificilmente tinha o objetivo de tornar a leitura como fonte de prazer, retratando a aventura pela aventura. Havia poucas histórias que falavam da vida de forma lúdica, ou que fazia pequenas viagens em torno do cotidiano, ou a afirmação da amizade centrada no companheirismo, no amigo da vizinhança, da escola, da vida.
A década de 70 ficou conhecida como a época do "bom" da literatura infantil. Com a consolidação do mercado editorial, e a crescente dependência do livro com a escola, aumentou expressivamente o numero de autores produzindo para a infância. Surgem escritores marcantes como Ana Maria Machado, Sylvia Orthof, Ruth Rocha e outros.
A consolidação dos livros na forma física em que ele ainda apresenta não chama a atenção dos alunos, porém cabe ao professor fazer este livro se tornar um grande amigo dos pequenos leitores na pré-escola Freire (1999).
Percebe-se que está nas mãos do professor o sucesso do aprendizado escolar. Segundo Meirelles (2010), num país como o Brasil, a escola tem um papel fundamental para garantir o contato com os livros, desde a primeira infância: manusear as obras encantar-se com as ilustrações e começar a descobrir o mundo das letras. É nas salas de educação infantil que o professor, deve apresentar os diversos gêneros a turma. Nessa fase o que importa é deixar-se levar pelas histórias sem nenhuma preocupação em ensinar literatura.
Percebe-se que a importância de se contarem histórias para as crianças é enorme, pois ao ouvir uma história elas vibram e se emocionam com as personagens, assim elas começam a desenvolver a sua capacidade criadora de brincar, de inventar e de se expressar através de várias situações que aparecem nas histórias.
A importância da literatura infantil na escola
Para trabalhar a literatura na educação infantil não é necessário que os professores se preocupem em ensinar literatura basta que os mesmo disponibilizem livros apropriados para as crianças de acordo com sua faixa etária, trabalhando com história que possibilitem a criança a viajar num mundo de encanto e cheios de surpresas, além de propiciar aos alunos bons momentos e novos conhecimentos; deve-se também criar a "Hora do conto" onde as crianças terão a oportunidade de ler histórias, fazer empréstimos de livros nas bibliotecas, mostrando que a leitura não deve ser vista como uma tarefa escolar, mas como um hábito que fará parte da sua vida.
Como trabalhar a literatura infantil
Sabemos que os conteúdos que os livros apresentam servem tanto para divertimento como também para explorar temas os mais diversos, ligados direta ou indiretamente às áreas de conhecimentos e aos temas transversais, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais. Trabalhar com histórias permitem as crianças viajar num mundo imaginário, alem de propiciar bons momentos e novos conhecimentos.
Trabalhar com a "hora do conto" é uma ótima opção em virtude de a criança ter a oportunidade de ler histórias, emprestar livros e também dramatizar as histórias lidas, por isso é de fundamental importância criar este momento no âmbito escolar. Ao escolher o livro deve ser aproveitado o tema de um projeto que esteja sendo trabalhado e também dar a oportunidade para que os próprios alunos escolham o livro de suas preferências. Ou escolher um livro que eles não conheçam, pois, sendo uma novidade, estará criando um tema de suspense.
Como escolher as histórias
Alguns aspectos devem ser levados em consideração com relação ao conteúdo, enredo, linguagem, texto, personagem e gênero de preferência. Pois, o professor deve trabalhar os tipos de histórias que as crianças preferem e de acordo com a faixa etária. Até quatro anos a preferência é pelo gênero de histórias de vida real, os textos têm que ser bem curtos, com poucas palavras e, de preferência, com expressões repetidas.
Quando o professor trabalhar a metodologia por meio de gravuras deverá ser bem grande, porque as crianças pequeninas ainda têm dificuldade em perceber detalhes. As gravuras devem predominar sobre o texto. Entre quatro e cinco anos, ainda é grande o interesse pela história da vida real que apresentem aspectos da vida do lar e da família, mas a preferência pelas histórias de bichinhos humanizados começa a se manifestar claramente. O texto ainda dever ser curto e com muitas expressões repetidas. Já entre cinco e seis anos o gênero de preferência é notadamente o de bichinhos humanizados, mas surge o interesse da história de vida real. Nesta fase começa a manifestar-se o interesse pelo o mundo da fantasia e histórias de encantamento, entre essa faixa etária a criança começa a manifestar grande predileção por textos ritmados e adoram ouvir, acompanhar o professor e repetir sozinhas histórias ritmadas, principalmente se humorísticas.
Como apresentar as histórias
A apresentação da história deve ser variada, usando-se, no entanto, com frequência, o próprio livro. A variação objetiva enriquece a experiência da criança, colocado-a em contato com diversos tipos de material e despertando-a para diferentes tipos de expressão. Devem-se levar em conta as variedades mais comuns que são: livros com ilustrações, historietas ritmadas, livros de argolas, projeção de transparência, flanelógrafo, teatrinhos, histórias com interferência, cineminha, entre outros.
Literatura Infantil e Educação
Dentro do contexto da literatura infantil, a função pedagógica implica a ação educativa do livro sobre a criança. De um lado, relação comunicativa leitor-obra, tendo por intermédio o pedagógico, que dirige e orienta o uso da informação; de outro, a cadeia de mediadores que interceptam a relação livro-criança: família, escola, biblioteca e o próprio mercado editorial, agentes controladores de usos que dificultam à criança a decisão e a escolha do que e como ler. (OLIVEIRA, 1998, p. 13)
As literaturas Infantis nesse universo escolar têm como finalidade reforçar esses conhecimentos adquiridos anteriormente, e dar novos conhecimentos à criança. Essa literatura é transmitida oralmente à criança através das histórias, e têm como objetivo conduzir a criança na arte da boa leitura, na compreensão daquilo que lê da pronúncia e articulação, no enriquecimento do vocabulário e dar maior conhecimento à língua vernácula, facilitando com isso os meios de expressão falada e escrita, também proporcionar um crescimento cultural, despertar valores, éticos, morais e espirituais na criança.
Ler histórias para crianças, sempre, sempre... É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a ideia do conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento...
Ensinar o “ato” de ler, por meio da Literatura Infantil, não é simplesmente ensinar a criança a ler o mundo, mas sim um “ato” de amor, uma vez que, “Literatura é arte. Foi à maneira mais bonita que a palavra encontrou para expressar-se verbalmente bela”.
A literatura mexe com a imaginação, pensamento e ajuda na formulação de idéias, visto que, um homem evoluído tem mente evoluída, e esta é a tarefa principal da Literatura Infantil, formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres nesta sociedade.
Desta forma, cabe ao professor, rever a literatura utilizada na sua escola, afastando da sua prática a literatura de cunho pedagógico, pois ela tem a finalidade de ensinar mediante normas contidas em suas histórias, tendo sempre um final moralizante.
10 atividades para estimular a leitura nas crianças
Como complemento do exercício da leitura existe algumas atividades que podem tornar o processo mais lúdico e dinâmico.
1- CONTOS
Relato Oral – Contos.
Como proceder:
·
Abrir as portas à
fantasia;
·
Dar conhecimento de outros
costumes e tradições;
·
Apresentar as dificuldades forma
simples;
·
Transmitir a forma de ver o
mundo que cada povo conserva ao longo do tempo;
·
O conteúdo escolhido deve ser do
agrado do narrador;
·
Deve haver identificação com o
público;
·
O contador tem que dominar bem a
narração;
·
O conto deve seguir uma ordem
lógica;
·
Ele deve ser simples, claro,
direto;
·
A leitura pode ser realizada
dentro da sala de aula;
·
Pode ser capítulo a capítulo,
criando uma atmosfera de suspense e mistério.
2 – MUSEU DOS CONTOS
·
As crianças são instruídas a levar
objetos que aparecem nos contos que elas ouvem em sala.
·
Evitar objetos de plástico,
comprados, sendo, preferencialmente, os objetos usados, antigos.
·
Recolhidos os objetos faz-se uma
ficha com os dados do objeto e respectivo dono. A entrada no museu dos contos
será mediante uma retribuição que poderá ser a entrega de uma poesia, um trava
língua, uma adivinha.
3 – ÁLBUM DE FIGURINHAS
·
Populariza as personagens;
·
Selecionam-se os livros da biblioteca que farão parte do álbum;
·
Desses títulos, os alunos
retirarão os livros do seu agrado;
·
Cria-se o álbum;
·
Distribuem-se as figurinhas,
conforme o critério que o professor adotar, sorteio, por exemplo;
·
Depois é aferir: quem ler mais,
ganha mais cromos e fica mais próximo de completar o álbum;
·
Estimular não apenas a
competição, mas a curtição da atividade.
4 – VISITA DE UM AUTOR
·
Pode ser um
Autor/ilustrador;
·
Conhecer o trabalho deles,
explicar a necessidade e importância da leitura.
5 – CONTO PROIBIDO
·
Aguçar a curiosidade;
·
Havendo suficiente interesse, o
professor lerá alguma coisa como aperitivo;
·
E vai repetindo a leitura até
levar o livro, devolvido, para a biblioteca.
6 – MALETA DO INDIANO
·
Maleta velha com objetivos
variados e exóticos;
·
Constrói-se uma narrativa com os
objetos;
·
Objetos podem ser substituídos
por cartas, ilustrações, poemas.
7 – CONTOS DOS AVÓS
·
Fazer os mais velhos contarem
tradições. Reavivar a tradição oral.
·
Utilizar as dicas dos contos.
8 – BRUXAS, PIRATAS, DRAGÕES
·
Personagens fantasiados
visitam inadvertidamente a escola;
·
Cria-se uma atmosfera
lúdica.
9 – JORNADAS LITERÁRIAS
·
Cartazes dramatizações visitas à
biblioteca municipal;
·
Organizar oficinas de escrita,
leitura, recitações, contar contos.
·
A poesia deve invadir a atmosfera
sob diversas formas.
10 – LIVRO-FÓRUM
·
Escolhe-se cuidadosamente um
título;
·
O livro tem que ser lido por
todos os participantes;
·
Professor/animador em dia e
local previamente ajustados coloca as questões, estimulando a participação.
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